Devoção

Filhos espirituais de Padre Pio contam com sua intercessão e proximidade

Muitos devotos se consideram filhos espirituais de São Pio de Pietrelcina, celebrado hoje pela Igreja; esta unidade na devoção levou à criação de um movimento nacional

Kelen Galvan
Da redação

Mosaico de Padre Pio / Foto: paologallophoto via Canva

Ao longo de sua vida, Padre Pio teve diversos filhos espirituais, pessoas que buscavam sua direção espiritual. A muitos deles, o santo escreveu cartas, com orientações e conselhos. Mesmo após sua morte, muitos devotos se consideram seus filhos espirituais, pois contam com sua intercessão e proximidade.

“Ser filho espiritual do Padre Pio é abraçar os mesmos amores que o santo teve em seu coração: o amor à Eucaristia, à Virgem Maria e à Igreja. Começa com esses amores principais do coração de um filho”, afirma o assessor eclesiástico do Movimento Filhos Espirituais de São Padre Pio (MFESPP) e pároco da Paróquia de São Pio de Pietrelcina, em Brasília, padre Fernando Alves.

O sacerdote explica que muitos desses filhos espirituais afirmam que não foram eles que escolheram este santo, mas “o próprio Padre Pio que, de alguma forma, entrou em suas vidas”.

Padre Fernando Alves / Foto: Kelen Galvan

“Muitas vezes pela porta da cruz, por um momento de dificuldade e de tribulação. No tempo da pandemia, eu que estava ali como pároco da Paróquia de São Pio, recolhi muitos relatos de pessoas que naquela hora de dor, de sofrimento, se aproximaram da devoção ao nosso padroeiro. Então, principalmente é o santo quem escolhe os devotos, mais do que os devotos que escolhem o santo”, conta.

Padre Fernando lembra que Padre Pio afirmou que, depois de sua morte, ficaria na porta do Paraíso até o último de seus filhos entrar. “Então essa é a grandeza, porque Padre Pio não faz outra coisa a não ser nos levar ao amor de Jesus Cristo e assumir também na nossa vida os sinais de sua paixão”, destaca.

Tudo começou com Padre Pio

Padre Fernando explica que os primeiros filhos espirituais de Padre Pio surgiram a partir dos grupos de oração criados pelo santo em San Giovanni Rotondo.

“Era o contexto da Segunda Guerra Mundial, quando o Papa Pio XII estava convocando toda a humanidade para se empenhar na oração. Então o Padre Pio disse, inclusive ao Guillermo Sanguinetti, que as pessoas que estavam ali em volta do Santuário de San Giovanni, em volta da Casa Alívio do Sofrimento, deveriam ser as primeiros a abraçar essa intenção do Papa. E a partir dali nasceram os grupos de oração São Pio, e aqueles que integram esses grupos se chamam desta maneira”, explica.

O Movimento Nacional dos Filhos Espirituais de São Padre Pio é uma iniciativa que Deus inspirou ao Rogério Mello, de Cachoeira Paulista (SP), que, juntamente com outras duas pessoas, sentiram o chamado de unificar os grupos que se sentem devotos de São Pio. Mas, existem, desde 1942, os grupos oficiais: “grupos de oração São Pio”.

“Depois da morte de Padre Pio, os freis capuchinhos de San Giovanni Rotondo têm procurado dar esta unidade e pedem que os grupos de oração São Pio se filiem à Casa Alívio do Sofrimento em San Giovanni Rotondo para ali serem orientados por eles. Então todo ano, a Casa Alívio do Sofrimento (hospital criado por Padre Pio) manda subsídios, ou seja, meditações sobre as cartas e os temas presentes na vida do Padre Pio, justamente para criar essa unidade entre todos os grupos do mundo inteiro”, explica.

Rogério Mello, coordenador do MFESPP, e Padre Fernando Alves / Foto: Kelen Galvan

Primeiro uma amizade, depois filiação

Padre Fernando conta que quando assumiu a paróquia, em 2018, lhe diziam: “o senhor deve ser um filho privilegiado de Padre Pio, por ter sido escolhido para estar aqui”. Mas ele respondia: “olha, não estou sabendo que eu sou filho dele, no máximo me sinto hoje um porteiro dessa casa”.

“E foi ser porteiro, acolher os muitos filhos que lá chegavam, que contavam experiências, que fez surgir primeiro uma amizade e depois certamente uma filiação. E hoje me sinto investido desta missão. A partir daquilo que é a vocação da nossa paróquia, propagar a devoção ao Padre Pio”.

A paróquia de São Pio de Pietrelcina foi criada devido a uma graça alcançada por Dom José Freire Falcão, cardeal de Brasília na época. “No ano 2000, Dom Falcão teve uma enfermidade muito grave, estava a ponto de morte, e indo para o hospital pediu a intercessão de São Pio. E quando ele se recuperou, depois de 20 dias internado, ele pediu um sinal de que era de fato o padre Pio, que tinha intercedido por ele. E aí entrou uma enfermeira no leito onde ele estava e disse: ‘que perfume de rosa é esse que vocês espalharam aqui no quarto, que não podia’. Então, esse foi o sinal que ele escutou e disse: ‘por essa razão eu quero uma paróquia em Brasília, dedicada a São Pio’”, conta padre Fernando.

Portanto, a paróquia existe desde antes da canonização de Padre Pio, ocorrida em junho de 2002. “Até agora não encontramos nenhuma outra criada antes da nossa, por isso dizemos a primeira do mundo, porque Dom Falcão teve essa permissão especial para criar essa paróquia”.

Modelo para sacerdotes

Em agosto deste ano, recordou-se os 115 anos da ordenação sacerdotal de Padre Pio. Padre Fernando destaca que, dentre tantos exemplos deixados por este santo, ele também inspira os padres de hoje.

“Padre Pio foi o primeiro sacerdote da história que recebeu os estigmas de Cristo. São Francisco de Assis recebeu os estigmas, mas não era sacerdote. O principal significado é aquilo que nós recebemos na nossa formação, que ‘como sacerdotes, somos configurados e unidos ao sacerdócio de Cristo, que é simultaneamente sacerdote, vítima e altar’. Portanto, o padre Pio viveu isso, mas viveu isso fisicamente, porque levar as feridas que ele levava era oferecer aquelas dores, aqueles sofrimentos pela conversão das pessoas que ele atendia, pelos filhos espirituais, por aqueles que se aproximavam”, enfatiza.

Padre Fernando afirma que Padre Pio é um grande modelo para os sacerdotes, porque recorda a vocação de “sermos também, com Cristo, sacerdotes, vítima e altar. Oferecendo o sacrifício de Cristo, também o sacrifício da nossa vida (…) também nós carregamos as chagas de Cristo, mas vivendo como ressuscitados, dando testemunho da alegria da ressurreição de Cristo”.

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