Dom Bernardito Auza falou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação em que se encontra Oriente Médio
Da redação, com Vatican News
O observador permanente da Santa Sé na Onu, Dom Bernardito Auza, em sua declaração esta segunda-feira, 28, em Nova York no debate aberto do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o Oriente Médio, incluindo a questão palestina, lançou um olhar abrangente sobre os “trágicos conflitos que continuam afligindo” terras e povos da região.
As últimas informações obtidas pela Onu, referiu o núncio apostólico, evidenciam que no Iêmen “a situação humanitária permanece desastrosa”: crianças que “morrem de fome”, escassez de água potável, graves danos à economia, difícil acesso às ajudas humanitárias sobretudo para quem não consegue “fugir das linhas de frente da guerra”.
Além disso, o mês de setembro foi até então o mais mortal de 2019, com uma média de treze mortos por dia. Continua sendo “essencial” um cessar-fogo “repetidamente” solicitado pelo próprio Conselho de Segurança para acabar com o “intolerável” sofrimento do povo iemenita, reiterou o arcebispo filipino.
Nessa perspectiva, se faz votos de uma “interrupção do fluxo de armas na região”, porque a pior crise humanitária no mundo se verifica onde as armas e as munições circulam livremente”, ressaltou.
O conflito na Síria
Foi expressa “grande preocupação” também com a crise na Síria e com os recentes eventos no nordeste do país médio-oriental. O “passo importante” dado com o anúncio da primeira reunião do Comitê constitucional, chamado a redigir a nova carta fundamental do país na esperança de pacificar uma terra martirizada há mais de oito anos de conflito, programado para esta quarta-feira (30/10), em Genebra, na Suíça, constitui “um raio de esperança”.
Contudo, como recentemente ressaltado pelo Papa Francisco, é preciso uma assistência humanitária “segura, amparada e sem obstáculos” a ser dada àquelas populações obrigadas a fugir desde o início de outubro, inclusive crianças, assegurando o “pleno respeito” dos direitos humanos fundamentais, a conservação da “identidade étnica” e evitando novos motivos de “tensões e injustiças”, frisou.
A questão palestina
Concentrando-se sobre a questão palestina, há quase três anos da resolução 2334 do Conselho de Segurança da Onu sobre os assentamentos israelenses, dom Auza recordou que as Nações Unidas constataram que os assentamentos “aumentaram”, as demolições foram “aceleradas”, as violências e os incitamentos “continuaram”, o alcance da unidade inter-palestina parece uma “perspectiva cada vez mais distante” e as negociações críveis “ainda devem ser iniciadas”. Um quadro como esse incide nas perspectivas de uma “paz duradoura” e sobre a solução dos “dois Estados”, acrescentou o núncio apostólico.
A tensão é “ulteriormente” agravada por uma “retórica prejudicial, pelas ameaças, o terrorismo e a violência, incluindo por vezes o uso desproporcional da força” por parte dos aparatos de segurança.
A divisão entre palestinos torna “a retomada do diálogo uma prioridade absoluta” e, ao mesmo tempo, a não formação de um governo da parte de Israel é “motivo de preocupação”.
Os cristãos do Oriente Médio
Ademais, é necessário fazer todo o possível para garantir que os Lugares Santos sejam protegidos segundo o direito internacional e o status quo de Jerusalém, ao tempo em que se registra uma “grande preocupação” com as comunidades cristãs “obrigadas a abandonar” tais terras em busca de paz e segurança: a presença delas nestes lugares são de “importância fundamental”, observou o prelado.
O observador permanente da Santa Sé na Onu ressaltou que se deveria fazer mais para assegurar a proteção dessas comunidades cristãs, não somente por uma questão de sobrevivência, mas também na ótica do desenvolvimento humano integral.
Estado da Palestina ao lado do Estado de Israel
Recordando como foi dito que a credibilidade do Conselho de Segurança acaba sendo “desgastada” com a falta de aplicação plena das resoluções sobre a questão palestina, o núncio observou que o momento atual se mostra como o momento em que “as decisões tomadas e os mecanismos em curso devem ser utilizados eficazmente para realizar o objetivo de um Estado palestino, que viva em paz e segurança ao lado do Estado de Israel, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas a nível internacional”.