O missionário redentorista Padre Luiz Camilo compara os gestos penitenciais, e o agradecimento dos devotos ao o cântico de Maria.
De Aparecida, Mauriceia Silva
Ao todo sete missas marcaram o dia no Santuário Nacional de Aparecida, que teve uma movimentação de milhares de romeiros. Atividades tradicionais como a Alvorada e a procissão também estão de volta à programação, após dois anos, devido à suspensão das restrições da pandemia da Covid 19. A expectativa é que o fluxo de fieis de 2022 tenha sido ainda maior.
A oração do Ângelus que dará início à procissão que sai da basílica velha e termina no Santuário com a Santa Missa, que será às 19hs e encerra as festividades da festa da Padroeira do Brasil.
O Missionário redentorista e porta-voz do Santuário Nacional de Aparecida, Pe. Luiz Camilo Júnior, conta que desde o mês de Julho já era perceptível o crescimento da presença dos devotos no Santuário. Segundo o sacerdote neste tempo começaram a chegar as grandes romarias da Arquidiocese do Rio, de São Paulo, romarias dos movimentos que por mais de dois anos não se faziam presentes.
“Então isso fez percebêssemos que a festa da Padroeira deste ano ia voltar a acontecer em toda a sua plenitude como era nos anos anteriores ao cenário difícil da pandemia. Então nós fomos percebendo no tempo da novena, e hoje, no dia da festa da padroeira uma enorme presença de devotos.”
O padre percebe que o belo da festa de 2022 está na experiência que os devotos tem feito com Nossa Senhora Aparecida:
“A beleza da festa deste ano está no sentimento que toca o coração de cada devoto que aqui chegou. E que fez questão de estar aqui nesse dia para olhar para a imagem de Nossa Senhora, e dizer obrigada mãe porque a Senhora cuidou de mim,” afirmou o missionário, e continuou o pensamento sobre a gratidão dos fiéis:
“Obrigada mãe porque a Senhora fez com que mesmo diante de tantas coisas difíceis eu não perdesse a esperança. Obrigada mãe porque no momento da dor, ou de um ente querido que foi perdido pela covid, a Senhora como mãe cuidou de mim, e pediu a Jesus pela minha vida.”
Em relação aos fiéis que percorreram quilômetro a pé, ou fizeram penitências, Padre Luiz Camilo traz a sua percepção sobre a fé das pessoas.
“Como é bonito perceber esses gestos que as pessoas fazem para dizer a Deus obrigado por aquilo que o Senhor realizou na minha vida, e na minha história”
O padre afirma que algumas pessoas até questionam: “ ‘Padre porque vocês não dizem que não é necessário fazer isso, Deus não quer sacrifícios, que alguém passe por toda a passarela de joelhos, ou que alguém que caminhe 20 dias.’ Mas eu não tenho o direito de dizer para a pessoa que ela não deveria fazer aquilo. Ela está fazendo aquilo porque só ela sabe o que Deus realizou na vida dela.”
O missionário redentorista relaciona os gestos penitenciais dos devotos com o cântico de Maria: “É a beleza daquilo que Maria no Magnificat cantou, ‘o Senhor fez em minha vida maravilhas’, e ela responde a essas maravilhas de Deus em sua vida com pequenos gestos. Desde um símbolo que se deixa na sala das promessas, uma vela que se acende na capela, uma flor que ela deixa diante da imagem, o subir a escadaria de joelhos, entrar no santuário de joelhos, desses que vem sustentados pela fé.”
Pés machucados e corações curados
“Dom Orlando Brandes disse uma palavra muito bonita na homilia de hoje, ele falou esses milhares de peregrinos que caminham longas distâncias chegam aqui com os pés machucados, mas voltam para casa com os corações curados,” contou Padre Luiz.
“Com Maria, construir uma Igreja-Missão!”
Em relação ao tema da Novena deste ano, Padre Luiz explica que desde o ano passado houve uma motivação pelo Papa Francisco devido à preparação para o sínodo que acontecerá no ano de 2023 em Roma.
“E o sínodo traz como tema a dimensão de redescobrimos uma igreja em constante caminho sinodal, caminhar juntos, perceber que não existe uma igreja individualista. A igreja é una no amor do Cristo, o amor de Cristo nos uniu. E a identidade da nossa fé, está justamente na capacidade de caminharmos juntos como irmãos e irmãs respeitando as diferenças.”
O padre continua a explicar, que a partir do Papa Francisco que sempre trouxe o convite a ser uma Igreja em saída, é preciso ir ao encontro das pessoas.
“Principalmente aquelas que são tocadas por realidades de injustiça, é preciso levar à essas pessoas esperança e diante de tudo isso, celebramos esse ano, ‘Com Maria Caminhar juntos, para construir uma igreja missionária.’”
Redentoristas em festa
Padre Luiz Camilo explica que a missão dos redentoristas em Aparecida é estar no Santuário para acolher o romeiro, ajudá-lo a viver sua experiência de fé, e voltar para casa renovado na esperança.
“E quando nós voltamos a ver o Santuário repleto da presença de Romeiros, isso alegra muito o nosso coração, porque com Maria estamos aí cumprindo a nossa missão, que é possibilitar a todos que vem à casa da mãe, que tenham essa bonita experiência de sentir a presença dela, a mãe que olha, a mãe que cuida, a mãe que intercede.”
Mudanças na Basílica para melhor
A boliviana Avelina Osco fala da alegria que é estar novamente no Santuário, depois de muitos anos: “Eu visitei o Santuário de Aparecida há muitos anos atrás, estou regressando depois de oito anos, tenho muito a agradecer a
paz que existe em minha família. Nós vivemos há muitos anos no Brasil em São Paulo, e hoje saímos de manhã da nossa casa. Estamos felizes e percebemos muitas mudanças na Basílica e sempre para melhor.”
Já a farmacêutica Juliane de lima Silva veio agradecer uma graça alcançada.
“A maior graça da mundo é a minha filha Isis. Quando eu tinha um mês de gravidez eu fiz uma promessa pra Nossa Senhora Aparecida pra que ela viesse com saúde, e foi uma gravidez com muitos cuidados, então graças à Deus ela nasceu com muita saúde. A gente veio aqui pra pagar a nossa promessa hoje. Eu trouxe ela pra apresentar à Nossa Senhora Aparecida.