SÉ VACANTE

Entenda quem é o Cardeal Camerlengo e qual é sua função

Cargo ocupado pelo Cardeal Kevin Farrell tem funções específicas durante o período de Sé Vacante, atuando no sepultamento do Papa e na organização do Conclave

Gabriel Fontana
Da Redação

Cardeal Kevin Farrell é o atual Camerlengo da Igreja Católica / Foto: Reprodução Vatican Media

Com a morte do Papa Francisco, falecido nesta segunda-feira, 21, a Igreja se prepara para sepultar o Pontífice e eleger seu sucessor. Neste contexto, surge uma figura pouco conhecida, mas fundamental neste processo: o Camerlengo.

Trata-se de um cardeal nomeado pelo Santo Padre e que atua especialmente no período de Sé Vacante, ou seja, quando um Papa morre ou renuncia. Atualmente, o cargo é ocupado pelo Cardeal Kevin Farrell, nomeado por Francisco em fevereiro de 2019 e que também é prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida desde 2016. Há ainda o vice-Camerlengo, que é Dom Ilson de Jesus Montanari, arcebispo brasileiro nomeado em 2020.

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Segundo a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, sobre a Cúria Romana e o seu serviço à Igreja no mundo, promulgada pelo Papa Francisco em 2022, o Camerlengo desempenha funções relativas à Sé Vacante e à eleição do novo Papa. Para isso, tem a ajuda de três cardeais assistentes, sendo um deles o coordenador do Conselho para a Economia.

A missão do Camerlengo envolve “cuidar e administrar os bens e os direitos temporais da Sé Apostólica, durante o tempo em que esta permanece vacante” (Praedicate Evangelium, art. 236). Neste contexto, cuida de aspectos administrativos e econômicos da Igreja.

Apesar de assumir provisoriamente o governo da Igreja durante o período de transição entre um pontificado e outro, o Camerlengo não pode tomar ações próprias do Santo Padre, como escrever encíclicas, criar ou unir dioceses e nomear bispos. Além disso, o cardeal atua conjuntamente ao Colégio Cardinalício, sobretudo em questões de maior importância.

Funções do Camerlengo

Com a morte do Papa, a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, publicada por São João Paulo II em 1996, estabelece que os responsáveis dos dicastérios da Cúria Romana deixem de exercer suas funções. O Camerlengo é uma das exceções a essa regra, bem como o Penitenciário-Mor, o Vigário Geral para a Diocese de Roma, o Arcipreste da Basílica do Vaticano e o Vigário Geral para a Cidade do Vaticano.

Além disso, o Camerlengo é responsável por uma série de atividades relacionadas aos preparativos para a eleição do novo Papa e para o funeral do antigo (caso ele tenha falecido, e não renunciado). A primeira delas é constatar oficialmente a morte do Santo Padre, selando o escritório e o quarto pontifícios após sua morte e todo o apartamento pontifício depois da sepultura.

O Camerlengo deve ainda comunicar a morte do Pontífice para o Vigário para a Diocese de Roma e o Arcipreste da Basílica do Vaticano; tomar posse do Palácio Apostólico do Vaticano e dos Palácios de Latrão e de Castel Gandolfo; organizar a sepultura do Papa falecido; e preparar a Casa Santa Marta para receber os cardeais eleitores e a Capela Sistina, onde é realizada a eleição do Bispo de Roma.

Após o fim do período de luto pela morte do então Pontífice, as atenções voltam-se definitivamente à eleição do próximo Papa. O Camerlengo tem como dever vigiar para que não seja violado o segredo de tudo que acontece na Capela Sistina e dos lugares contíguos.

Por fim, o Camerlengo deve elaborar um relatório no qual é declarado o resultado das votações de cada uma das sessões do Conclave. Este documento será entregue ao Papa.

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