Fundador da instituição, Francisco Moisés dos Anjos comenta sua devoção ao santo e os trabalhos desenvolvidos com os acolhidos
Kelen Galvan
Da redação
Fundada com a missão de “acolher o ser humano”, a Fraternidade Padre Pio tem em seu nome o patrono da obra. Esta segunda-feira, 23, dia do santo, é uma data festiva para toda a comunidade, pois além de ser festa litúrgica de Padre Pio, é também o dia em que os missionários da fraternidade renovam seus votos.
A devoção ao santo surgiu muito cedo no coração do fundador da instituição, Francisco Moisés dos Anjos. Ele conta que, na juventude, não era católico e, ao procurar aconselhamento, indicaram a ele que procurasse a Igreja Católica. A partir dessa busca, ele foi aprendendo mais sobre a fé e começou a conhecer Padre Pio, de quem se tornou devoto. Um dos aspectos marcantes da vida do santo era o combate espiritual que ele tinha com o mal.
“Essa luta constante contra o inimigo também observamos em nossos acolhidos, que é a droga, o álcool, o descaso etc. Por isso temos, em nossas casas fraternas, a relíquia de segundo grau de São Padre Pio, e nós, consagrados da comunidade, carregamos no peito uma relíquia de terceiro grau”, explica.
“Eu sempre querendo mais”
A inspiração de fundar essa obra veio anos depois. Ele já vivia da Providência Divina. “Eu tinha um ótimo salário, mas abandonei tudo por causa do Evangelho. Foi então que comecei a auxiliar a Pastoral de Rua, e ajudava a levar marmita na Cracolândia, em São Paulo. Ali, fui começando a ter um encontro. Tudo o que eles faziam eu achava pouco. E na rua, os moradores falavam: ‘Eu quero ser acolhido, eu quero sair da rua’. E eu comecei a procurar lugares para acolhê-los e levá-los”, lembra.
Ele explica que fazia tudo em comunhão com a esposa. Mesmo a decisão de viver totalmente da Providência, sem ter nenhuma comunidade, partiu deles. Ele lembra que um desses moradores de rua, ele acolheu em sua casa.
“Pedi para minha esposa para ele ficar só uma semana. E ele acabou ficando seis meses. Depois desse tempo, ele teve uma reintegração. Era padeiro, começou a trabalhar em uma padaria e deu certo. Então, eu vi que os irmãos acolhidos nas casas de recuperação não tinham essa parte da ressocialização. E eu sempre querendo mais. Surgiu, no meu coração, o desejo de abrir uma casa de ressocialização. Foi a partir disso que nasceu a primeira casa da Fraternidade Padre Pio”, conta.
A primeira casa foi fundada em São Bernardo do Campo (SP), em 2009, e o acolhimento começou com moradores de rua. “E isso foi crescendo. Hoje, temos mais de 140 acolhidos em São Bernardo. Em Cachoeira Paulista (SP), em 2021, abrimos uma missão e já temos mais de 40 acolhidos, entre moradores de rua, idosos e dependentes químicos”.
Com Padre Pio e Nossa Senhora
Moisés conta que, diariamente, eles refletem uma passagem bíblica, geralmente da liturgia do dia. Também fazem um momento de partilha e definem um propósito diário. A presença de Padre Pio também é lembrada com orações e meditações de frases do santo.
“Essa comunhão é muito forte – Padre Pio e Nossa Senhora. Padre Pio já dizia que tem certas coisas que só Nossa Senhora resolve. Quando acolhemos esses irmãos, já começamos a pedir a intercessão de Padre Pio e Nossa Senhora para que eles consigam deixar a vida de drogadição, de situação de rua. É uma luta muito grande, porque eles perderam tudo, confiança, dignidade, mas ainda têm esperança. E graças a Deus, há muitos frutos”, afirma.
Ele explica que a Fraternidade Padre Pio não é uma clínica, uma casa de recuperação, mas uma casa religiosa de acolhimento. “Eles não ficam internados, mas passam um tempo em retiro. E, durante o dia a dia, trabalhamos o tripé: cuidar do corpo, da alma e do psíquico”.
Eles não recebem nenhum recurso governamental, mas vivem totalmente da providência. Em São Bernardo do Campo, eles têm três sítios e uma casa de ressocialização. Em Cachoeira Paulista, há um sítio, que é a casa de acolhimento, e um albergue. “E em todas as casas temos Jesus Sacramentado”.
Reveja reportagem sobre missão da Fraternidade Padre Pio