Em entrevista à mídia vaticana, Dom Paolo Borgia recorda tragédia no Líbano, ocorrida há cinco anos, e pede justiça para familiares das vítimas
Da Redação, com Vatican News
Escombros no porto de Beirute após explosão em 4 de agosto de 2020 / Foto: Reprodução Reuters
O Núncio Apostólico no Líbano, Dom Paolo Borgia, concedeu uma entrevista à mídia vaticana sobre a explosão no porto de Beirute, que completa cinco anos nesta segunda-feira, 4. A tragédia deixou mais de 200 mortos e cerca de 6.500 feridos, e é uma das maiores explosões não nucleares da história.
Neste domingo, 3, foi realizada uma vigília de oração em memória das vítimas. Durante o evento, Dom Borgia leu uma mensagem enviada pelo Papa Leão XIV, na qual o Pontífice assegurou sua proximidade ao povo libanês e suas orações.
Na entrevista, o Núncio definiu a vigília como um momento muito tocante. Ele indicou que o encontro aconteceu na praça em frente à igreja de Nossa Senhora do Livramento, local próximo ao porto e que foi um dos mais afetados pela explosão.
“Houve um momento de oração, com a presença de familiares das vítimas e feridos. Em seguida, houve vários depoimentos e uma marcha silenciosa até um jardim na estrada portuária, onde 75 árvores com os nomes das vítimas foram plantadas nos últimos dias. Mais árvores serão plantadas posteriormente”, relatou Dom Borgia.
Proximidade da Santa Sé
Comentando sobre a mensagem enviada pelo Santo Padre, o Núncio destacou a proximidade do Pontífice e da Santa Sé, que sempre demonstrou interesse para com as vítimas e as famílias ao longo dos anos. Exemplo disso, recordou, é o encontro do Papa Francisco com uma delegação de parentes das vítimas no ano passado em Roma.
“Naquele dia, estavam presentes parentes dos mortos, mas também dos feridos e os próprios feridos graves”, relatou Dom Borgia. “O Papa lançou novamente o apelo por justiça e verdade que a família vem pedindo há cinco anos”, relembrou, frisando que “Interesses conflitantes pesam sobre a situação, mas a verdade e a justiça devem prevalecer sobre tudo”.
Verdade e justiça
O Núncio indicou que as investigações estão na fase preliminar de ouvir testemunhas, mas isso ainda exigirá um longo caminho. Contudo, espera que isso possa ser concluído em breve. “São mortes que ainda não têm razão nem explicação, e isso pesa no país inteiro”, salientou.
Em meio aos conflitos e às dificuldades enfrentados pelo Líbano, Dom Borgia reconheceu que o momento atual é uma provação para o país. Por outro lado, “é claro que sempre há esperança de que a paz prevaleça, de que a paz possa ser alcançada dentro do país e em suas fronteiras”, manifestou.
“O caminho não é fácil, é um caminho complicado, mas esperamos que esses nós políticos possam ser desatados e uma solução seja encontrada em nível nacional e internacional”, concluiu.
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