Vida e santidade

Igreja celebra Santa Gianna Beretta, testemunho de luta pela vida

“Podemos dizer que ela é uma mártir contra o aborto”, afirma o professor Felipe Aquino sobre Santa Gianna Beretta, padroeira das mães, médicos e dos nascituros

Mauriceia Silva
Da Redação

Quadro em tapeçaria de Santa Gianna pendurado na fachada da Basílica de São Pedro durante cerimônia de canonização presidida por João Paulo II em 16 de maio de 2004 / Foto: Alessia Pierdomenico via Reuters Connect

Nesta terça-feira, 28, a Igreja celebra o dia de Santa Gianna Beretta Molla, padroeira das mães, médicos e dos nascituros. Uma grande santa italiana, descrita pelo Beato Paulo VI como “uma mãe que, para dar à luz seu bebê, sacrificou a sua própria vida em uma imolação deliberada”.

Para o professor de História da Igreja Felipe Aquino, o grande testemunho que ela deixa é justamente um testemunho contra o aborto. “Nessa época em que a gente vê o aborto sendo difundido de maneira terrível, inclusive na Colômbia, onde agora a criança pode ser abortada até com seis meses, a gente fica muito triste com isso. Um país católico como a Colômbia também agora acontece essa barbaridade. Não há justificativa para o aborto, nem mesmo em caso de estupro.”

Ao dizer, “não poupem a minha vida, poupem a vida da criança”, Santa Gianna deixou para o mundo inteiro esse exemplo de defesa da vida. “Os cristãos não podem ficar alheios a essa luta contra o aborto, porque são vidas humanas que estão sendo ceifadas”, ressaltou o estudioso.

Segundo Aquino, cerca de 40 milhões de crianças são abortadas por ano no mundo, o que equivale à população da Argentina. “Algo que não tem cabimento. O sangue inocente dessas crianças chega aos céus. Eu penso que o grande exemplo que Santa Gianna Beretta Molla dá pra nós é a luta pela vida. Podemos dizer que ela é uma Mártir contra o aborto”. 

Inspiração para outras mães e esposas

O desejo de Santa Gianna de ser melhor, de ser virtuosa para a sua família, está explícito nas cartas que enviava ao seu marido. Os escritos são, até hoje, exemplo para muitas mulheres. “Quero mesmo fazê-lo feliz e ser aquela que você deseja: bondosa, compreensiva e disposta aos sacrifícios que a vida nos há de oferecer”, é um trecho do livro, Cartas de Amor de uma Santa.

A missionária Priscila Paes tem a vida de Santa Gianna como algo que a inspira todos os dias. “Como eu desejo e como eu rezo pra que eu possa ser uma mãe e esposa como Santa Gianna foi, para Pietro e para os filhos dela. Ela ficou casada durante seis anos, e nesses seis anos ela conseguiu uma família maravilhosa, e deixou um grande legado na casa dela, e esse legado ressoa até hoje”, conta a missionária.

Antes do seu casamento, Priscila descobriu ter um nódulo na mama, endometriose e um mioma no ovário. Desde então, começou a rezar com Santa Gianna, pois tinha medo de não conseguir engravidar. “Nós nos casamos em novembro de 2015, e em março de 2016, eu descobri que estava grávida. Quando fui fazer o ultrassom, descobri que tinha perdido o bebê. Foi um momento muito difícil. Foi aí que me apeguei de novo com Santa Gianna.”

Priscila tinha muito medo de engravidar e perder a criança de novo, mas dois meses depois da perda já estava grávida novamente. O casal fez a oração a Santa Gianna diariamente, durante nove meses. “Pedimos a intercessão pelo desenvolvimento da criança, para que ocorresse tudo bem. O Giovanni nasceu no dia 2 de março de 2017. Depois, tivemos uma menina, e nós decidimos que ela se chamaria Gianna Maria por causa da devoção a Santa Gianna.”

Milagre da canonização

O milagre da canonização foi alcançado por Elisabete Arcolino Comparini, casada com Carlos César, ambos da Diocese de Franca (SP). No início do ano 2000, o quarto bebê que haviam concebido começou a passar por problemas preocupantes, de forma que, no terceiro mês, a jovem mãe perdeu totalmente o líquido amniótico.

Assista:

A intercessão da então beata Gianna foi pedida, ainda no hospital, na presença do então bispo de Franca, Dom Diógenes Matthes. Elisabete se recusava a realizar um aborto como lhe foi recomendado. Levou adiante uma gravidez sem a presença de líquido amniótico, fato sem explicação científica. No dia 30 de maio de 2000, nasceu Gianna Maria, nome dado em homenagem à beata, por intercessão de quem a graça foi alcançada.

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História e curiosidades

A santa é natural de Magenta, província de Milão, na Itália. Nasceu em 1922 e, desde a primeira juventude, acolheu plenamente o dom da fé e a educação cristã recebidos dos seus pais. A formação religiosa que recebeu ensinou-lhe a considerar a vida como um dom maravilhoso de Deus, a ter confiança na providência e a estimar a necessidade e a eficácia da oração. Acompanhava sua mãe diariamente à santa missa.

No tempo dos seus estudos na universidade, tinha um generoso compromisso de apostolado em meio aos jovens da Ação Católica de Caridade para com os idosos e para com os necessitados nas conferências de São Vicente.

Médica, Gianna Beretta gostava muito de praticar esportes. Foi a primeira de sua cidade a se tornar motorista habilitada. Ela também usava calça comprida, o que era algo incomum à época. Através do alpinismo e do esqui, manifestava sua alegria de viver e de gozar os encantos da natureza. Através da oração pessoal, questionava-se sobre sua vocação, considerando-a como dom de Deus. Gianna deixou o exemplo de que no ordinário da vida é possível viver de maneira digna, buscando a santidade.

Vocação Matrimonial

Ao completar 30 anos, Gianna chegou a pensar em vir para o Brasil, onde já estavam seus irmãos Enrico e Francesco, para atuar como médica missionaria. Porém, devido à saúde frágil, foi desaconselhada por seu médico a fazê-lo. Perturbada com a situação, começou a se perguntar o que Deus queria dela. Depois de muito rezar, convenceu-se de que o matrimônio era o caminho que o Senhor desejava para sua vida. E abraçou a vocação com entusiasmo, “para formar uma família realmente cristã”, como ela mesma dizia.

Casou-se em 24 de setembro de 1955 com o engenheiro Pietro Molla. Em novembro de 1956, tornou-se mãe de Pedro Luís; em dezembro de 1957, de Mariolina; e, em julho de 1959, de Laura. Com simplicidade e equilíbrio, conciliava os deveres de mãe, de esposa e de médica.

Saúde e santidade

Em setembro de 1961, no final do segundo mês de gravidez, apareceu um fibroma em seu útero. Antes de ser operada, suplicou ao cirurgião que salvasse a vida que trazia em seu seio e, então, entregou-se à Divina Providência e à oração. A filha, Joana Manuela, nasceu em 21 de abril de 1962, mas apesar dos esforços para salvar a vida de ambos, Gianna faleceu na manhã de 28 de abril, aos 39 anos de idade.

No dia 16 de maio de 2004, foi declarada santa pela Igreja Católica. “Do amor divino, Gianna Beretta Molla foi uma mensageira simples, mas mais significativa do que nunca. Poucos dias antes do matrimônio, numa carta enviada ao futuro marido, escreveu: “O amor é o sentimento mais bonito que o Senhor colocou na alma dos homens”, disse São João Paulo II em sua homilia na missa de canonização.

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