Domingo da Palavra de Deus é convite a dedicar-se à liturgia, aos estudos e à prática das Sagradas Escrituras
Thiago Coutinho
Da redação
Em setembro de 2019, o Papa Francisco instituiu o Domingo da Palavra de Deus. Com a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio “Aperuit illis”, o objetivo do Santo Padre era que os fiéis redescobrissem a Palavra de Deus na Igreja. As Sagradas Escrituras, parafraseando o Pontífice, “indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.
Os fiéis, como o Santo Padre pede desde o início de seu pontificado, devem ser Igreja em Saída — e para levar esta missão adiante, o anúncio da Palavra é essencial. “Não apenas sair, de estar no mundo. Trata-se de uma Igreja que se aprofunda na Palavra de Deus, que bebe da fonte da liturgia. Só assim poderão ir ao encontro daquelas situações, como o Papa chama, de periferias existenciais”, explica o padre Gilvan Manuel da Silva, sacerdote que pertence à Congregação da Missão, em Quintino Cunha, em Fortaleza (CE).
“Não é ir de qualquer jeito”, alerta o sacerdote. “Significa uma Igreja desprovida de todo poder, de uma Igreja que leva o Cristo. E isso se dá pela Palavra de Deus, quando levamos a essência do Evangelho, que é o amor, os valores, especialmente num mundo cheio de mudanças e contradições”, acrescenta.
A reflexão diária
Viver a Palavra de Deus é o cerne da questão. Mas como fazê-lo? Segundo padre Gilvan, a Palavra faz parte de nossas vidas e meditá-la pelos meios de comunicação é uma boa maneira de se manter em conexão com Deus ao longo dos dias. “Rádio, TV, mídias sociais, aplicativo e nada melhor que as famílias façam uso disso. Reunir a família, ler e escutar a Palavra no café da manhã, por exemplo, escutar um salmo ou um Evangelho. Os jovens gostam disso, especialmente desta maneira interativa”, observa.
“A Sagrada Escritura sempre guiou a minha vida, da minha esposa, as nossas decisões”, afirma o jornalista Wallace Andrade. “Aprendemos a meditar a Palavra, tentar vivenciar na prática o Evangelho com o padre Jonas, Comunidade Canção Nova. Aprendemos a fazer o Diário Espiritual, como colocar em prática qual a mensagem de Deus para nós”, afirma.
Por volta de 2005, retornando das férias, Wallace recorda que foi demitido. Conversando com sua esposa diante daquela situação difícil, colocaram-se de joelhos e rezaram fervorosamente. “E Deus nos deu uma palavra, de que Ele iria abrir todos os cadeados, todos os portões. Cerca de 40 minutos depois, recebemos uma ligação para uma nova proposta de emprego. Viver calçado na Sagrada Escritura é isso: encontrar as pistas de Deus para que possamos continuar a caminhada”, relembra.
“A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”
São Jerônimo costumava dizer que “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo”. Uma sentença que permaneceu na Igreja, de acordo com padre Gilvan, desde o Concílio Vaticano II. Ele lembra que, antes de a Palavra ser escrita, foi vivida na tradição da Igreja. “Por isso temos o magistério, as Sagradas Escrituras”, explica o padre.
“Deus fala ainda hoje conosco. Falou no passado, pelo Espírito Santo, e fala ainda hoje porque a Palavra de Deus não é uma palavra do passado, é uma palavra para nós. ‘Ignorância de Cristo’ é desconhecer a Palavra de Deus. Quanto mais estivermos atentos à Palavra, praticá-la, encarná-la, tanto mais conheceremos Cristo”, pondera o religioso.
“A Palavra de Deus tem que ser vivida nos gestos, os cristãos contam com muitas maneiras de evidenciar isso, seja por meio da bondade, da misericórdia, da justiça, dos valores que aprendemos na Palavra. Nossos atos têm que ser uma revelação da Palavra de Deus”, finaliza padre Gilvan.