Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, promovido pela ACN, será vivido este ano de forma on-line devido à pandemia
Julia Beck
Da redação
“Na sua paróquia, na sua casa, em qualquer lugar, reze pelos cristãos que são perseguidos por causa da fé”. Este é o apelo da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) para esta quinta-feira, 6 de agosto. A data, que faz parte do calendário da instituição há 6 anos – em memória dos milhares de cristãos que fugiram do norte do Iraque, em 2014, expulsos pelos extremistas do grupo Estado Islâmico -, nesse ano encontra o desafio de ser vivida em meio à pandemia da covid-19.
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O assistente eclesiástico da ACN Brasil, frei Rogério Severino, afirma que o dia será vivido de forma diferente. “Antes, vivíamos esse Dia de Oração nas celebrações em nossas comunidades e paróquias. Vamos viver sim tudo isso, mas com a participação on-line. É um dia em que vamos parar e voltar o nosso coração, o nosso pensar, o nosso agir a Deus por aqueles que precisam do nosso amor, da nossa vida e deste compromisso”, sublinhou.
Essa adaptação na vivência da data, explica o religioso, não deve fazer com que o dia seja vivido de modo indiferente, mas sim ser dedicado àqueles que sofrem, que são marcados pela dor, pela perseguição e pelo sofrimento. “Eles sofrem, mas eles são aliviados com a nossa oração, com o nosso testemunho de presença junto deles”, destacou.
Oração que promove mudanças
A oração é um dos carismas da ACN, obra que nasceu na Igreja com o intuito de buscar a reconciliação, reconstruir a paz por meio da desejável vontade de Deus de que todos possam amar e também crescer a partir da superação do ódio pelo amor. Para a fundação, este caminho de amor e paz só pode ser construído por meio da oração.
Frei Rogério revela que a ACN não vive apenas esse dia de oração no ano, mas permanentemente. “É evidente que o dia 6 de agosto ganha um relevo muito importante, porque a ACN chama para si todas as pessoas para lutarem por meio de uma arma que é aquela que desfaz todo o ódio, toda a vingança, tudo o que não edifica a própria vida. A ACN chama a atenção para que voltemos o nosso coração, o nosso olhar e nossas atitudes para uma intimidade com Deus”, comentou.
O Dia de Oração é, para os membros da fundação, um momento de não duvidar jamais que só se pode vencer tudo aquilo que não é de Deus com um vínculo com Deus, por meio da oração. “Sem a oração, nós não chegamos àquilo que Deus quer de cada um de nós”, frisa o religioso.
“A oração é uma aliada da fé e a fé é uma aliada da oração. O Senhor mesmo nos pede para que sejamos vigilantes e possamos rezar permanentemente. A oração nos desmonta, a oração tira de nós tudo aquilo que é conteúdo de indiferença, egoísmo, distanciamento da dor e do sofrimento de outro. O Senhor nos pede para que sejamos firmes na oração: ‘Batei e vos será aberto, pedi e recebereis’.
Realidade da perseguição dos cristãos
Os cristãos continuam sendo o grupo religioso mais perseguido no mundo, afirma o assistente eclesiástico da ACN Brasil. “Vamos lembrar que 80% das pessoas que sofrem perseguições por conta da fé são cristãs, para muitos ter um crucifixo no pescoço ou mesmo rezar em público pode significar uma sentença de morte”, alertou o religioso. Atualmente, frei Rogério conta que a perseguição contra os cristãos agravou-se sobretudo na África e na Ásia Meridional e Oriental, sendo esta, agora, a região mais crítica em termos de perseguição.
De acordo com o critério que a ACN utiliza para o Relatório de Liberdade Religiosa, a perseguição ocorre quando alguém não pode professar sua fé ou mudar de religião no seu país. Isso não ocorre no Brasil. O que há, como em outros países com liberdade religiosa, são episódios de intolerância religiosa, observou frei Rogério.
Com a pandemia, a situação dos cristãos perseguidos piorou em muitos casos. No Paquistão, por exemplo, há relatos que houve um aumento nos casos de violência religiosa. “Recentemente, no dia 29 de junho, o cristão Nadeem Jospeph morreu, vítima de um tiro perpetrado por um vizinho muçulmano que queria que ele se mudasse dali. No momento em que Nadeem foi alvejado, nenhum outro vizinho o socorreu. Como as atenções do mundo se voltaram para a pandemia, as minorias que estavam esquecidas foram ainda mais prejudicadas”, conta o religioso.
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Oração que impele ação
Quando foi iniciado o Dia de Oração, há 6 anos, os cristãos no Iraque viviam uma situação que parecia sem saída alguma. Hoje, muitos desses cristãos que precisaram deixar seus lares por conta da perseguição já puderam retornar.
Para incentivar os cristãos a manterem viva a oração em prol dos que sofrem perseguição, a ACN segue seus três pilares: informação, oração e ação. Segundo o assessor eclesiástico brasileiro, um cristão bem informado pode rezar por seus irmãos que sofrem a perseguição e, quem reza, sente compaixão por quem sofre e não consegue ficar indiferente, portanto, entra em ação. “É essa caminhada que permite à ACN ajudar também concretamente os cristãos perseguidos”, sublinha frei Rogério.
Nos últimos anos, a ACN criou centros de acolhidas para os cristãos perseguidos, possibilitando que as crianças e adultos seguissem com suas vidas, tendo aulas e atividades, mas também o atendimento psicológico, de saúde e pastoral. Em outras regiões, como na África, a ACN trabalha para que os seminaristas, religiosas e catequistas tenham uma formação sólida para enfrentar os desafios de seguirem sua vocação em regiões onde existe perseguição. Por fim, atualmente, a ACN envia ajuda a sacerdotes, religiosas e missionários no mundo todo para que possam manter suas atividades.