Enquanto o Papa canonizou 14 novos santos, incluindo os 11 mártires de Damasco, o bispo Simon Faddoul elogiou três leigos maronitas, entre eles por darem testemunho da fidelidade a Cristo
Da redação, Vatican News
Na noite de 9 de julho de 1860, onze homens — oito frades franciscanos e três leigos maronitas, conhecidos como os onze mártires de Damasco — foram assassinados e, em 1926, o Papa Pio XI os beatificou. 160 anos mais tarde, o Papa Francisco os eleva à honra dos altares na Missa celebrada na Praça São Pedro neste domingo, 20 de outubro, Dia Mundial das Missões.
O bispo Simon Faddoul falou sobre a canonização que ocorreu na missa deste domingo, 20, na Praça de São Pedro. Em entrevista ao Vatican News, o bispo dos católicos maronitas na África Ocidental e Central recordou que os irmãos de sangue Francis, Mooti e Raphael Massabki foram martirizados ao lado de oito frades franciscanos em 1860 e foram canonizados com eles no domingo.
O prelado disse que os três leigos maronitas são modelos para todos os leigos, mostrando como “coragem e perseverança na fé podem render frutos na Igreja”.
Já o padre Luke Gregory, franciscano da Custódia da Terra Santa, descreveu sua canonização como um sinal de esperança em meio ao conflito em andamento no Oriente Médio.
O martírio que eles suportaram não é muito diferente da situação de muitos cristãos no Oriente Médio hoje.
Martírio: uma mensagem de ecumenismo
Damasco, localizada na Síria, é o lar de uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, mas apenas cerca de 2% da população ainda se identifica com a fé. Na última década, os cristãos têm enfrentado perseguição na Síria após a guerra civil do país, que começou em 2011.
Todos os onze homens foram canonizados, embora o grupo seja composto por diferentes ritos católicos. Em 2023, o Papa Francisco estabeleceu a “Comissão de Novos Mártires — Testemunhas da Fé” para catalogar os cristãos que morreram por sua fé em Cristo. Por meio da Comissão, vários cristãos não católicos também foram incluídos na lista de mártires, incluindo os cristãos coptas decapitados em uma praia na Líbia.
“Especialmente durante esses tempos difíceis, esse evento nos lembra de enraizar nosso povo cada vez mais em sua terra”, disse o bispo Simon Faddoul. “Olhando para trás na história, lembramos que muitos de nossos antepassados deram suas vidas por sua fé”.
Comunhão constante com Roma
O bispo Faddoul disse que esses muitos mártires maronitas dão testemunho da importância de perseverar em suas terras natais no Oriente Médio, dizendo que a terra foi “regada pelo suor e sangue de nossos antepassados”.
O bispo Faddoul lembrou que a Igreja Maronita começou por volta de 430-400 após a morte de São Maron, mas já era oficialmente reconhecida como participante do Concílio de Calcedônia em 451.
“Desde então, os maronitas têm sido fiéis a Roma e à Santa Sé. Acredito que a canonização dos mártires aproxima a Igreja Maronita da Igreja Universal.”
Como um rito oriental da Igreja Católica, a Igreja Maronita tem seu próprio papel único a desempenhar no corpo de Cristo, explicou o bispo Faddoul.
O religioso observou que a canonização de Francisco, Mooti e Rafael Massabki oferece uma oportunidade de mostrar essa unidade. “O relacionamento entre a Igreja Maronita e a Igreja Universal é fortalecido ainda mais a cada canonização que ocorre, promovendo um senso mais profundo de identificação e unidade.”
Reportagem do vídeo acima de Danúbia Gleisser e Gilberto Maia