Jubileu

Espiritualidade mariana: o que significa e como ela aproxima de Cristo

A devoção a Nossa Senhora começou aos pés da Cruz de Jesus e ganhou força ao longo da história da Igreja; em Roma, Jubileu reúne movimentos e grupos marianos neste fim de semana

Kelen Galvan 
Da redação

Foto: Santuário de Fátima

A devoção a Nossa Senhora ocupa um lugar significativo na fé católica. Desde os primórdios do Cristianismo, a Virgem Maria foi acolhida como Mãe, como modelo de fé e intercessora junto a Jesus. Neste fim de semana, 11 e 12, acontece o Jubileu dedicado aos movimentos, irmandades e grupos de oração marianos em Roma, dentro das celebrações do Jubileu de Esperança.

“Segundo a tradição católica, a devoção mariana começou aos pés da Cruz de Jesus, quando Ele entregou sua mãe, Maria, a São João, dizendo ‘Eis aí teu filho’ e ‘Eis aí tua mãe’ (cf. Jo 19,25-27), simbolizando a maternidade espiritual de Maria sobre todos os cristãos. Essa devoção ganhou força ao longo dos séculos através de aparições e manifestações da Virgem Maria em diferentes partes do mundo”, destaca Padre Rivelino Nogueira, atual responsável do Movimento Sacerdotal Mariano na Diocese de Lorena (SP).

O sacerdote explica que viver uma espiritualidade mariana significa seguir o exemplo de Nossa Senhora, em sua fé, humildade, confiança e obediência a Deus e no amor e cuidado pelos outros. Além disso, é uma forma de se aproximar de Cristo.

“Ao seguir o exemplo de Maria, nos aproximamos de Cristo e nos tornamos mais semelhantes a Ele. Maria intercede pelos fiéis junto a Deus, aproximando-nos de Cristo. Ao contemplar a vida de Maria e sua relação com Jesus, podemos entender melhor a natureza de Cristo e sua missão. Maria é vista como mãe espiritual dos cristãos, e, ao seguir seu exemplo, podemos experimentar uma relação mais profunda com Cristo”.

Padre Rivelino Nogueira com membros do Movimento Sacerdotal Mariano da Diocese de Lorena / Foto: instagram msm_dioceselorena

Maternidade espiritual de Maria 

São inúmeros os grupos, associações e movimentos ligados à espiritualidade mariana dentro da Igreja Católica. O Movimento Sacerdotal Mariano (MSM) foi fundado pelo Padre Stefano Gobbi, em 1972, com o objetivo de reunir sacerdotes e fiéis para a consagração ao Imaculado Coração de Maria.

Padre Rivelino faz parte deste movimento desde seus 17 anos idade, participando dos Cenáculos de Nossa Senhora. Ele afirma que viver uma espiritualidade mariana traz benefícios para a vida espiritual dos fiéis.

“Ao seguir o exemplo de Maria, nos aproximamos de Cristo e nos tornamos mais semelhantes a Ele”

“Caminhar com Maria pode ajudar a se sentir mais próximo de Deus e a entender melhor a Sua vontade; pode nos inspirar a viver uma vida mais autêntica e fiel aos princípios cristãos; e ajudar a crescer na fé e a desenvolver uma espiritualidade mais profunda e pessoal. Cada pessoa pode experimentar esses diferenciais de maneira única e pessoal, dependendo da sua relação com Maria e com Deus.”

Agora, com o Jubileu realizado em Roma, ele espera que seja uma oportunidade de fortalecer a fé e a espiritualidade dos participantes, e ajudar a promover a unidade e comunhão entre os membros dos movimentos marianos e grupos de oração.

“O Jubileu é uma oportunidade para celebrar a maternidade espiritual de Maria e sua importância na vida da Igreja”. Ele destaca ainda que este evento “pode contribuir para o crescimento espiritual dos participantes, ajudando-os a se aproximar de Deus e a viver sua fé de maneira mais profunda”.

