Purpurado presidiu a Santa Missa no Santuário de Fátima na manhã desta quinta-feira, 13
Da redação, com Vatican News
Sonhar uma humanidade a partir da mensagem de Fátima. Foi o que pediu o Cardeal Tolentino durante homilia da Santa Missa presidida nesta quinta-feira, 13, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal.
O purpurado português voltou a falar de Fátima como um ‘lugar’ de onde se pode iniciar um “novo começo”. O presbítero desafiou os presentes a transformarem “a crise em oportunidade” e “a calamidade em esperança”.
A Missa foi por ocasião do aniversário das aparições da Virgem a Jacinta, Francisco e Lúcia. “Fátima ensina como se ilumina um mundo que está às escuras. Seja o pequeno mundo do nosso coração, seja o coração do vasto mundo” disse.
A Peregrinação Internacional de maio tem como tema ‘Louvai o Senhor, que levanta os fracos’”.
Santuário de Fátima
O cardeal destacou que o Santuário de Fátima vai muito além da dramática expressão de tantas lágrimas, demandas e promessas. “Os peregrinos de Fátima experimentam que é muito mais do que isso”.
“Aquilo que experimentamos é que chegamos aqui inquietos, vazios, divididos, irreconciliados ou sedentos, que chegamos aqui como o filho pródigo, e que Maria realiza em nós – com misericórdia e inesquecível doçura – o mandamento de amor que recebeu de Jesus: ‘Mulher, eis aí o teu filho’, ‘eis aí os teus filhos’”, frisou.
Ao chegar em Fátima, o purpurado afirma que sempre se chega de mãos vazias. Mas de Fátima é possível levar um sonho. “Fátima ensina, assim, como se ilumina um mundo que está às escuras”, reiterou.
Um novo começo
Segundo Dom Tolentino, Fátima é um lugar onde pode-se iniciar um “novo começo”. Ele desafiou os presentes a transformarem “a crise em oportunidade” e “a calamidade em esperança”.
As restrições ainda impostas pela pandemia foram recordadas. O cardeal sublinhou que a fé transforma a experiência da crise em “ocasião para relançar a vida”.
“Olhando para a cruz poderíamos pensar que Jesus estava brutalmente confinado. E estava. Mas o verdadeiro desconfinamento é aquele que o amor opera em nós”, indicou.
O presbítero suscitou que a experiência de sofrimento de Jesus “ensina a transformar as crises em laboratórios de esperança”.
Relançamento espiritual
A necessidade de um “relançamento espiritual” para o pós-pandemia, que ultrapasse a “expressão material da vida” foi defendida pelo bispo.
“Numa hora de encruzilhada da história como esta que vivemos não podemos fazer coincidir o relançamento da esperança unicamente com o cuidado pela expressão material da vida”, afirmou.
É preciso garantir o sustento, mas também uma vida espiritual. “Os maiores momentos de crise foram superados infundindo uma alma nova, propondo caminhos de transformação interior e de reconstrução espiritual da nossa vida comum”, explicitou.
O cardeal considerou ainda que o mundo enfrenta “um imenso desafio de renascer”, por causa da crise provocada pela Covid-19.
O momento é também de revisão crítica do caminho que realizámos até aqui, de fazer uma espécie de balanço interior que avalie os nossos estilos de vida, exortou Dom Tolentino.
“Não basta voltarmos exatamente ao que éramos antes: é preciso que nos tornemos melhores. É preciso um suplemento de alma. É preciso que desconfinemos o nosso coração. (…) Não tenhamos dúvidas: a reconstrução pós-pandemia depende do modo como encararmos a fraternidade”, assinalou, citando o pensamento do Papa Francisco.
JMJ 2023 e os 40 anos do atentado contra João Paulo II
O bispo falou em particular aos jovens portugueses que se preparam para acolher, no verão de 2023, a Jornada Mundial da Juventude. Ele pediu a eles que “em vez de ter medo, tenham sonhos”.
“O mundo fatigado por esta travessia pandémica que ainda dura, e que pede a cada um de nós vigilância e responsabilidade, não tem apenas fome e sede de normalidade: precisa de novas visões, de outras gramáticas, precisa que arrisquemos ter sonhos”, declarou.
O presidente da celebração evocou o 40º aniversário do atentado contra São João Paulo II, na Praça de São Pedro. A primeira viagem do Papa polaco a Fátima, em maio de 1982 também foi relembrada.
Aliás, o cálice utilizado durante a celebração foi oferecido por João Paulo II, no décimo aniversário do seu atentado, no decurso da segunda viagem à Cova da Iria.
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75 anos da coroação da Imagem da Capelinha das Aparições
Além desta evocação, hoje em Fátima assinalam-se também os 75 anos da coroação da Imagem que se venera na Capelinha das Aparições.
Oferecida pelas mulheres de Portugal, numa campanha de recolha de peças de joalharia, em agradecimento à Virgem de Fátima pelo fato de o país não ter tomado parte na II Grande Guerra.
A coroa preciosa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima é uma criação da Casa Leitão& Irmão, Antigos Joalheiros da Coroa. Embora tenha sido ofertada em 1942, só após o término da guerra foi colocada na escultura, em 13 de maio de 1946.
Em 1989, a coroa recebe uma última “joia”: a bala que ferira João Paulo II no atentado de 1981 e por este oferecida ao bispo de Leiria, em 1984, foi encastoada no orifício que existia na parte inferior do globo de turquesas, no eixo da cruz.
Se a coroa era já, quer pelas razões da sua materialidade, quer pelas razões relacionadas com a devoção, uma peça de grande valor, a partir dessa data ganhou um valor incalculável.