APELO

Nuncio Apostólico à Ucrânia: continuamos a rezar pela paz

Dom Visvaldas Kulbokas, Nuncio Apostólico da Ucrânia, afirma que o diálogo é necessário e se faz útil especialmente do ponto de vista humanitário

Da redação, com Vatican News

Prédio destruído na capital ucraniana em ataque perpetrado pelos russos no sábado, 24 / Foto: Reprodução Reuters

O Arcebispo Visvaldas Kulbokas, Núncio Apostólico na Ucrânia, repetiu o apelo do Papa Leão XIV na Audiência Geral desta quarta-feira, 28, enfatizando a necessidade de conversão dos corações e destacando que a troca de prisioneiros demonstra que “mesmo que as questões políticas permaneçam sem solução, o diálogo é pelo menos útil do ponto de vista humanitário”.

Ao concluir a Audiência Geral com os fiéis na Praça de São Pedro, o Papa Leão apelou a todos os fiéis para que rezem pela paz na Ucrânia, para que a guerra termine, e pediu apoio internacional para os esforços de diálogo.

O Santo Padre afirmou que seus pensamentos “frequentemente se voltam para o povo ucraniano afetado por novos ataques graves contra civis e infraestrutura”, agressões brutais que, como confirmou o Núncio na entrevista a seguir, têm aumentado ao longo do tempo.

Dom Visvaldas Kulbokas, Nuncio Apostólico da Ucrânia / Foto: Reprodução Youtube

Vatican News — Excelência, após o apelo do Papa Leão pela Ucrânia na Audiência Geral, o que o senhor gostaria de dizer?
Dom Kulbokas — As palavras do Papa Leão XIV sobre os ataques às cidades e infraestruturas ucranianas, e o seu convite à oração pela paz, são muito importantes. Gostaria de destacar especialmente este último aspeto: rezar pela paz. Como o contexto é tal que estamos no quarto ano de guerra, os ataques contra cidades e infraestruturas civis não estão a diminuir, mas a aumentar. Recentemente, assistimos mesmo na capital, Kiev, a bombardeamentos contínuos todos os dias, todas as noites. Nenhum exército no mundo seria capaz de se defender de ataques tão intensos. Diante desta realidade — onde ninguém é capaz de proteger plenamente a vida, as cidades ou as infraestruturas — o apelo do Papa é rezar pela paz. Estamos ainda no mês de maio, o mês dedicado ao Rosário. Recordo sempre as palavras da Virgem Maria em Fátima: “Rezai, rezai, rezai. Através da oração vencereis a destruição e a guerra e obtereis a conversão dos corações.” Portanto, é praticamente a única arma que temos, como Igreja e como humanidade. Sou pessoalmente muito grato ao Santo Padre por este apelo.

Vatican News — Recentemente, ocorreu a maior troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia desde o início da guerra. Sabemos que a Santa Sé se preocupa profundamente com a questão dos prisioneiros. O que o senhor diria sobre essa troca?
Dom Kulbokas — Sim, de um lado, como Nunciatura, somos contatados várias vezes ao dia por famílias ou associações de famílias que buscam ajuda para encontrar seus entes queridos desaparecidos ou presos, muitos dos quais são civis. A troca que ocorreu foi muito significativa porque envolveu 1.000 prisioneiros de cada lado. É realmente uma alegria para aqueles que conseguiram voltar para casa — uma grande alegria. Sabemos que este foi o resultado, talvez o único resultado, das negociações realizadas em Istambul em 16 de maio. Portanto, embora as questões políticas não tenham sido resolvidas, o diálogo teve, pelo menos, um impacto humanitário. Este é um resultado muito bom. Certamente, a maior dificuldade diz respeito aos civis e às crianças, porque quase não há possibilidade de troca. Que troca [poderia ser realizada, ndr.]? O que a Ucrânia pode oferecer em troca? Portanto, muitas vezes, paradoxalmente, é mais fácil trocar prisioneiros de guerra militares porque a Ucrânia pode oferecer algo em troca. Este não é o caso dos civis. Portanto, precisamos intensificar tanto nossas orações quanto nossos esforços. O único problema é que é difícil ver claramente em que direção devemos concentrar nossa energia, porque parecemos estar em um beco sem saída. Alguns dos prisioneiros trocados eram civis. Fiquei feliz em ver esse aspecto. No entanto, na Ucrânia, o número de civis [russos, ndr.] restantes é muito limitado — nem remotamente comparável ao número de civis mantidos do outro lado.

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