Devoção

Conheça a Beata Conchita, exemplo de santidade na vida ordinária

Tradutora do livro da beata, Renata Gusson conta sobre a vida e santidade de Conchita

Da Redação, com Mauriceia Silva

Beata Conchita/ Foto: Livro “Diário Espiritual de uma Mãe de Família”

Nesta terça-feira, 31, último dia do mês das mães, conheça a história de María Concepción Cabrera Arias de Armida. Conhecida como Beata Conchita, ela desafiou aqueles que creem que o matrimônio e a maternidade é incompatível com a santidade.

Mexicana, Conchita foi beatificada em 2019. Era casada, mãe de nove filhos (duas mulheres e 7 homens) e levou uma vida aparentemente ordinária, voltada para a vida interior, de sacrifício pelos filhos biológicos e espirituais.

A farmacêutica bioquímica, mestra em Ciências e tradutora do livro da Beata Conchita, Renata Gusson descreve María Concepción como uma mulher extraordinária em meio ao ordinário. “A gente pode dizer que a Beata Conchita é mãe, esposa, mística e muito apostólica. Ela tinha sede de almas para Jesus. Sempre quis conduzir almas para Cristo”, enfatiza.

Segundo Renata, a beata tinha colóquios com Jesus. Certa vez ela ouviu de Cristo: “Existem almas que receberam uma unção através da ordenação sacerdotal. Porém, há também almas sacerdotais que têm uma vocação sem ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas se oferecem em união comigo. Essas almas ajudam espiritualmente a Igreja de maneira poderosa. Tu serás mãe de um grande número de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu coração como mil martírios. Oferece-te como holocausto, une-te ao meu sacrifício para obter as graças para eles”.

Conchita passou então a chamar pessoas para se unirem a ela pela salvação dos pecadores. “Leigos em primeiro lugar, depois mais para o fim da vida fundando uma congregação de sacerdotes que são os missionários do Espírito Santo, e também as irmãs da Cruz. Inclusive uma das filhas dela foi uma das primeiras freiras. (…) Ela é muito apostólica, abarca todas as vocações na Igreja. Leigas, religiosas e sacerdotais”, explica Renata.

Conchita é comparada à Santa Tereza D’ávila porque fundou cinco obras. 

Mãe espiritual de sacerdotes

Em sua trajetória, a beata teve uma missão especial: ser mãe de sacerdotes, de onde nasceu sua espiritualidade “totalmente sacerdotal”.

Todas as obras que fundou tinham o objetivo de ajudar e rezar pelos sacerdotes. Sua vida foi um exemplo do valioso apoio feminino à vida e santidade da Igreja.

Unida à Cruz de Cristo

Renata explica que Conchita era totalmente unida à Cruz de Jesus. A conformidade com a vontade divina estava bem presente na vida da beata: “Ela enterrou ao longo da vida quatro filhos e o marido. Ajudou o sogro e a sogra a bem morrerem. A morte fez muito parte da vida dela”.

Mesmo se considerando fraca, Conchita foi uma mulher muito forte, destaca a tradutora do livro da beata.

Propagação da devoção

“No México ela é muito conhecida. Eu estive lá pessoalmente na beatificação e fiquei surpresa”, conta Renata. Ainda de acordo com ela, também nos Estados Unidos, Conchita é bem conhecida. 

O milagre que levou a mexicana a ser beatificada foi a cura do senhor Jorge Treviño. Ele tinha uma doença misteriosa que estava o paralisando ao longo dos anos. Os médicos já haviam tentado a sua recuperação de todas as formas.                                                                                            

“Por último os médicos tentariam uma injeção sistêmica de toxina botulínica. Treviño sofria de espasmos e cãibras que davam uma dor imensa. Ele faria um tratamento paliativo porque não tinha mais o que ser feito”, conta Renata.

Foi então que alguém deu a Treviño uma foto de Conchita. Renata comenta que ele se atraiu pelo olhar dela. “Quando disseram a ele que ela precisava de um milagre pra ser beatificada, ele com toda simplicidade disse: ‘Conchita vamos fazer um acordo, eu preciso da cura e você precisa de um milagre. Você me dá a cura e eu te dou teu milagre”.

Segundo a farmacêutica foi realmente o que aconteceu. No hospital, Treviño sonhou com Conchita. No sonho, a beata conversou com ele e disse que ele ficaria curado, mas que precisava levar uma vida cristã: se confessar, rezar e se converter. 

“A esposa dele, que estava o observando dormir no quarto, começou a vê-lo se espreguiçar e fazer um rosto de contentamento. (…) Ela chamou o médico e perguntou o que estava acontecendo. Quando ele acordou disse: ‘Nossa, eu me sinto tão bem. Já fizeram a operação?'”

Segundo Renata, hoje Treviño anda. Tudo foi documentado e enviado ao Vaticano. Foi declarado então o milagre.

Breve histórico

Concepción Cabrera de Armida nasceu em 8 de dezembro de 1862 na cidade de San Luis Potosí (México). Filha de uma família rica, era chamada carinhosamente por parentes e amigos de “Conchita” e cresceu muito próxima a Jesus Eucarístico.

Casou-se com Francisco Armida García, em 8 de novembro de 1884, e tiveram nove filhos. Um fato que marcou seu itinerário espiritual, segundo seus biógrafos, foi a visão que teve da Cruz do Apostolado enquanto rezava na igreja da Companhia de Jesus em San Luis Potosí.

Seu marido faleceu em 17 de setembro de 1901, no entanto, ela lutou para que seus filhos seguissem adiante, confiando em Deus e seguindo o exemplo da Virgem Maria.

Fundou o Apostolado da Cruz em 1894, as Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus em 1897, a Aliança de Amor com o Sagrado Coração de Jesus em 1909 e a Fraternidade de Cristo Sacerdote em 1912. Anos depois, conheceu padre Félix Rougier Olanier e, em 1914, assumiu a tarefa de dar origem à Congregação dos Missionários do Espírito Santo, em plena perseguição religiosa no México.

Fundada as cinco Obras da Cruz, Concepción Cabrera de Armida seguiu em frente e durante o governo de Plutarco Elías Calles deu refúgio a vários sacerdotes perseguidos. Um deles foi Dom Ramón Ibarra y González, primeiro arcebispo de Puebla e grande amigo das Obras da Cruz.

Morreu em 3 de março de 1937 na Cidade do México. Em 1999, foi declarada Venerável por São João Paulo II.

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