MIGRANTES E REFUGIADOS

Líbano: refugiados cristãos palestinos enfrentam a dor da guerra

Seis meses após o início da guerra entre Israel e o Hamas, os combates devastaram a região, deixando um rasto de destruição e sofrimento  sentido até pelas comunidades cristãs no Líbano

Da redação, com Vatican News

Refugiados palestinos vivem em uma escola administrada pela Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos / Foto: Naaman Omar – IMAGO/APAimages via Reuters Connect

Áreas do sul do Líbano são abaladas quase diriamente por explosões de fogo de artilharia ou ataques aéreos israelitas em retaliação aos ataques do Hezbollah.

O movimento xiita libanês, aliado ao Hamas palestiniano, tem assediado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, que começou em 7 de outubro, depois de o Hamas ter feito um ataque mortal em Israel.

Os ataques retaliatórios ao longo da fronteira libanesa-israelense levaram toda a comunidade internacional a temer uma expansão do conflito para o Líbano, o que apenas pioraria uma situação já difícil para a população.

Os ecos da guerra também se fazem sentir nos corações dos refugiados palestinianos no Líbano, nomeadamente nos de Dbayeh, criada em 1951, cerca de dez quilómetros a norte de Beirute. Inicialmente, o campo acolheu famílias cristãs que fugiram da Palestina em 1948.

Nos seus primeiros anos, Dbayeh compreendia apenas algumas tendas antes de estruturas de concreto serem construídas nas encostas de uma colina. Hoje, acolhe famílias de refugiados sírios desde 2011, bem como famílias palestinianas-libanesas.

“O que acontece em Gaza também é sentido aqui”

Irmã Magdalena Smet, freira da comunidade das Irmãzinhas de Nazaré, fundada na Bélgica e vivendo a espiritualidade de São Carlos de Foucauld, acompanha refugiados desde 1987, junto com outras duas irmãs belgas.

“Há muita ansiedade e raiva entre as famílias daqui”, destacou ela em entrevista ao Vatican News. “Alguns dos seus familiares ainda estão em Gaza; mudaram-se muitas vezes e estão bloqueados em Rafah. Tudo o que acontece lá é vivido aqui.”

Além da angústia diária, o campo de Dbayeh viveu uma tragédia mais directa no dia 16 de Dezembro, quando duas mulheres foram mortas por atiradores israelitas no complexo da Paróquia Católica da Sagrada Família de Gaza.

As duas vítimas eram irmã e sobrinha de um refugiado residente no campo libanês. “No Natal, metade do acampamento se vestiu de preto”, explicou Irmã Magdalena.

Georgette Masri, 38 anos, é cristã e vive em Dbayeh. Ela vive em angústia diária porque seus pais estão “presos em Rafah”, confidenciou.

“A guerra forçou-os a mudarem-se de Gaza para Khan Younis e, agora, para Rafah, onde estão escondidos”, disse Masri. “Recebo notícias deles todos os dias por telefone, porque não há Internet. É que ambos estão doentes e não conseguem encontrar medicamentos… É até difícil para eles encontrarem algo para comer.”

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