Basílica de Santa Maria Maior

Igreja celebra basílica visitada mais de cem vezes pelo Papa Francisco

Dedicação de Santa Maria Maior conta com “chuva” de pétalas nesta segunda-feira, 5; Previsão é que Francisco vá até a basílica para a oração das Vésperas e um breve momento de oração pessoal 

Julia Beck
Da redação

Basílica de Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior), onde o Papa Francisco decidiu ser enterrado em Roma /Foto: REUTERS – Guglielmo Mangiapane

Uma “chuva” de pétalas já foi realizada e outra ainda acontecerá nesta segunda-feira, 5, em Roma. A data marca a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior, também conhecida como Santa Maria das Neves, e o ato faz referência a um milagre ocorrido em pleno verão. O local já foi visitado mais de cem vezes pelo Papa Francisco.

A primeira encenação do “Milagre da Neve” já aconteceu pela manhã, durante o canto do Glória na missa solene das 10h (horário de Roma), presidida pelo arcipreste da Basílica, Cardeal Stanilslaw Rilko. A segunda será, às 17h30 (horário de Roma), na presença do Papa, na oração das Vésperas presidida pelo arcipreste coadjutor, Dom Rolandas Makrickas. No final da celebração, o Pontífice se dirigirá à Capela Paulina para um breve momento de oração pessoal diante do ícone da “Salus Populi Romani”.

Segundo a programação, a noite, às 19h (horário de Roma), o secretário adjunto da Seção para a Primeira Evangelização e as novas Igrejas particulares do Dicastério para a Evangelização e presidente das Pontifícias Obras Missionárias, Dom Emilio Nappa, presidirá a missa de encerramento das celebrações.

História

O padre da Diocese de Guaxupé (MG) e professor de História da Igreja e de Patrologia na Faculdade Católica de Pouso Alegre, Hiansen Vieira Franco, recorda a história desta que é uma das quatro basílicas papais. De acordo com ele, conta a tradição que Nossa Senhora teria aparecido, em sonho, ao Papa Libério (†366) e lhe pedido que edificasse uma igreja dedicada a ela, em local que ela própria indicaria. No dia 5 de agosto de 359, em pleno verão romano, caiu neve abundante sobre o Esquilino, uma das sete colinas sobre a qual Roma fora construída. Isso foi interpretado como um milagre e o Papa Libério compreendeu que aquela era a indicação prometida por Nossa Senhora e decidiu construir um templo mariano naquele local em que havia nevado.

Segundo o sacerdote – que é também Doutor em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, aquela foi a primeira igreja dedicada à Virgem Maria, no Ocidente. Cerca de um século mais tarde, o presbítero recorda que o Papa Sisto III construiu sobre a antiga igreja liberiana uma grande basílica, também em honra de Maria, logo após ela ser definida Teotókos, isto é, Mãe de Deus, pelo Concílio de Éfeso, no ano 431.

A basílica, que recebeu diversas ampliações e melhoramentos ao longo dos séculos, é ornada com “belíssimos mosaicos”, alguns dos quais remontam ao século V, retratando episódios da vida da Mãe de Jesus, diz padre Hiansen. A “chuva” de pétalas brancas, que acontece dentro ou fora da igreja, é para recordar a caída da neve que deu origem à construção daquele local.

Ícone de Nossa Senhora “Salus Populi Romani” e as hastes do berço de Jesus

Na basílica de Santa Maria Maior é venerado um ícone de Nossa Senhora, invocada como “Salus Populi Romani”, ou seja, “Salvação do Povo Romano” (salvação no sentido de proteção). Muito antigo e popular, “o símbolo é atribuído ao evangelista São Lucas que, segundo a tradição, era também pintor”, conta o sacerdote.

Em tempos de catástrofes ou pandemias, como foi a da Covid-19, padre Hiansen afirma que aumentaram as manifestações de veneração ao ícone, com celebrações e procissões. “O próprio Papa Francisco rezou diante desse ícone mariano pedindo pelo fim da recente pandemia e também para suplicar a paz para o mundo em diversas outras circunstâncias. Tudo isso faz com que essa invocação mariana se torne ainda mais conhecida”, sublinha.

No local, também considerado o principal templo mariano de Roma, são guardadas, em precioso relicário, algumas hastes de madeira de sicômoro que, acredita-se, teriam pertencido ao santo Berço no qual nasceu o menino Jesus. O presbítero comenta que já o Papa Sisto III teria construído uma gruta, nessa basílica, para recordar o local do nascimento de Cristo em Belém. Assim, o sacerdote assinala que a ligação desse templo com o tema da Natividade do Senhor remonta aos seus primeiros tempos, fazendo desse local uma “Belém do Ocidente”.

“Tudo isso foi conservado pela tradição, ou seja, pela transmissão, sobretudo oral, de fatos muito antigos que, se não aconteceram exatamente como hoje nos são propostos, pelo menos se fundam em um núcleo consistente em termos de veracidade histórica. Assim se desenrola a história da humanidade. Nem tudo que acontece deixa registros materiais, mas nem por isso deixa de ter acontecido e, de alguma maneira, fica conservado na memória coletiva dos povos”.

Francisco e Santa Maria Maior

Em 4 de maio de 2013, Papa Francisco toca uma pintura da Virgem Maria ao chegar para rezar o Santo Rosário na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma /Foto: REUTERSTony Gentile

Antes e depois de suas viagens apostólicas, o Papa Francisco costuma visitar a basílica e rezar diante do ícone da Virgem “Salus Populi Romani”. Como a maioria dos papas, padre Hiansen frisa que também o Papa Francisco é muito devoto da Virgem Maria. Ele cita então a devoção do atual Pontífice à Nossa Senhora Desatadora dos Nós: “recebeu dele grande incentivo mesmo quando ainda não era papa”.

“Uma vez constituído sucessor do apóstolo Pedro, Francisco continua a demonstrar muito amor à Virgem Maria e, em Roma, entre tantos outros títulos, ele se volta sempre para a ‘Salus Populi Romani’, diante de cujo ícone, na basílica Santa Maria Maior, reza sempre”, pontua.

O presbítero destaca que o Santo Padre escolheu a basílica de Santa Maria Maior como o lugar para o seu último repouso, como afirmou em uma sua recente publicação (Il Successore, 2024, págs. 83-84). “De fato, é ali, junto à “Salus Populi Romani”, que o Papa Francisco quer ser sepultado. Na referida obra ele fala também de sua grande afeição a esse local mariano, o que se iniciou, segundo ele, já antes de ser papa”.

 A forte ligação do atual Pontífice com essa basílica, opina o sacerdote, talvez seja fortalecida pelo fato de que nessa mesma igreja, no Natal de 1538, Santo Inácio de Loiola, fundador dos Jesuítas, ordem à qual Francisco pertence, celebrou a sua primeira missa. Outro fato interessante lembrado por ele é que, em Santa Maria Maior, já foram sepultados diversos papas, como Honório III, Pio V, Clemente IX, entre outros.

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