Arquidiocese celebra seu patrono São Paulo, que também é padroeiro do estado e da cidade que completa hoje 467 anos
Julia Beck
Da redação
O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, presidiu nesta segunda-feira, 25, Missa solene às 9h pela festa da Conversão de São Paulo Apóstolo e o aniversário de 467 anos da cidade de São Paulo . A Eucaristia concluiu o tríduo festivo da Igreja na capital paulista, juntamente com a participação de autoridades civis e religiosas. No início da celebração, um ato em homenagem às vítimas da covid-19 foi anunciado. O momento aconteceu após a missa.
Os fiéis puderam participar presencialmente da missa. A Catedral da Sé tem respeitado os protocolos atuais para a enfrentamento da pandemia de Covid-19, como a obrigatoriedade do uso de máscara no interior do templo, totens com álcool em gel para a higienização das mãos e marcações nos assentos para garantir o distanciamento social. Nesta segunda-feira, mais missas foram e estão sendo realizadas em paróquias de toda a cidade.
No início de sua homilia, Cardeal Scherer rezou pelos doentes, idosos, aflitos e pelos que têm grandes responsabilidades na capital paulista. Ele afirmou que a solenidade é um importante momento de celebração do início do cristianismo, dos primeiros anos após a mote de Jesus, sua ressurreição e glorificação.
Quando a fé cristã começou a se espalhar, recordou Dom Odilo, as autoridades da época ficaram preocupadas com a expansão do Evangelho, entre eles Saulo, um jovem zeloso pelas leis da sua religião e preocupado com o desvio dos ensinamentos antigos. “Ele perseguia os cristãos”, apontou o cardeal.
Ainda jovem, o arcebispo de São Paulo lembra que Saulo foi testemunha do martírio de São Estevão, primeiro mártir católico. “Em um dia, Saulo foi surpreendido pela luz que vinha do alto, uma luz abundante que o deixou cego, e no meio da luz uma voz que o chamava pessoalmente: ‘Saulo por que me persegues? ‘. Saulo queria saber quem falava com ele, e a voz disse que era Jesus. Saulo perseguia os cristãos, ou seja, Jesus. Em seguida, o jovem perguntou a Jesus: ‘O que devo fazer?’. E assim começou a história da conversão do apóstolo de Saulo para Paulo”.
Após a sua conversão, Paulo deu passos no ensino cristão e tornou-se o grande apóstolo missionário de Jesus, sublinhou Cardeal Scherer. “De perseguidor a maior missionário do Evangelho. Paulo é o que levou o Evangelho ao maior número de povos, dilatando as fronteiras da Palavra de Deus”.
“A graça de Deus pode mudar uma vida quando a pessoa se abre e pergunta: ‘O que devo fazer, Senhor?’”, destacou o cardeal. Dom Odilo afirmou que é preciso colocar-se, sinceramente, a ouvir Deus e perguntar-se: “Estou no caminho certo? Estou fazendo a coisa certa?”, e tais questionamentos, sublinhou, devem ser feitos na vida pessoal, na igreja, nas comunidades, na vida profissional, social, na edificação da cidade.
O cardeal recordou que a cidade de São Paulo nasceu de um bom propósito: levar o Evangelho aos povos, promover a paz, a defesa da vida, a dignidade da pessoa, a cultura, a fraternidade, a boa convivência. Dom Odilo citou os padres jesuítas e deu destaque aos sacerdotes da congregação fundadora da cidade que estavam presentes na missa.
“Estes missionários iniciaram o primeiro núcleo urbano em torno de um colégio, de uma capelinha, onde se expressava uma vida segundo os valores do Evangelho. Este é o projeto inicial da cidade de São Paulo. (…) Após 467 anos, somos colocados diante da mesma pergunta, hoje, nessa imensa metrópole, tão plural: ‘O que devemos fazer para que esse projeto inicial, que era bom, continue marcando a vida dessa cidade?’”.
Todos são chamados a contribuir, cada um com a sua parte, para que São Paulo seja uma cidade boa para todos, comentou Dom Odilo, que também defendeu o valor da pessoa humana, pediu que ninguém fique esquecido ou marginalizado e promoveu a busca por uma convivência sadia entre todos.
“Olhar para a cidade de São Paulo agradecendo a Deus por esse projeto inspirador”, é o que exortou Dom Odilo. O cardeal destacou que todos são levados a olhar muito mais para os problemas, mas que não devem se esquecer das coisas boas, da generosidade e solidariedade dos paulistas que devem ser destacados após um ano de pandemia, um ano difícil.
Por fim, o arcebispo de São Paulo rogou: “Que Deus nos ajude a não esquecer aquilo que os que iniciaram a nossa cidade tinham em mente: uma comunidade humana de sadia convivência, cuidado reciproco, tendo o Evangelho como um horizonte, uma luz que orienta. Nunca se esquecer de perguntar: ‘O que posso fazer para edificar a cidade de São Paulo?’.