Evento acontece de 26 a 28 de agosto em Santa Catarina; inspiração na encíclica busca reforçar a necessidade de se viver no cotidiano da família esse amor entre os seus membros
Mauriceia Silva
Da Redação
XVI Congresso Nacional da Pastoral Familiar. / Foto: CNBB
Aproxima o Congresso Nacional da Pastoral Familiar que será realizado de 26 a 28 de agosto, em Governador Celso Ramos (SC), na arquidiocese de Florianópolis. O evento aprofundará reflexões sobre a temática do X Encontro Mundial das Famílias, realizado entre os dias 22 e 25 de junho, em Roma, sobre os desafios do mundo de hoje e a sinodalidade.
A última edição do Congresso aconteceu em 2017 na cidade de Cuiabá. Segundo o assessor Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, padre Crispim Guimarães, o evento acontece a cada três anos. Devido à pandemia da Covid-19, foi necessário adiar.
“Ainda tentamos fazer em 2021, mas infelizmente não foi possível devido às condições sanitárias, e foi adiado para este período, tendo em vista também uma avaliação que fizemos com a possibilidade de tê-lo agora.”
Sobre o tema “Amor familiar, vocação e caminho de santidade”, o padre Crispim afirma que, para chegar à santidade, é necessário que, de fato, o amor seja uma expressão do coração de cada pessoa, que é também uma expressão obviamente do amor que Cristo tem por cada um, por cada ser humano.
“Se não tiver amor, o que fazemos pode se tornar, simplesmente, um ato social. Isso não é o suficiente para que o reino de Deus seja vislumbrado, seja experienciado. Por isso, o lema, a partir do tema, nos lembra exatamente que é necessário que a gente tenha e traga como experiência concreta o amor que fazemos no contato pessoal com Jesus Cristo.”
Percurso em direção à santidade
Para o casal que faz parte da Coordenação nacional da pastoral familiar, Luiz e Kathia Stolf, o tema busca um alinhamento “de cima para baixo”, especialmente quando se trata de abrangência nacional, pois isso forma unidade e sinodalidade. A inspiração vem da encíclica Amoris Laetitia, onde se busca reforçar a necessidade de se viver no cotidiano da família esse amor entre os seus membros.
“O tema também quer afirmar que, ao viver esse amor naturalmente, o que é uma resposta a um chamado e por isso se torna vocação, a família vai construindo um caminho de santidade. Pode-se dizer ainda que viver o amor familiar é fazer um percurso em direção à santidade,” afirmou o casal.
Para eles o tema também quer iluminar a caminhada da família para que ela possa, diante de tantas realidades que o mundo oferece, escolher aquelas realidades que a levam para um lugar seguro sempre perto de Deus. Assim, a proposta é que a família possa testemunhar ao mundo que, com sabedoria e discernimento, é possível alcançar a santidade a partir e na família.
Para o padre Crispim, aprofundar o que aconteceu em Roma é fazer com que a dimensão da santidade seja algo que chegue ao coração das pessoas. Ele frisa que a melhor forma é falar da santidade, e assim meditar sobre ela. É necessário também, procurar vivê-la no cotidiano não só das casas, mas também em questões mais elaboradas, por meio de famílias, teólogos, teólogas que ajudaram em Roma, no congresso teológico, e vão ajudar também em Florianópolis.
“Esta experiência, portanto, de todo ano, com o material que comunga, desde aquilo que acontece nacionalmente aqui e aconteceu também na Semana Nacional da Família, pode ajudar a despertar nas famílias, nos casais, nos filhos, nos idosos, essa dimensão do caminho de santidade como uma vocação.”
Resgatar o verdadeiro e original papel da família
O casal Luiz e Káthia esteve presente no X Encontro Mundial das Famílias e percebe que, como delegados do Brasil, possuem a missão de fazer o repasse do conteúdo vivenciado durante os dias do evento. O objetivo foi justamente ajudar nos trabalhos pastorais com as famílias nos diversos países.
“No encontro mundial, foram apresentadas diversas experiências de trabalhos, que estão dando certo em muitos países. São linhas mestres de trabalho na evangelização das famílias. Também testemunhos edificantes de famílias que lutam a cada dia para viver o amor na família superando crises, mas vivendo a vocação matrimonial no dia a dia.”
