Atividades do Barco Hospital Papa Francisco mudou a vida dos ribeirinhos no Amazonas
Julia Beck
Da redação
Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o “Barco Hospital Papa Francisco”, uma iniciativa da Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, completa um ano de bons resultados. Em 365 dias, o Barco Hospital Papa Francisco realizou mais de 45 mil atendimentos. A secretária, Kátia Rosane do Amaral, faz parte desta estatística e conta que precisou ser atendida por profissionais do barco.
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Uma consulta com um cardiologista e o exame de eletrocardiograma foram os atendimentos recebidos por Kátia no local. A secretária revela que não só ela como a filha também precisou dos serviços médicos do barco hospital. “Recebi um atendimento de ótima qualidade. Voltaria e recomendaria!”.
Sobre os profissionais que atuam no atendimento à população no barco, Kátia é só elogios. “Estão sempre dispostos a ajudar, são superatenciosos e acolhedores. Fizeram com que nos sentíssemos bem e confortáveis, acalmando-nos e incentivando-nos a manter a fé de que tudo dará certo.”
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O barco hospital, um sonho do frei Francisco Belloti que foi impulsionado pelo Papa Francisco, conta atualmente com sete técnicos em áreas biológicas, um farmacêutico, um técnico da informação (TI), duas enfermeiras (entre elas, uma religiosa), além de oito marinheiros.
Entre a equipe do barco hospital está também a Irmã Vanessa Farinassi Ezequiel. Pertencente à Congregação das Pequenas Missionarias de Maria Imaculada, a religiosa trabalha no escritório administrativo do barco e nas expedições ajuda na triagem, cadastro, recepção, distribuição de comida, limpeza. “Defino que faço parte dos serviços gerais”, contou a religiosa aos risos.
Junto com Irmã Vanessa, Frei Joel Souza é também uma “peça” fundamental para o bom desenvolvimento dos trabalhos no barco. O religioso é responsável pela evangelização, orações, e ministração dos sacramentos no local. Além da parte espiritual, o frei faz parte também da coordenação e liderança da missão.
Um ano de atividades
“Antes do barco hospital ser implantado, as pessoas que moram nas comunidades ribeirinhas tinham pouco acesso à saúde. (…) Esta iniciativa não trouxe apenas bons médicos, e sim esperança, alegria, confiança, saúde e atendimento de qualidade”, é o que expressa Kátia Rosane.
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O sentimento de Kátia, segundo o bispo da Diocese de Óbidos, Dom Bernardo Johannes Bahlmann, é o mesmo de muitos ribeirinhos que consideraram, desde o início, o barco hospital um verdadeiro milagre. “É uma iniciativa muito feliz. (…) Muitos tiveram um atendimento que talvez nunca teriam tido”, afirmou.
“Os mais carentes têm um acesso à saúde e atendimento médico pelo SUS, tudo gratuito. A população ribeirinha não necessariamente precisa vir para o centro da cidade, pois podem ser atendidos onde moram. Muitas pessoas, principalmente idosos, também foram atendidos. Um atendimento in loco, que favoreceu e muito a nossa região”, avaliou Dom Bernardo.
Além de anular a necessidade de mobilidade, frei Joel assinala a legião de pessoas de bem e voluntários como também uma grande conquista. Para o religioso, o barco hospital é um sonho dos ribeirinhos que foi concretizado. “Somos uma resposta, diante dos anseios e dores do nosso povo”.
Irmã Vanessa recorda que havia uma grande expectativa para a chegada do barco e conta que, durante o ano de atividades, as comunidades receberam o projeto com muita alegria. “Eles – população local, viram a esperança chegando até eles. Muitos nunca haviam ido ao dentista ou realizado um exame, e o barco levou todo esse atendimento para as comunidades”.
O barco possui uma estrutura com consultórios para clínica geral, oftalmologia e odontologia, além de salas para exame de mamografia, raio-x, local para curativo, medicação, centro cirúrgico, sala para pós-cirurgia e distribuição de medicação.
Apoio da Diocese de Óbidos e doações aos ribeirinhos
Dom Bernardo afirma que a Diocese de Óbidos apoia as atividades do Barco Hospital Papa Francisco. “Ajudamos na articulação e financiamento do projeto, além de intermediarmos o contato com voluntários. A diocese coloca à disposição os seus espaços, sempre que necessário, e dá apoio ao frei Joel e à irmã Vanessa nesta iniciativa. É um trabalho árduo e garantimos um apoio amigo e espiritual”, comentou.
Além da ajuda da diocese, Irmã Vanessa revela que a iniciativa conta também com o apoio de empresas privadas. Estas ajudas, de acordo com a religiosa, garantem que o barco ofereça aos ribeirinhos não apenas consultas e exames, mas também alimentos e a doação de remédios para os tratamentos passados.
O bispo enalteceu o trabalho realizado pelos profissionais e voluntários do barco hospital e destacou que a iniciativa atende também a Arquidiocese de Santarém e a Diocese de Altamira Xingu. “O barco esteve em várias expedições ajudado e orientando muitos”.
Ajudando no enfrentamento da covid-19
O barco hospital Papa Francisco atende 11 cidades do baixo amazonas e, durante este um ano, seguiu um cronograma que previa a passagem ao menos duas vezes em cada comunidade. Com a covid-19, o atendimento do projeto sofreu uma queda em seu calendário e uma adaptação precisou ser feita em alguns atendimentos. “Neste período, os atendimentos são mais específicos, fazemos testes e distribuímos medicamentos”, contou Irmã Vanessa.
Mais que um sinal de esperança, um ato concreto
“O Barco Hospital Papa Francisco é um forte sinal de esperança, mas também um ato concreto”, destacou Dom Bernardo. Para o bispo, os atendimentos, feitos com alegria e fraternidade, devem ser encarados também como um sinal da misericórdia de Deus.
Frei Joel afirma que esse um ano de atividades do barco deve ser encarado como a concretização de uma escuta, como diz o Evangelho: “Viu sentiu Compaixão e Cuidou dele”. “A iniciativa traz sentimentos de esperança e de luz. Poder tirar a dor de alguém, fazer uma cirurgia em alguém que espera anos é o mesmo que ouvir Jesus dizendo: É a mim que fizeste”.