SERVOS DO ALTAR

Coroinhas são fundamentais para construir Igreja de amanhã, afirma frei

No dia em que a Igreja celebra São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas, acólitos e cerimoniários, jovens falam sobre chamado a serviço no altar

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Arquidiocese de São Salvador da Bahia

A Igreja celebra, nesta quinta-feira, 15, a memória litúrgica de São Tarcísio. Mártir da Eucaristia que viveu no século III, ele foi morto quando ainda era adolescente enquanto levava a comunhão para cristãos presos. Por conta de seu empenho em defender o Corpo de Cristo de seus perseguidores, o jovem foi declarado padroeiro dos coroinhas, acólitos e cerimoniários.

Frei Luis Felipe Marques / Foto: Arquivo pessoal

Assessor da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Frei Luis Felipe Marques comenta que o amor de São Tarcísio à Eucaristia leva à conclusão de que o jovem era um verdadeiro coroinha. “Em tempos de perseguição cristã, o hábito de levar a Eucaristia aos prisioneiros e aos enfermos se tornava muito perigoso”, explica.

Atualizado para os dias atuais, o desejo de estar perto de Jesus também é expresso pelos coroinhas. Frei Luis Felipe cita, como exemplo, a renúncia ao tempo de ficar com os amigos e ao descanso dominical para servir a Deus. “O serviço das crianças e jovens é, realmente, um testemunho dentro e fora da Igreja”, afirma.

Construir a Igreja de amanhã

O assessor indica ainda que “a atenção à delicadeza do rito, o cuidado com as posições corporais, a simplicidade dos gestos e o recolhimento interior são valores que uma criança aprende no serviço à liturgia e que pode levar para a vida”. Dessa forma, “o grupo de coroinhas e ministrantes ajuda as crianças a crescerem em humanidade e em uma amizade verdadeira e profunda com Deus”.

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Além disso, o religioso salienta que o serviço ao altar é também uma oportunidade de descobrir a vocação, responder ao chamado e viver a missão por toda a vida. “Aprender, desde criança, a servir a comunidade na ação litúrgica é fundamental para construir a Igreja de amanhã”, manifesta.

Além do altar

Priscila Ribeiro / Foto: Arquivo pessoal

Priscila Ribeiro participa dessa missão enquanto coordenadora da Pastoral dos Servidores do Altar da Catedral São Dimas, em São José dos Campos (SP). Ela destaca que o cuidado com os coroinhas e cerimoniários envolve despertar o amor à Palavra de Deus e a Jesus Eucarístico, que é a essência do servir.

“Além das escalas de missas e formações continuadas, é preciso cuidar da espiritualidade dessa juventude para que eles não fiquem apenas na superficialidade, mas façam uma experiência verdadeira com o amor de Deus através desse chamado especial”, afirma Priscila.

O serviço de coroinha, explica, não é só ajudar o padre. Antes, “é preciso ser amigo de Jesus, estar perto dele, ter intimidade e ser guardião da Eucaristia, dando continuidade à missão de São Tarcísio”, manifesta a coordenadora.

Além dos aspectos próprios do serviço ao altar, Priscila salienta também outros benefícios adquiridos pelos jovens durante essa vivência. “São despertadas habilidades que, muitas vezes, não seriam exploradas pela criança, adolescente ou jovem. Espiritualmente, eles vão crescendo em graça e sabedoria – como Jesus – através de situações concretas na Pastoral, e isso reflete no desenvolvimento humano, porque a maior transformação acontece de dentro para fora, do coração para o comportamento externo”, relata.

Desejo de estar perto de Deus

Luís Felipe de Lima / Foto: Arquivo pessoal

Servo na Catedral São Dimas, Luis Felipe, de 17 anos, reconhece como o serviço ao altar o aproxima de Deus. “Sinto um enorme fogo que arde dentro de meu peito por assistir e coordenar a Santa Missa”, testemunha. “Estando presente nas celebrações e ouvindo a Palavra de Deus, posso repassar para tantas outras pessoas que também querem ouvir a Palavra”.

O cerimoniário conta que queria estar no presbitério desde cedo, quando participava das Missas, desejando estar mais próximo de Deus. “Amo ser responsável por cuidar da Santa Missa, pois me sinto incrível por estar contribuindo para que a Palavra de Deus flua sobre tantas pessoas”, exprime Luis Felipe.

Olivia Borsoi / Foto: Arquivo pessoal

Olívia, de 13 anos, também é coroinha na Catedral São Dimas e logo diz qual é sua função favorita nas celebrações. Ela gosta de ser ceroferária, ou seja, carregar a vela, “por ser uma função super legal e especial”.

A jovem também partilha que, “servindo no altar, fica bem mais perto de Jesus e cria uma conexão especial e única com Ele”. Contudo, Olívia conta que o “ser coroinha” não se restringe somente às celebrações. “Não adianta só ser comportada, concentrada e responsável na Missa; tem que ser assim também na nossa vida, fora da igreja”, conclui.

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