Mês Vocacional

Leigos e leigas são testemunhas de fé na Igreja e na sociedade, diz padre

No mês vocacional, sacerdote comenta vocação dos cristãos leigos e leigas; conheça testemunhos de quem se coloca a serviço da Igreja na evangelização

Julia Beck
Da redação

Leigos e leigas são sinal de Deus nas muitas realidades/ Foto: Bruno Marques – Canção Nova

A vocação dos cristãos leigos e leigas é celebrada neste domingo, 22, durante o Mês Vocacional – que acontece durante todo esse mês de agosto. Padre Gustavo Uchoa, pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida e Santo Expedito da Diocese de Lorena (SP), afirma que para compreender essa vocação é preciso entender melhor o próprio significado da palavra “leigo”.

Muitas vezes interpretada de maneira inapropriada, com base no senso comum, a palavra deriva do grego “laos”, que significa “povo”. Deste modo, o sacerdote explica que no sentido católico pode-se compreender que leigo é todo aquele que faz parte de um povo, neste caso, o povo de Deus.

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“Deste modo, ser leigo é também uma vocação específica, em virtude da vocação batismal, com a qual cada pessoa possui uma identidade na Igreja. Como os ministros ordenados e os religiosos e religiosas, os leigos e leigas também possuem uma missão própria, pela graça de Deus são dotados de carismas e ministérios para o bem da Igreja e santificação do mundo”, explica o presbítero.

Sinal de Deus nas muitas realidades   

Pároco da Igreja Nossa Senhora Aparecida e Santo Expedito, localizada em Lorena (SP), padre Gustavo Uchôa/ Foto: Arquivo Pessoal/ Padre Gustavo

Pela força do batismo, padre Gustavo pontua que os leigos e leigas participam do tríplice múnus de Cristo. “Deste modo, tornam-se sinais de Deus onde quer que se encontrem”, afirma.

Retomando os ensinamentos do Concílio Vaticano II, o sacerdote destaca a preocupação da Igreja sobre o tema do laicato. Tal questão é frisada no decreto Apostolicam Actuositatem, sobre o apostolado dos fiéis.

“Neste documento a Igreja especificou quanto à vocação dos leigos: ‘seu multíplice apostolado tanto na Igreja como no mundo’ (AA, n.9). Assim, tomar consciência da própria vocação é também assumir os desafios da missão no tempo presente”, ressalta.

Os leigos e leigas, prossegue padre Gustavo, são chamados a testemunhar a fé não só em âmbito eclesial, mas em um vasto campo de missão. São estes campos: a política, a economia, o trabalho, a educação, os meios de comunicação, enfim, o mundo.

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Dificuldades na missão de evangelizar

“Onde há um cristão, há necessariamente uma oportunidade de evangelização” – Padre Gustavo Uchoa

“Onde há um cristão, há necessariamente uma oportunidade de evangelização”, ressalta o presbítero. Entretanto, evangelizar nestes espaços nem sempre é algo fácil, pontua.

Devido à secularização e ao indiferentismo religioso, o sacerdote frisa que por vezes, anunciar a próprio fé é algo que acontece na discrição do testemunho de vida.

“Diversas vezes não serão as muitas palavras a convencer alguém acerca daquilo que se crê, mas tão somente o testemunho de fidelidade e perseverança nos valores do Evangelho”, comenta.

Pandemia

Nos tempos difíceis da pandemia, padre Gustavo sublinha que muitos párocos em suas igrejas, bem como os consagrados e consagradas, deram-se conta da importância dos leigos e leigas junto de si, engajados nas diversas atividades que realizam em suas respectivas comunidades.

A presença destes homens e mulheres batizados é fundamental na vivência da fé, destaca. “O corpo Místico de Cristo é formado de muitos membros sem os quais se torna incompleta a experiência cristã que é sempre comunitária. Como nos exorta São Paulo, somos chamados a “manter a unidade” (Ef 4,3), formando assim o povo de Deus composto da diversidade dos leigos e leigas, ministros ordenados, religiosos e religiosas”, continua. 

