Vice-postuladora da causa de canonização da pastorinha, Irmã Ângela Coelho, afirma que processo será longo; sobre Irmã Lúcia, frisou: “Mulher incrível”
Da redação, com Agência Ecclesia
Irmã Lúcia, vidente de Fátima, faleceu há 15 anos, e caminha agora para a beatificação. Apesar de longo, o processo exige paciência e rigor, explica a vice-postuladora da causa de canonização, Irmã Ângela Coelho. “Eu estou muito tranquila, porque a fama de santidade é tão forte, tão intensa, que eu sei que isto é expressão do desejo de Deus de que esta mulher seja reconhecida, pela Igreja, pela fidelidade da sua vida”.
A religiosa conta que o trabalho está em uma fase morosa e muito importante: a redação do relatório sobre a vivência heroica das virtudes da fé. “Avança sempre mais devagar do que aquilo que nós gostaríamos e do que os devotos da Irmã Lúcia querem, mas é uma fase que precisa ser pensada, rezada, amadurecida”, observa.
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A vice-postuladora fala da vidente de Fátima como uma mulher incrível, com múltiplas facetas e com uma enorme profundidade de vida. Apesar da clausura do Carmelo de Coimbra, Irmã Ângela conta que Irmã Lúcia estava em constante diálogo com o mundo. Este contato dava-se por correspondência, já que a religiosa recebia dezenas de milhares de cartas, ou por várias visitas que recebia – 48 cardeais chegaram a visitá-la.
Em fevereiro de 2017, a Igreja do Carmelo de Coimbra acolheu a sessão solene de clausura do inquérito diocesano para a canonização de Irmã Lúcia (1907-2005). O processo implicou na análise de milhares de cartas e textos, além da auscultação de 61 testemunhas, resultando em mais de 15 páginas de documentação que seguiram para a Congregação para as Causas dos Santos, da Santa Sé.
Irmã Ângela destaca que a equipe que trabalha na causa da canonização está muito entusiasmada. “Estamos apaixonados pela Lúcia”, indica. A vice-postuladora se diz surpreendida com o “humor” da religiosa, a capacidade de rir de si mesma que tinha, até mesmo na resolução de conflitos. “Fiquei fascinada pela sua inteligência, tem uma capacidade de escrita extraordinária, tendo estudado tão pouco”, acrescenta.
“A Igreja não imagina o quanto somos devedores à fidelidade desta mulher, à missão que lhe é confiada em 1917, ano das aparições na Cova da Iria. É uma missão que exerce até ao final da sua vida, sempre foi a vidente de Fátima”, indica a religiosa.
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Dois teólogos colaboraram no processo de tradução dos documentos para o italiano, revelou Irmã Ângela Coelho. A vice-postuladora não acredita que o processo será encerrado neste ano de 2020. “É um processo que vai ser longo”, aponta. A religiosa pede “paciência” e que as pessoas sustentem este trabalho com “a oração”.
O reconhecimento das “virtudes heroicas” é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade. Para a beatificação, exige-se o reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do venerável.
O processo
Lúcia Rosa dos Santos, a Irmã Maria Lúcia de Jesus do Coração Imaculado, faleceu no dia 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade, depois de várias décadas vividas em clausura no Carmelo de Coimbra. O processo de canonização teve início em 2008, apenas três anos após a sua morte.
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A beatificação representa, na Igreja Católica, a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto diocesano e pode ser dado aos fiéis como intercessor, enquanto que a canonização e reconhecimento de santidade abre ao culto universal e o novo santo é apresentado como modelo de vida. Francisco e Jacinta Marto, os outros dois videntes de Fátima, foram canonizados pelo Papa Francisco, na Cova da Iria, no dia 13 de maio de 2017.