O Secretário de Estado do Vaticano discursou na COP27, evento que discute maneiras de diminuir a emissão de gases poluentes à atmosfera
Da redação, com Boletim da Santa Sé
A cidade egípcia de Sharm el-Sheikh é sede, de 6 a 18 de novembro, da reunião global que discute as mudanças climáticas, a COP27. Nesta terça-feira, 8, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, discursou sobre a importância das medidas a serem tomadas para salvaguardar a Casa Comum.
Esta é a primeira sessão em que a Santa Sé participa como Estado Parte da Convenção e do Acordo de Paris. De acordo com o cardeal, a Santa Sé está comprometida a promover uma educação ecológica integral e reduzir as emissões de gases poluentes até 2050.
“Com efeito, não bastam medidas políticas, técnicas e operacionais. Devem ser combinadas com uma abordagem educativa que promova novos estilos de vida, ao mesmo tempo que promova um padrão renovado de desenvolvimento e sustentabilidade baseado no cuidado, fraternidade e cooperação como humanidade e no fortalecimento da ‘aliança entre o ser humano e o meio ambiente'” — afirmou Parolin, citando o Papa Emérito Bento XVI, em seu discurso proferido em 2008 para o Dia Mundial da Paz.
Momento oportuno
Parolin ressaltou que a humanidade vive um momento ideal “para uma conversão concreta e decisiva que não pode mais ser postergada”. “A face humana da emergência climática nos desafia profundamente. Temos o dever moral de agir concretamente para prevenir e responder aos impactos humanitários cada vez mais frequentes e severos causados pelas mudanças climáticas”, observou o Secretário de Estado.
As mudanças climáticas estariam, segundo Parolin, impulsionando eventos como a migração, por exemplo. “Mesmo quando não têm acesso à proteção internacional, os Estados não podem permanecer sem soluções tangíveis, inclusive nas áreas de adaptação, mitigação e resiliência. Onde isso não for possível, é importante reconhecer a migração como uma forma de adaptação e aumentar a disponibilidade e flexibilidade dos caminhos para a migração regular”, ponderou.
A mensagem do Pontífice
Em 2021, durante a COP26 em Glasgow, na Escócia, o Papa Francisco enviou uma mensagem na qual citou os efeitos drásticos causados pela pandemia e as alterações no clima. “As feridas infligidas à nossa família humana pela pandemia de Covid-19 e o fenômeno das alterações climáticas são comparáveis aos resultados de um conflito global”, disse o Santo Padre à época.
“Agora, esta mensagem ganha ainda mais significado”, afirmou Parolin. “A nossa vontade política deve pautar-se pela consciência de que ou ganhamos juntos ou perdemos juntos”, reiterou.
Reunidos desde domingo, 6, líderes de grandes nações discutem as mudanças climáticas e os impactos que elas causam ao mundo — inclusive uma possível reparação aos países mais pobres, que sofrem ainda mais com a emissão de poluentes causadas pelos países mais ricos.
“Ao aderir à Convenção e ao Acordo de Paris, a Santa Sé está ainda mais empenhada em avançar juntos neste caminho, para o bem comum da humanidade e especialmente em nome da nossa juventude, que nos espera para cuidar do presente e das futuras gerações”, concluiu Parolin.