ORDENAÇÃO

Em meio à perseguição religiosa, Nicarágua ganha nove novos sacerdotes

Cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano presidiu celebração em que nove novos padres foram ordenados no país centroamericano

Da Redação, com Vatican News

Cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano presidiu a celebração em que novos sacerdotes foram ordenados / Foto: Reprodução Arquidiocese de Manágua no YouTube

A Arquidiocese de Manágua, na Nicarágua, tem nove novos sacerdotes. Eles foram ordenados pelo Cardeal Leopoldo José Brenes Solórzano, durante a celebração da Solenidade da Epifania do Senhor na Catedral de Manágua neste sábado, 6.

Em sua homilia, o cardeal agradeceu a Deus pelo “dom maravilhoso” dos novos padres. Ele recordou que o sacerdócio “não é um poder”, mas “uma missão e um serviço”. Assim, os sacerdotes devem ser “servos” e “testemunhas”, chamados a “viver a comunhão e a fraternidade”.

Atualmente, a Igreja na Nicarágua passa por um momento conturbado. Desde 20 de dezembro, foram presos pelo menos 14 sacerdotes, dois seminaristas e o bispo de Siuna, Dom Isidoro del Carmen Mora Ortega. O religioso foi sequestrado depois de rezar por Dom Rolando José Álvarez Lagos, bispo de Matagalpa preso em agosto de 2022 e condenado a 26 anos de prisão em fevereiro do ano passado. Até o momento, as autoridades nicaraguenses não confirmaram nem negaram a detenção dos clérigos.

Nicarágua se afastando “cada vez mais” do Estado de Direito

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a América Central (OACNUDH) reforçou o apelo ao governo liderado por Daniel Ortega pela revelação de onde Dom Mora, “vítima de desaparecimento forçado”, está sendo mantido. “Esconder essa informação”, diz uma postagem na rede social X, “coloca sua vida em risco”.

Já em 28 de dezembro, o OACNUDH havia condenado “o desaparecimento forçado do bispo Isidoro Mora” e “a nova onda de prisões de religiosos” em violação do “direito à liberdade religiosa, um pilar de todo Estado democrático”.

De acordo com o órgão, o país centroamericano está se afastando “cada vez mais” do Estado de Direito e das “liberdades fundamentais” ao perseguir “líderes políticos e indígenas, membros da Igreja Católica, ativistas e jornalistas” com “repetidos casos de detenção arbitrária”.

No dia 1º de janeiro, após rezar o Angelus, o Papa Francisco citou a situação enfrentada pela Igreja na Nicarágua, indicando acompanhar “com profunda tristeza” os acontecimentos. Ele convidou todos a orar insistentemente, e pediu que se procure o diálogo para superar as dificuldades.

Situação da Igreja na Nicarágua

A relação do governo da Nicarágua, liderado por Daniel Ortega com a Igreja Católica, tornou-se cada vez mais tensa nos últimos tempos. Em julho de 2022, missionárias da Caridade foram expulsas do país e alguns veículos de comunicação católicos foram fechados.

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Em 8 de março do ano passado, duas universidades foram “confiscadas” pelo governo nicaraguense e o estatuto jurídico da Caritas no país foi cancelado. Depois, o representante da Santa Sé na Nicarágua, Monsenhor Marcel Diouf, precisou deixar o país no dia 19 de março após “solicitação” do fechamento da Sede Diplomática, datada de 10 de março. Desde maio, algumas contas bancárias de dioceses locais foram congeladas, com a alegação de investigação por parte da polícia nicaraguense.

No final de junho de 2023, a Corte Interamericana de Direitos Humanos ordenou que Dom Rolando fosse libertado por meio de uma resolução de medidas provisórias, dando como prazo o dia 7 de julho. No dia 3, o governo da Nicarágua anunciou a libertação do bispo, mas devido à sua recusa em sair do país, ele voltou a ser preso no dia 5.  Diante dessa situação, dezenas de personalidades católicas publicaram uma carta denunciando a perseguição religiosa no país e solicitando a libertação do religioso. Por fim, em agosto, a Ordem dos Jesuítas foi declarada ilegal

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