Mais nova obra do Frei Francesco Patton busca explicar o valor simbólico de palavras das Sagradas Escrituras através de uma ordem alfabética
Da redação, com Vatican News
Uma coleção de palavras e reflexões ricas de sabedoria, em ordem alfabética e na língua italiana, para apoiar qualquer um que se coloque “em escuta às Escrituras”. Esse é o sentido do “Abecedário bíblico – Nutrir-se das Escrituras de A a Z”, escrito pelo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton. A obra foi recém publicada pela Editora Terra Santa e ganhou o prefácio de Dom Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém.
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O desejo de escrever esta “enciclopédia”, explica o próprio Frei Patton, já estava há muito tempo na gaveta: durante o último verão caracterizado pelo lockdown, o Custódio da Terra pegou o material em mãos, reelaborou e corrigiu o texto para, então, finalmente publicá-lo:
“A ideia é muito simples: é aquela de fazer um abecedário, de seguir a ordem alfabética, algo que na Bíblia também se encontra em vários Salmos, nos chamados Salmos Alfabéticos. Depois, pegar uma palavra para cada letra do alfabeto italiano, desenvolvendo o significado simbólico que essa palavra tem dentro das Sagradas Escrituras”.
E aí surge, então, um caminho que vai de A, como água, a Z?
Frei Patton: A palavra “água” é uma palavra fundamental na Bíblia, porque já é encontrada no Gênesis quando Deus separa as águas, e depois na história de Noé, a travessia do Mar Vermelho, e ainda no tema batismal, quando o próprio Jesus entra nas águas do Jordão. É, portanto, um desenvolvimento, por assim dizer, de reflexão sobre o símbolo da água, também como uma entrada na vida cristã. Depois, obviamente, as palavras se sucederam para o ‘B’, que eu peguei a palavra ‘barco’, que me parece muito significativa nestes tempos. Inclusive o Papa Francisco, naquela extraordinária oração noturna feita no Vaticano, parou para refletir sobre o tema do barco, sobre o fato de que estamos todos no mesmo barco (oração pela pandemia de 27 de março deste ano), o barco que é também o símbolo da Igreja. Depois o “C”, para “casa”, e assim por diante. É claro, quando se escolhe uma palavra por letra, exclui-se outras, que talvez sejam também muito importantes, mas que já ganharam reflexões em outras ocasiões. Minha paixão era poder refletir sobre palavras comuns à luz da Palavra com um ‘P’ maiúsculo, que é a Palavra de Deus, e ir descobrir esses significados escondidos, que também é uma maneira de aprender a amar as palavras. Nós somos feitos de palavras, e a Palavra de Deus, no livro do Gênesis, nos diz que fomos criados com um: “E Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’.”
Quando se trata de Jesus, o senhor o coloca sob “pastor”, “cordeiro”, “vidas”, “cruz”, como o senhor indica?
Frei Patton: Eu diria que Jesus está presente em todas as 21 palavras, no sentido de que eu parto das palavras, do significado que elas têm, desenvolvo um pouco o significado que está dentro da Bíblia, e depois sempre me refiro ao que é também o relato evangélico e, portanto, a Jesus. Assim, na realidade, Jesus está presente de A a Z.
Gostaria de citar as palavras de dom Pizzaballa, que é o autor do prefácio, quando diz que esta obra é realmente uma enciclopédia, pequena, mas é uma enciclopédia, que com a sua originalidade e sabedoria evangélica envolve aqueles que leem a partir das primeiras linhas…
Frei Patton: A linguagem que tentei usar é uma linguagem popular, por isso evitei fazer notas, de colocar citações bibliográficas – e isso eu declaro desde o início. É difícil julgar o próprio trabalho, mas a impressão que eu tive é que é algo que se pode realmente com prazer e que pode servir por curiosidade de alguém, para fazer dar vontade de ler inclusive outras palavras, aprofundar outras palavras. É também uma proposta para um método de leitura: partir das palavras para descobrir o profundo significado que têm em nível humano, mas depois chegar ao significado que têm dentro da Palavra de Deus.