Papa Francisco enfatiza cada vez a tolerância zero para os casos de violências sexuais. Nesta quarta, 18, data que recorda este combate, as comunidades de fé reafirmam compromisso de prevenção
Ronnaldh Oliveira,
Da redação
Nesta quarta-feira, 18, diversas instituições do mundo olham com aprofundamento para o Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Essa data ficou marcada internacionalmente devido à criança Areceli Crespo que, em 18 de maio de 1973, aos oito anos, foi sequestrada, violentada e assassinada no Espírito Santo.
Em 18 de maio de 2020, foi promulgada a Lei 9.970 que institui o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Diversas são as comunidades, escolas e coletivos que mobilizam a Rede de Enfrentamento ao Tráfico Humano para combater este crime que acontece diariamente em todo o mundo. Muito antes da promulgação da lei, a Igreja sempre se preocupou com a segurança dos pequeninos.
O Papa Francisco, em inúmeros pronunciamentos, já realizados em seu pontificado, exprimiu a “tolerância zero” sobre esse assunto.
“Ato inaceitável e que ofende a vida”, relata Francisco em pronunciamento conferido no Encontro “Sanando as Próprias Feridas”, ocorrido em caráter virtual, ainda em maio de 2021, organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
“Esta prática coloca em cheque o anúncio do Evangelho e o testemunho que se espera de um cristão, sobretudo padres e demais ministros ordenados”, concluiu o Santo Padre.
O papel da Igreja contra os abusos
Olhando com especial predileção para os ambientes internos da Igreja, há alguns anos a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores tem sido um espaço alternativo para tornar os ambientes eclesiais protegidos. Nelson Giovanelli dos Santos, um dos membros da Pontifícia Comissão, é brasileiro e acompanha diretamente Francisco em suas ações referentes ao tema.
No Brasil, um núcleo nacional foi criado para pensar e articular projetos, cursos, bem como conselhos locais que auxiliem o episcopado em suas dioceses nas tratativas dos casos e acompanhamento das vítimas. O Núcleo Lux Mundi é composto por uma equipe multidisciplinar de advogados, médicos, comunicadores, professores, psicólogos etc.
Tirar essa problemática debaixo do tapete mostra a transparência eclesial na luta contra este mal. O relatório anual pedido pelo Papa ao Conselho Pontifício é uma prestação de contas de todos os núcleos instituídos no mundo, zelando pelo acompanhamento das crianças, adolescentes e vulneráveis.
A data assumida pela Igreja e por toda a sociedade no Brasil leva o nome de “Faça Bonito” e a Rede Marista é que encabeça essas ações por meio da campanha “Defenda-se”, com propostas lúdicas e pedagógicas no contato direto com as crianças nas ações preventivas e, quando acontecido, com as vítimas.
Durante todo o ano, ações são pensadas na Igreja para o combate dos casos, tanto em nível social como também eclesial. Congregações religiosas, comunidades de vida e dioceses com suas diretrizes de enfrentamento e tratos preventivos articulam itinerários de construção conjunta para sanarem esse mal.