Padre Rivelino enfatizou ainda que “a presença da estátua original de Nossa Senhora de Fátima e a liderança espiritual do Papa podem inspirar e motivar os participantes a viver sua fé de maneira mais autêntica”.

Intercessão pelos filhos

Outro movimento ligado à espiritualidade mariana é o “Mães que oram pelos Filhos”, fundado por Ângela Abdo em 2011, com um pequeno grupo de mães. A iniciativa cresceu rápido e, em 2018, já somava mais de 580 grupos cadastrados no Brasil e no exterior. A padroeira do movimento é Nossa Senhora de La Salette.

Rosângela Beraldo (à frente), com grupo Mães que Oram pelos Filhos de sua paróquia / Foto: Arquivo Pessoal

Rosângela Beraldo faz parte do movimento desde junho de 2024, na cidade de Cachoeira Paulista (SP). A pedido do seu pároco, ela foi convidada a iniciar um grupo na paróquia São Sebastião dois meses após o falecimento do seu filho. Ela conta que, no início, eram cinco mães; atualmente, 25 se reúnem fielmente para rezar por seus filhos. O grupo foi oficializado em setembro deste ano.

Ela lembra que sua devoção s Nossa Senhora vem desde a infância e foi crescendo ao longo do tempo. Em seu período de namoro, criou o hábito de rezar o terço todos os dias com seu namorado, atual marido, confiando a Virgem Maria sua vocação e sua futura família. Eles deram continuidade a esse hábito na vida familiar. Tiveram um casal de filhos e sempre rezaram o terço diariamente em família.

“Nossa Senhora foi muito presente na vida dos meus filhos, desde pequenos. Meu filho faleceu ano passado, em 2024, acometido por um câncer. Ele era consagrado a Virgem Maria e morreu como um carmelita secular”, recorda. Ela conta que sua filha casou ano passado, no mês de maio, e tem uma grande devoção a Nossa Senhora. Recentemente, ela descobriu que está grávida, e a data prevista do parto também será para o mês de maio. “A devoção a Maria iniciou, na nossa vida de casal, na minha vida e do meu esposo e passou para os nossos filhos”, destaca Rosângela.

Ela disse que percebe a presença de Nossa Senhora em tudo, e, após a morte de seu filho, sente o consolo da Virgem Maria. “Eu tenho certeza de que ele está junto dela”, afirma. Agora, participando do grupo “Mães que oram pelos filhos”, Rosângela afirma que sente ainda mais essa presença. “Sinto ainda mais forte e real. Eu vejo concretamente a presença dela na minha vida e na minha família, vivendo o luto do nosso filho”.

Auxílio de Nossa Senhora

Ela destaca que essa oportunidade das mães se reunirem para rezar por seus filhos faz toda diferença. “É pelo poder da oração e, junto da Virgem Maria, que nós temos força, sabedoria para lidar com os nossos filhos na batalha, que não é fácil no mundo de hoje, na educação, na formação, na escolha da vocação e até mesmo na firmeza da vocação escolhida”.

“Nós não podemos deixar de ter Nossa Senhora como nossa companheira”

Rosângela, que é a atual responsável deste grupo, conta que, toda semana, chega uma nova mãe para participar e sempre há um testemunho de vida. “No grupo há muita intercessão, muita conversão acontecendo, até mesmo de mães quando olham para Nossa Senhora de La Salete chorando. E mesmo nesse pouco tempo de grupo, muitas ali já receberam a graça na vida dos seus filhos”.

Ela destaca que Nossa Senhora sempre traz a luz para as situações em que parece não haver solução. “Eu vejo as mães chorarem naquele grupo e saírem alegres, confiantes. Na semana seguinte elas voltam, porque viram que Nossa Senhora é a fortaleza da mãe, principalmente na vida de hoje. Nós não podemos deixar de ter Nossa Senhora como nossa companheira. As mães que dobram os joelhos por seus filhos, mesmo que venham os problemas, conseguem enfrentá-los com serenidade, com a confiança de que Nossa Senhora está cuidando, e ela sempre passa à frente”.

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