O casal afirma que o XVI Congresso Nacional da Pastoral Familiar será um reflexo daquilo que vivenciaram em Roma. Eles também percebem, como família, que encontros como esse têm a primeira urgência em resgatar o verdadeiro e original papel da família, que tem sua origem no desejo de Deus.
“Poderíamos aqui resgatar uma frase de São João Paulo II quando ele afirma ‘Família, torna-te o que és’. Por isso é preciso urgentemente voltar a valorizar a família não só porque ela é projeto de Deus, mas também porque é a partir dela que tudo se desenvolve.”
Segundo Luiz e Kathia, a partir de então os coordenadores nacionais da pastoral familiar percebem que podem destacar alguns pontos importantes como, por exemplo, olhar a família como coautora da vida, e a profundidade disso é a abertura à vida.
“Hoje muitos casais desejam casar, mas não desejam ter filhos por razões econômicas ou por comodidade, outros terceirizam a educação para a catequese ou para a escola”.
Santidade: percurso natural dos filhos de Deus
A partir das catequeses de noivos, dos itinerários para o sacramento do matrimônio, Luiz e Kathia afirmam que viram grandes frutos através dos jovens casais. Eles puderam presenciar vários testemunhos no X Encontro Mundial das Famílias de casais que, apesar de suas fragilidades, estão sendo capazes de superar as dificuldades.
“Muitas vezes grandes feridas provocadas entre eles, mas que não desistiram, e continuam buscando a santidade em seu relacionamento. Como o próprio Papa nos lembrava, não há casais perfeitos, mas que buscam a santidade, portanto tornam-se servos de Deus, beatos, ou chegam à canonização, deveria ser um percurso natural dos filhos de Deus.”
Por fim, o casal também deixa um ensinamento que foi feito pelo Santo Padre, e o estende a todos. “Papa Francisco nos disse: O amor familiar é verdadeiramente uma vocação e um caminho de santidade. Vocês que estão perdidos por causa das dificuldades, não se deixem vencer pela tristeza, confiem no amor que Deus colocou em vocês, supliquem ao Espírito todos os dias para revivá-lo. Anunciem com alegria a beleza de ser família!,” concluíram, Luiz e Kathia.
Programação
O evento terá início na sexta-feira, 26, com um momento de animação às 17h, seguido da Missa de abertura, às 18h. A acolhida dos participantes e o credenciamento serão iniciados já às 15h.
No sábado, as atividades começam com a missa, às 7h30. Em seguida, haverá uma palestra sobre o tema do encontro. Serão três ao longo do dia, intercaladas com testemunhos e outras apresentações.
Já no domingo, haverá um momento de espiritualidade, seguido de animação e, em seguida, a apresentação da equipe nacional da Pastoral Familiar, que contará com nova composição por conta da Assembleia eletiva, que antecederá o Congresso.
As últimas atividades serão o anúncio do local do próximo Congresso Nacional da Pastoral Familiar e a missa de envio.
Confira a programação completa:
Dia 26 de agosto – Sexta-feira
- 15h00 – Acolhida/credenciamento;
- 17h00 – Animação;
- 18h00 – Missa de abertura;
- 19h00 – Apresentação das autoridades;
- 20h00 – Palestra: “Os desafios do mundo de hoje para a Família Cristã”.
Dia 27 de agosto – Sábado
- 07h30 – Missa;
- 08h45 – Tema: “Amor familiar, vocação e caminho de santidade” 1Cor 13,2: “Se não tiver amor eu nada seria”;
- 09h45 – Testemunho;
- 10h30 – Palestra: “Família e Sinodalidade”;
- 13h30 – Animação;
- 13h40 – Palestra: “Família e Redes Sociais”;
- 14h20 – Teatro: “Zélia e Jerônimo”;
- 14h40 – Sala das vocações: “Família fonte de vocações: como a minha vocação surgiu da família;
- 16h00 – Testemunho;
- 16h30 – Palestra: “Amor em família: maravilhoso e frágil”;
- 17h30 – Teatro: “Viver com as famílias”.
Dia 28 de agosto – Domingo
Manhã volta para assuntos pertinentes à Pastoral Familiar
- 07h30 – Espiritualidade;
- 08h15 – Apresentação da Equipe Nacional: Propostas, perspectivas;
- 10h30 – Anúncio do local do XVII Congresso e agradecimentos;
- 11h00 – Missa e envio.
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