As obras de misericórdia são apresentadas pela Igreja como gestos concretos de amor ao próximo. Pequenas atitudes ajudam a transformar vidas: ouvir, consolar, visitar e alimentar. É o que você vê na reportagem especial de hoje com Idalina Miranda e Genilson Pacetti.
“Eu sou muito agradecido a todos vocês. Vocês não são nossos amigos, vocês são nossa família”, expressou Gerson da Silva, pessoa em situação de rua.
As lágrimas de Gerson são de alegria por causa do amor de Deus que o constrange mais uma vez. Elas são respostas concretas de agradecimento pelo alimento que chega todos os dias por meio da generosidade de alguém. E quem providencia o pão tem o mesmo nome de quem precisa, Gerson.
“Na verdade o projeto é uma inspiração evangélica. ‘Tudo que fizeram a um Deus pequenino é a mim que o fizeste’, ‘amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo’. E a passagem do bom samaritano, que viu, compadeceu e cuidou”, frisou o voluntário, Gerson Dutra da Silva
O ano santo convida os fiéis a redescobrir o poder transformador das obras de misericórdia, onde a fé se torna um gesto concreto de caridade. “As obras de misericórdia são aquelas obras, corporais e espirituais. Corporais, sofrer com aqueles que sofrem, ver Jesus naquele que sofre, naquele que passa fome, vestir aquele que está nu, saciar a fome daqueles que precisam. Já a obra espiritual. Ser o quê? Um outro Cristo na vida da pessoa, trazer as pessoas para Deus”, enfatizou, da Paróquia Imaculada Conceição de Cruzeiro(SP), padre Rivelino Nogueira.
As obras de misericórdia transformam em verdadeiros discípulos aqueles que as colocam em prática. Esse é o papel de uma igreja missionária e em saída, que vive a plenitude em Deus e se preocupa com o outro. No Bom Samaritano, casa de passagem da Canção Nova em Cachoeira Paulista, as mãos da professora que por muitos anos escreveram nas lousas, hoje servem alimentos aos que tanto precisam.
“O que precisa fazer na casa, eu faço. Ajudo em tudo o que precisar. Eles são bem atendidos, eles saem daqui, chegam às vezes tristes, abatidos e saem com sorriso no rosto. Isso é muito gratificante”, contou a voluntária, Maria das Graças de Jesus.
E o que dizer do Senhor Francisco? Os trabalhos manuais são divididos entre cortes de cabelos dos assistidos e o cuidado da horta. Serviços que ele pratica com maestria e consciência de quem cumpre e vive a prática cristã. E a certeza de que nas duas situações o fruto é bem plantado e a colheita virá a seu tempo. “Ninguém é pobre que não possa dar a ninguém. Então é assim, a gente financeiramente a gente não pode, mas a gente dá o que a gente pode. Eu trabalho, eu me sinto gratificado por isso”, ressaltou o voluntário, Francisco José Filho.
Para a assistente social Juliana, a prática do trabalho na Casa Bom Samaritano vai além do conteúdo estudado na faculdade. É uma experiência de vida e, acima de tudo, uma vivência do cristianismo. “Às vezes ele precisa do básico, que é uma alimentação, que é uma roupa, que é um banho, que é um acolhimento, realmente. E aqui a gente tem esse privilégio de também poder propiciar para eles esse acompanhamento, essa unção, esse olhar espiritual”, afirmou a assistente social, Juliana Marinho.
“Desde o Papa Francisco, ele que pelo ano da misericórdia, ele que suscitou, essa necessidade das obras, seja espirituais e corporais, pra gente então voltar mais no nosso olhar para as pessoas, principalmente aquelas que estão longe de Deus”, retomou o padre.
“Quem faz o bem certamente se sente mais agraciado, mais feliz ainda, porque é tão bom poder contribuir para melhora do outro, para ajudar o outro. Na verdade, se cada um de nós contribuir com o nosso pouco, nós faremos muito por muitas pessoas e seremos muito felizes”.
Felicidade que toca os que ajudam e alegra o coração de quem recebe, materializando o que está escrito em Provérbios: ‘O coração alegre aformoseia o rosto’, ou seja, torna a aparência exterior mais bela e agradável aos olhos do homem e principalmente aos olhos de Deus’.