Além da solenidade, Igreja no Brasil celebra Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas; a partir deste ano, Jornada da Juventude Diocesana será celebrada na Festa de Cristo Rei
Julia Beck
Da redação
A Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, celebrada neste domingo, 21, marca o fim do ano litúrgico e o início dos preparativos para o Advento. A partir deste ano, na solenidade também será celebrada a Jornada da Juventude Diocesana. Também na data, a Igreja no Brasil vive o Dia dos Cristãos Leigos e Leigas.
A festividade de Cristo Rei é relativamente recente, somando aproximadamente 100 anos de existência. O assessor de Liturgia da Diocese de Lorena e vigário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, padre Thales Maciel, recorda que a solenidade foi instituída pelo Papa Pio XI, em 1925.
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Este Papa publicou uma encíclica chamada “Quas Primas”. Nela o Pontífice propôs uma reflexão sobre o reinado de Cristo e sua incidência na realidade. “Ali ele caracteriza o Reino de Cristo como um Reino de justiça, paz e amor”, explica.
O assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), professor Laudelino Azevedo, e o presidente da comissão, Dom Giovane Melo, recordam que antes a data era celebrada, a cada ano, no último domingo de outubro.
“A intenção era que fosse sempre no domingo anterior ao dia primeiro de novembro, celebração de Todos os Santos. (QP, n. 28)”, escrevem o professor e o bispo. Com a reforma litúrgica, promovida pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, São Paulo VI transformou a festa em “Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”, e deu-lhe um caráter escatológico e transferiu-a para o último domingo do Ano Litúrgico.
O reinado de Jesus
Padre Thales destaca que a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo ajuda os católicos a meditarem sobre a realeza de Jesus. “Não se trata de um reinado de categorias políticas e humanas. O próprio Jesus disse: ‘O meu reino não é desse mundo’”, frisa.
O sacerdote recorda então que, nos evangelhos, dois episódios efetivamente destacam a ideia de reinado: quando Jesus é recebido em Jerusalém montado em um jumento e é aclamado como filho de Davi. Depois, na própria Paixão, quando é coroado de espinhos, os soldados colocam um manto de purpura para zombar dele.
“Quando faz sua entrada em Jerusalém para cumprir profecias, vemos a simplicidade de Jesus sob um jumento. (…) Jesus, a segunda pessoa da Trindade, se despojou de sua divindade pela kenosis, se fez homem para servir, nos dando exemplo de serviço. Ele reina servindo, dando a vida, amando. Um reino de amor”, comenta.
Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas
Professor Laudelino e Dom Giovane recordam que a vocação laical é celebrada no mês de agosto, dentro do Mês Vocacional. Em 1991, foi aprovada a celebração do Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas.
A data escolhida seguiu uma tradição da Ação Católica, a da Solenidade de Cristo Rei. “A Ação Católica foi criada também por Pio XI em 1922, em sua primeira Encíclica – “Ubi Arcano Dei”, em que ele fala da situação da humanidade, da realeza de Cristo e da necessidade de uma Organização da Ação Católica no mundo, reconhecendo e promovendo o laicato”, lembram.
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Tradicionalmente, no Dia de Cristo Rei, a Ação Católica realizava encontros, seminários, confraternizações, renovação das promessas batismais e do distintivo do movimento, apontam o professor e o bispo.
“A revelação e expansão do Reino de Deus na história é missão de todo o Corpo Eclesial, mas são os cristãos leigos e leigas que, por vocação específica, atuam nas realidades do mundo, na perspectiva do Reino”, escreveram o professor Laudelino e Dom Giovane.
O Conselho Nacional do Laicato do Brasil definiu como tema da celebração nacional a seguinte frase: “Testemunhas de Jesus libertador no compromisso com a vida”.
O assessor e o presidente da Comissão Episcopal para o laicato reafirmam: “O Cristo Rei e Senhor é quem nos liberta de todas as escravidões, que “ouve o clamor do povo, vê suas angústias e desce para salvá-lo” (Cf Ex 3, 7 ss).
Jornada da Juventude Diocesana
Também neste domingo, 21, acontece a Jornada da Juventude Diocesana. A celebração, que antes acontecia no Domingo de Ramos, foi transferida. A partir deste ano ela acontece juntamente com a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.
A mudança foi anunciada pelo Vaticano em maio deste ano. Ela foi divulgada juntamente com orientações pastorais do Papa Francisco para o evento. O documento é do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
O objetivo do documento é resgatar a importância das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) nas Igrejas particulares, as chamadas Jornadas Diocesanas da Juventude (JDJ), e ajudar na reflexão de aspectos essenciais da evangelização dos jovens.
Antes da divulgação do documento, a Jornada da Juventude Diocesana 2021 já havia sido realizada no Brasil. Sua celebração pela primeira vez na Solenidade de Cristo Rei acontecerá em 2022.
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Preparativos para o Natal
É costume e tradição entre os católicos, após a Festa de Cristo Rei que conclui o ano litúrgico, preparar e enfeitar casas e estabelecimentos para o tempo do Advento. Padre Thales comenta que é um tempo de expectativa, de espera alegre e vigilante pela vinda de Jesus.
“Essa prática de decorar as casas é algo muito relevante”, sublinha o presbítero. Os seres humanos, compostos de espírito e matéria, têm a necessidade de sinais, explica o sacerdote. “Precisamos de sinais que nos recordem, que nos indiquem o caminho”.
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O padre lembra que os sinais estão presentes desde coisas básicas na vida de homens e mulheres: no trânsito, nos relacionamentos amorosos, familiares e de amizade.
“Até o amor, que é profundo, não pode ser uma realidade apenas espiritual. Ele precisa ser visibilizado em sinais: abraço, beijo, presente, aliança. Isso tudo está na esfera dos sinais que indicam realidades interiores e espirituais profundas”, revela.
Então preparar as casas para a chegada do menino Jesus é uma prática muito saudável e que está na esfera dos sinais. O ato manifesta a espiritualidade, a interioridade da família e da pessoa. Ao mesmo tempo ele alimenta a espiritualidade.
“É uma relação circular. Ela expressa a espiritualidade, mas ao mesmo tempo alimenta essa espiritualidade. Recorda o centro do Natal porque as distrações são grandes, principalmente do ponto de vista comercial”, constata.
Tempo do Advento
Enquanto na quaresma o roxo traz a ideia de penitência, no advento a ideia é de vigilância, explica padre Thales. O presbítero relembra que a palavra “advento” significa chegada, advir, vir para junto. “Ela demonstra muito forte o que é o nosso Deus: um Deus que se movimenta, que vem para junto de nós”.
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O sacerdote destaca que o advento é um tempo de expectativa vigilante, de espera de um Senhor que veio, que vem e que virá. “Celebramos também um Jesus que virá pela segunda vez em glória”, revela. O padre lembra que as leituras deste tempo são proféticas.
“No advento nós somos chamados à oração e à vigília. Podemos acordar mais cedo para rezar, viver o sacramento da reconciliação – confissão, e também fazer a coroa do advento”, indica o presbítero.
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