Não à “diplomacia eclesiástica” e sim ao verdadeiro caminho conjunto na fraternidade, ressaltou o Papa em audiência com uma delegação do Patriarcado Ecumênico
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Nesta manhã de quinta-feira, 30, o Papa Francisco recebeu, em audiência, a Delegação do Patriarcado Ecumênico por ocasião da Solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolos. O discurso do Papa foi focado no tema da unidade dos cristãos, mencionando, em especial, a realidade dos cristãos que sofrem.
Além de agradecer pela presença do grupo na missa festiva de ontem, o Pontífice afirmou ter sido visivelmente notável a proximidade e a caridade fraterna da Igreja de Constantinopla para com a Igreja de Roma. “A tradicional troca de delegações entre as nossas Igrejas por ocasião das respectivas festas patronais é um sinal tangível de que foi superado o tempo de distância e indiferença. As nossas Igrejas mantêm um diálogo fraterno e fecundo e empenham-se de forma convicta e irreversível no caminho do restabelecimento de plena comunhão.”
A unidade em tempos de Guerra
Utilizando-se da máxima do memorável Patriarca Ecumênico Atenágoras, “Igrejas irmãs, povos irmãos”, Francisco refletiu sobre a reconciliação entre cristãos separados. O tema foi levantado visando a pacificação dos povos em conflitos, aludindo ao abalo do mundo diante da agressão da guerra cruel e sem sentido, onde muitos cristãos lutam entre si.
Neste caminho a ser percorrido, o Papa compreende que se faz necessário ajudar cada um desses irmãos que sofrem na guerra, na certeza da necessidade de uma mudança de mentalidade quanto às conquistas armadas, expansões e imperialismos. “Não têm nada a ver com o Reino que Jesus anunciou, com o Senhor da Páscoa que, no Getsêmani, pediu aos discípulos que renunciassem à violência, que voltassem a colocar a espada em seu lugar, ‘porque todos os que tomarem a espada morrerão à espada’”.
A busca da unidade
Francisco caminhou seu pronunciamento crendo que a busca da unidade dos cristãos não é apenas uma questão interna das Igrejas. Trata-se de uma condição essencial para a realização de uma autêntica fraternidade universal, que se manifesta na justiça e na solidariedade para com todos.
“Ajudemo-nos, queridos irmãos, a não sucumbir à tentação de amordaçar a perturbadora novidade do Evangelho com as seduções do mundo e de transformar o Pai de todos, que “faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos” no deus de suas próprias razões e de suas próprias nações. Cristo é a nossa paz, aquele que, encarnando-se, morrendo e ressuscitando por todos, derrubou os muros da inimizade e da separação entre os homens.”
Caminho sinodal
Em caráter conclusivo, o Santo Padre recordou que um sinal de esperança, no caminho do restabelecimento da plena comunhão entre as Igrejas, vem da reunião da Comissão de Coordenação da Comissão Internacional Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa.
“Não nos satisfaçamos com uma “diplomacia eclesiástica” para permanecermos bondosos em nossas próprias ideias, mas caminhemos juntos como irmãos: rezemos uns pelos outros, trabalhemos uns com os outros, apoiemos uns aos outros olhando para Jesus e seu Evangelho. Este é o caminho para que a novidade de Deus não fique refém da conduta do velho homem.”