Há 106 anos acontecia a primeira aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos em Fátima; Mensagem transmitida é alerta aos pecados cometidos pela humanidade
Gabriel Fontana
Da Redação
Foto: Daniel Xavier
O dia 13 de maio é uma das datas mais importantes no calendário da Igreja Católica. Foi em um dia como este que aconteceu a primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, considerada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé como a mais profética das aparições modernas da Virgem Maria.
Em 1917, três crianças estavam pastoreando suas ovelhas na região da Cova da Iria, nas cercanias de Fátima. Lúcia, de 10 anos, e seus primos Francisco e Jacinta, de 9 e 7 anos, respectivamente, rezavam o terço quando foram surpreendidos por um clarão. Avistaram então, sobre um carvalho, uma senhora vestida de branco e radiante de luz, que pediu a eles que voltassem todo dia 13 ao mesmo lugar e no mesmo horário por seis meses.
Lúcia tomou a frente e começou a conversar com a senhora. Jacinta as escutava, mas Francisco nada ouvia. Nossa Senhora perguntou então aos três se eles queriam se oferecer a Deus, suportar todos os sofrimentos que Ele os mandasse, como ato de reparação dos pecados, pelos quais Ele era ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Lúcia prontamente respondeu que “sim”. No entanto, a Virgem disse às crianças: “vocês deverão sofrer muito, mas a graça de Deus será seu conforto”.
As aparições de Nossa Senhora
Assim começaram e, posteriormente, se sucederam as aparições. Em 13 de junho, Nossa Senhora pediu às crianças que rezassem muito, e a Lúcia que aprendesse a ler e escrever para poder transmitir a sua mensagem. Em julho, uma pequena multidão já acompanhava os pastorinhos, que tiveram uma visão do inferno e foram exortados a rezar pela humanidade, especialmente o rosário, em reparação de seus pecados.
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A movimentação gerada por Lúcia, Francisco e Jacinta não agradou o prefeito, que os prendeu durante o dia 13 de agosto, para que não recebessem a visita da Virgem Maria. Nossa Senhora, contudo, apareceu a eles no dia 19, em outro local. Em 13 de setembro, mais uma vez Maria apareceu às crianças, e prometeu fazer um grande prodígio, para que todos acreditassem.
Na última aparição, em 13 de outubro de 1917, a Virgem Maria revelou aos pastorinhos: “Eu sou a Senhora do Rosário”. Então, a chuva que caía parou, o céu se abriu e o sol começou a girar em torno de si mesmo, como se estivesse se aproximando e se distanciando da Terra, e brilhou em cores diferentes. Cerca de 70 mil pessoas presenciaram o evento na Cova da Iria. Treze anos depois, em 1930, as autoridades eclesiásticas declararam que as aparições eram “dignas de fé”.
A Mensagem de Fátima
Nossa Senhora de Fátima deixou uma Mensagem, que foi guardada por Lúcia por muitos anos, e aos poucos foi sendo revelada, A Mensagem é complexa, envolvendo muitas visões, mas carrega como essência o amor a Deus e a prática de penitências como ato de desagravo e reparação dos pecados da humanidade cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria.
Padre Fernando Santamaria, diocese de Itapeva (SP) / Foto: Arquivo pessoal
O padre da diocese de Itapeva (SP), Fernando Santamaria, explica que “a mensagem de Fátima nos leva a ir além, nos forma para a adoração à Santíssima Trindade, à reparação, àquela disposição de oferecer sacrifícios sendo solidários para com as realidades uns dos outros por amor, e por amor a Cristo”. Por meio dela, todos são chamados a converter-se.
“Todos nós somos chamados a essa conversão constante, e não só pedimos perdão a Deus, mas nos comprometemos em reparar, fazer algo para consertar aquilo que o mal tem causado”, afirma o sacerdote, indicando os sacrifícios feitos pelos “santos pastorinhos” e que servem de modelo para todos nos dias atuais.
O padre Santamaria ressalta, contudo, que “por envolver aparições, ninguém está obrigado a acreditar, não é um dogma”, ainda que elas sejam reconhecidas pela Igreja. Tudo isso toca então ao mistério da fé, tornando ainda mais especial a devoção a Nossa Senhora de Fátima.
Devoção e reparação
Exemplo desse amor é Luciane Marins, missionária da Comunidade Canção Nova. Ela conta que sua devoção surgiu quando foi remanejada junto com a família para a cidade das aparições, em Portugal. “Eu tinha um conhecimento bem superficial, mas a partir do momento em que a gente chegou na missão de Fátima, a minha devoção surge, cresce e amadurece na própria cidade”, explica.
O amadurecimento espiritual, inclusive, é um dos benefícios adquiridos pela prática devocional que foram citados pela missionária. Ela também cita que, rezando o terço diariamente e contemplando a imagem de Nossa Senhora de Fátima, percebeu um aumento na paz interior, na serenidade, e na comunhão entre a família. Contudo, a missionária destaca o caráter reparatório dessa devoção: “a mensagem de Fátima é uma exortação à oração e à penitência, um apelo a conversão”.
Por fim, Luciane também convida todos a viverem essa devoção. “Uma grande promessa que Nossa Senhora fez a todos os seus filhos é ‘o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te leva até Deus’, então, Nossa Senhora é o caminho mais fácil para chegar até Deus”, indica.
Missionária Luciane Marins e sua família no Santuário de Nossa Senhora de Fátima / Foto: Arquivo pessoal
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