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A pandemia exigiu respostas diversas. O presbítero observa que leigos e leigas mantiveram a fé acesa por meio de iniciativas virtuais. Segundo ele, não faltou criatividade para que de algum modo todas as pessoas pudessem estar a par da vida da comunidade, mantendo-se unidas, celebrando, se atualizando.

“De fato, em tempos de pandemia os leigos e leigas deram grande testemunho de amor à Igreja, movimentaram-se, ajudaram a dar respostas aos desafios atuais”, afirma.

Ser Igreja

Roberta de Oliveira /Foto: Arquivo Pessoal

A nutricionista Roberta de Oliveira serve no ministério da Sagrada Comunhão Eucarística e no ministério da Palavra na Paróquia Cristo Rei, localizada em Lorena (SP). Para ela, o papel dos leigos e leigas é o de “ser a Igreja onde quer que esteja”. “É transcender as paredes físicas do templo e levar Jesus conosco, é evangelizar”.

O desejo de participar de forma mais ativa da vida da Igreja foi surgindo aos poucos. “Voltei para a Igreja depois de um tempo de afastamento. Quanto mais eu frequentava as missas e ouvia a Palavra de Deus, mais eu queria estar próxima Dele, fazer parte da comunidade”, recorda.

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Para Roberta, servir a Deus desperta o sentimento de pertença, de aconchego, de estar em casa. “Participar ativamente das atividades da Igreja me faz sentir útil, estou evangelizando e ajudando a semear a Palavra de Deus”. Na pandemia, as atividades paroquiais fizeram muita falta.

A ministra da Eucaristia lembra que foi preciso se reinventar, cuidar da acolhida dos irmãos garantindo a segurança de todos os presentes, incluir na rotina do servir todos os protocolos de higiene e distanciamento, lidar com o medo e a insegurança. Para ela foi e tem sido um grande desafio.

A evangelização não pode parar

Orlando Leandro /Foto: Arquivo Pessoal

O estudante Orlando Leandro Neto também pertence à Paróquia Cristo Rei e aponta que sem os leigos e leigas a evangelização torna-se limitada.

Desde criança o jovem conta que frequentava a igreja, mas foi só após a primeira eucaristia que sentiu muito forte no coração o desejo de servir a Deus. Atualmente, Orlando é catequista e coordena o ministério de música de sua paróquia.

“É muito gratificante estar em comunidade e ainda mais servindo a Deus. Sinto gratidão e alegria de estar ajudando e servindo a Deus”, comenta.

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Com a pandemia, o estudante relata que a catequese que era dada presencialmente foi interrompida e depois passou a ser realizada na modalidade on-line. “Nunca imaginava que eu daria um encontro de catequese pelo notebook, da sala da minha casa. No início eu estranhava, mas hoje vejo que foi uma forma de não parar a evangelização”.

Encontro com Cristo

Helena da Silva Mendonça /Foto: Arquivo Pessoal

A coordenadora pedagógica Helena da Silva Mendonça Queiroz pertence à Paróquia Nossa Senhora Aparecida, localizada em Cachoeira Paulista (SP). Para ela, é papel dos leigos e leigas testemunhar o evangelho por meio de atitudes, ser exemplo para os demais e convidar mais pessoas para participar da Igreja.

Helena faz parte do Movimento de Cursilho de Cristandade (MCC) da diocese de Lorena (SP). Ela conta que seu desejo de trabalhar no MCC surgiu em 2013, quando passava por um tratamento contra um câncer. Ela recebeu o convite para participar do encontro organizado pelo movimento.

“Eu tive um encontro pessoal com Cristo. Foi um divisor de águas na minha vida. Percebi que ali era o meu lugar: dentro da Igreja e levando o meu testemunho para as pessoas”, conta.

À medida que foi participando do MCC, Helena passou a coordenar o setor de Cachoeira Paulista do MCC. O grupo é responsável por servir em uma missa mensal na paróquia que ela pertence.

Neste tempo de pandemia, a coordenadora pedagógica afirma que as atividades do MCC foram muito prejudicadas: terços, grupos de estudo da Palavra, encontros, confraternizações. Elas passaram a ser realizadas na modalidade on-line.

Helena celebra o fato das atividades estarem retornando de forma gradativa e seguindo os protocolos sanitários.

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