Coordenador da Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba destaca importância de profissionais que atuam nestas celebrações terem conhecimento de normas da Igreja
Julia Beck
Da redação
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Foto: Canva Pro
Exageros encontrados nas celebrações do Sacramento do Matrimônio e a falta de entendimento dos profissionais durante a cerimônia motivaram a Arquidiocese de Curitiba a estabelecer normas e um curso sobre o tema. A formação é destinada a cerimonialistas, músicos, floristas, decoradores, fotógrafos e cinegrafistas que atuam nestas celebrações.
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O cerimoniário mor e coordenador da Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba, diácono Cleverson Martins Teixeira, assinala que, primeiramente, é preciso compreender que as celebrações litúrgicas têm um ritmo e uma ritualidade a serem seguidas. A partir deste entendimento, ele afirma que fica mais claro o centro do sacramento: Jesus Cristo.
“Quando os profissionais não seguem as normas, eles se tornam o centro, chamando muita atenção para eles e acabam deixando de lado a pessoa mais importante, que é o próprio Cristo”, frisa.
Surgimento das normas
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Diácono Cleverson Martins Teixeira /Foto: Arquivo Pessoal
O diácono esclarece que as normas já existiam, pois são tiradas do Ritual do Matrimônio. No entanto, ele explica que outras foram acrescentadas por volta de 2006, depois de muita observação e vivência nas comunidades.
“Diversos profissionais não católicos não entendiam que estavam trabalhando durante um ato de espiritualidade, num espaço sagrado, por isso transitavam por todos os espaços sem o devido respeito e zelo. Usavam do altar como escrivaninha ou mesa para colocar os instrumentos deles. Além de, muitas vezes, pedir para o celebrante sair do lugar para a melhor foto, entre outros abusos”, conta.
Algumas orientações
As normas são gerais, mas também específicas para cada profissional. O coordenador da Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba indica que para os cerimonialistas, é informado que o trabalho deles se desenvolve antes e após a celebração, nunca durante.
“Eles devem respeitar os horários acordados com a paróquia e não devem apresentar sugestões para a celebração, além de não estimular entradas alheias à celebração como plaquinhas, animais entre outros”, acrescenta.
Fotógrafos e cinegrafistas não devem fotografar em movimento durante a celebração da Palavra e, principalmente, não devem adentrar no presbitério durante toda a celebração.
Quanto à ornamentação, diácono Cleverson afirma que deve haver parcimônia nos enfeites, sem exageros, e permitindo que todas as testemunhas (convidados) assistam e participem de toda a celebração.
“Aos músicos, ensinamos que as músicas devem ressaltar a dignidade do ato sagrado celebrado. Não devem utilizar músicas temas de filmes, séries, novelas e MPB, além de clássicas que não enaltecem o rito”.
Procura por formação
O cerimoniário mor da Arquidiocese de Curitiba conta que os profissionais estão começando a procurar mais essa formação. “Isso se dá porque estivemos mostrando aos padres e atendentes paroquiais que, ao receberem profissionais devidamente formados, o índice de problemas no andamento da celebração do sacramento cai grandemente”, reforça.
A partir do curso, o diácono ressalta que os padres e atendentes paroquias têm como conversar e reforçar as orientações. Por consequência, a compreensão dos profissionais se torna mais fácil, já que foram formados sobre isso.
Curso
O curso “Normas do Matrimônio” da Arquidiocese de Curitiba está com vagas abertas e acontecerá em fevereiro de 2025 na cúria metropolitana de Curitiba. O coordenador da Comissão Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba revela que a formação passa por uma reestruturação para este próximo ano.
“Como a procura está se tornando muito grande, iremos realizar a formação para os novos nos meses pares e a reciclagem formativa para os que já possuem a carteirinha, mas que teve a data de validade expirada”, pontua.
Na formação, diácono Cleverson (que é responsável pelo curso) conta que os sete sacramentos são explicados, mas o foco é no sacramento do matrimônio. Todo o rito é repassado e, na sequência, o espaço sagrado é apresentado, mostrando como cada profissional pode atuar.
“Mostro exemplos de situações verdadeiras que enfrentamos em algumas comunidades e explico onde os profissionais erraram. Por fim, apresento as normas para cada profissional”, complementa.
A formação é para todos os profissionais, católicos e não católicos, que desejam atuar no sacramento do matrimônio na Igreja Católica e tem o custo de 50 reais. A carteirinha que os participantes recebem tem validade para todo o território da Arquidiocese de Curitiba, mas a formação vale para toda a Igreja.