CUIDADO COM A CRIAÇÃO

Não haverá paz no mundo se não houver paz com a natureza, diz padre

Padre Dario Bossi, assessor da Comissão para a Ecologia Integral da CNBB, comenta a celebração deste Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, celebrado pela Igreja

Thiago Coutinho
Da redação

A Igreja celebra, neste 1º de setembro, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado com a Criação / Foto: Freepik.com

Neste 1º de setembro, a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. O tema deste ano, “Sementes de Paz e Esperança”, foi definido pelo já falecido Papa Francisco. Este também é o décimo aniversário da encíclica Laudato si’, além de ser ano jubilar. A data de hoje dá início ao Tempo da Criação, que se estende até 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis. 

“A nossa terra está caindo na ruína. Causas: injustiça, violação dos direitos dos povos, desigualdade e ganância”, alerta o assessor da Comissão para a Ecologia Integral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Dario Bossi. “Não haverá paz no mundo se não houver paz com a natureza. A justiça é,ao mesmo tempo, ambiental, social, econômica e antropológica. Colocar ao centro de nossas preocupações, escolher como prioridade da política, da economia e da educação o cuidado dos mais frágeis e, com eles, de nossa irmã mãe Terra”, acrescenta o padre comboniano.

O Jubileu e o Tempo da Criação

Embora o tema tenha sido definido por Francisco, foi Leão XIV quem escreveu a mensagem para este ano. Questionado sobre como o Papa Leão vincula o Jubileu de 2025 ao fortalecimento do Tempo da Criação, padre Dario reforça que o Pontífice traz unidade na caminhada da Igreja e na espiritualidade católica e conecta, desta maneira, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, 10 anos da Laudato Si’ e o Jubileu.

“Também a CNBB aprofundou o vínculo entre Ecologia Integral e Jubileu — três dias de estudo”, recorda o sacerdote. “Jubileu, conforme o ensinamento do livro do Levítico, retomado em toda a tradição do povo de Deus, na profecia de Isaias e, finalmente, na missão de Jesus, é a utopia de uma sociedade reestabelecida na justiça, que repara e interrompe a escravidão, distribui as terras e combate a acumulação, cancela as dívidas e garante o descanso da terra. Tem uma dimensão profundamente ecológica do Jubileu, que se conecta ao mandamento bíblico de Genesis, também citado por Papa Leão: cultivar e guardar são os dois primeiros verbos que o Criador deixa ao ser humano, como sua missão prioritária”, pondera.

É bom reforçar, como lembra o religioso, que a espiritualidade tem uma dimensão prática — é assim que o conceito da fé chega à realidade. “Espiritualidade tem também uma dimensão prática, porque molda, motiva e direciona nossas ações, nossa ética”, afirma o assessor da CNBB. 

A Encíclica Laudato si’

Assinada pelo Papa Francisco em junho de 2015, a encíclica Laudato Si’ apresenta um ponto de vista crítico acerca do consumismo que degrada o meio ambiente e não protege a casa comum, como então Fransisco definiu o planeta que abriga a vida em seus mais diversos estágios. Uma década se passou desde sua publicação, que coincide com este dez anos do Dia de Oração pelo Cuidado da Criação.

“Trata-se de uma vocação de guardiões da obra de Deus. Nada opcional. Centro da vocação cristã”, observa padre Dario. “Palavras fortes, que confirmam o magistério do Papa Francisco e a intenção do Papa Leão continuar nesta linha, resgatando a centralidade dos pobres, conexão com toda a doutrina social da Igreja, tão evidente também no magistério de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI”.

Há um conceito nesta encíclica que reforça a responsabilidade intergeracional e imagem da semente: “são precisos anos para que a árvore dê os primeiros frutos”, como pondera o assessor para Ecologia Integral da CNBB. “Nossa esperança não depende dos resultados, que veremos ou não, mas da certeza que o que semearemos, pela graça de Deus, dará fruto a seu tempo!”, finaliza.

No Angelus deste domingo, 31, o Papa Leão XIV recordou o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. O Papa agostiniano acrescentou que “para aqueles que acreditam, a justiça ambiental é também um dever que nasce da fé, pois o universo reflete o rosto de Jesus Cristo, em quem todas as coisas foram criadas e redimidas”.

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