Dia do santo

Confissão com Padre Pio me levou à decisão vocacional, relata sacerdote

Padre Giovanni Mezzadri conta como encontro pessoal com Padre Pio de Pietrelcina o fez enxergar chamado de Deus e dar o passo de entrar no seminário

Kelen Galvan
Da redação

Padre Giovanni Mezzadri relata experiência pessoal com Padre Pio / Foto: Montagem – Diego Miranda / Igreja dos Capuchinhos

Foi no ano de 1959 que Padre Giovanni Mezzadri, italiano que reside do Brasil há 52 anos, visitou San Giovanni Rotondo. Atendendo um convite para acompanhar seu primo em uma peregrinação até a cidade, ele, na época com 22 anos, viveu a experiência de confessar-se com Padre Pio (celebrado pela Igreja nesta segunda-feira, 23), exatamente no dia de Nossa Senhora das Graças.

Tudo começou anos antes, quando ele tinha 19 anos e morava na cidade italiana de Parma. Ao ler um artigo de uma revista dos Missionários Xaverianos, que falava que muitas pessoas ainda não conheciam Jesus, sentiu que Deus o chamava a ser sacerdote, mas logo recusou.

“Naquele tempo, somente meninos de 11, 12, 15 anos no máximo entravam no seminário. Eu me sentia já fora, já estava trabalhando, por isso tive até medo, me assustei e recusei logo”, lembra.

Na tentativa de esquecer a vocação, ele procurou ocupar sua mente com outras coisas. “Namorei por três meses, mas sentia ainda este chamado que me perturbava. Concorri a uma bolsa de estudo gratuito de piloto e consegui. Depois que entrei na aeronáutica italiana, pedi para dirigir os aviões mais complicados. Sempre com a finalidade de esquecer a vocação. Mas não esquecia”.

Por mais que tentasse ocupar seus pensamentos, continuava sentindo um incômodo interior, que chamava de “tentação”. Até que, um dia, seu primo o convidou para acompanhá-lo a San Giovanni Rotondo.

“… ele, olhando para mim, com aqueles olhos fixos que penetram a alma, me disse: ‘que tentação? Faz três anos que está resistindo ao chamado de Deus!”

“Eu fui e ficamos lá três dias (…) até que chegou o momento da confissão. Eu disse ao Padre Pio: ‘Ás vezes, me vêm a tentação de entrar no seminário’. Falei tentação com uma esperança de que ele me tirasse este desejo. Mas ele, olhando para mim, com aqueles olhos fixos que penetram a alma, me disse: ‘Que tentação? Faz três anos que está resistindo ao chamado de Deus!'”, lembra o sacerdote. Essa resposta o fez enxergar com clareza essa verdade e sentiu a força necessária para dar o passo de deixar a aeronáutica e entrar no seminário.

Chamado de Deus

Ele explica que sua mãe, durante sua gestação, o consagrou a Nossa Senhora, pedindo a graça de ter um filho missionário. Ela faleceu quando ele tinha nove anos. “Nesta visita a Padre Pio, ele me revelou que eu estava resistindo ao chamado de Deus. Provavelmente, minha mãe deve ter pedido a Nossa Senhora, com a ajuda de Padre Pio, que desse um jeito nesse rapaz de cabeça dura, que não queria aceitar o chamado de Deus”.

Padre Giovanni lembra que saiu do confessionário chorando, porque sentiu que estava rejeitando um grande dom de ser sacerdote. Ao sair da Igreja, a praça estava lotada de fiéis que iriam iniciar uma procissão com a imagem de Nossa Senhora. Ele disse ao primo que precisava carregar o andor, consegui chegar até lá e carregá-lo por um tempo.

“Mais tarde, compreendi porque eu senti esta força que me levava a carregar o andor. Porque, quando Padre Pio fazia alguma graça, e a pessoa ia agradecer-lhe, ele mandava as pessoas agradecerem a Nossa Senhora. E, ali, senti, naquele ímpeto de ir carregar o andor, uma forma de agradecer Nossa Senhora. Jesus quis que Maria fosse a medianeira de todas as graças”.

Ele entrou no seminário em 1960, foi ordenado sacerdote em 1970, na Congregação dos Missionários Xaverianos. Dois anos depois, veio para o Brasil, onde permanece até hoje. Atualmente, está na cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo.

Um auxílio constante

Padre Giovanni diz que esse foi o único contato pessoal com Padre Pio, mas ele sempre sentiu a companhia do santo ajudando-o em sua caminhada. “Digo que, durante a minha vida sacerdotal, sempre tive a ajuda também do Padre Pio. Uma vez, sonhei que ele me dizia: ‘Mas que religioso você é? Trabalha muito e reza pouco’. E isso me colocou na linha”, lembra.

“Uma vez, sonhei que ele me dizia: ‘Mas que religioso você é? Trabalha muito e reza pouco’. E isso me colocou na linha”

Ele conta que, em várias ocasiões, percebeu o auxílio do Santo de Pietrelcina, livrando-o de algum problema. “Uma vez, voltando da Itália para o Brasil, estava com dinheiro a mais do que era permitido, pois ia levar para as obras do Brasil. E por isso fiquei retido pela polícia no aeroporto e perdi o voo no qual estava minha irmã e cunhado. Na Itália, era feriado e estava tudo parado, não sabia como resolver, e fiquei em nossa casa para aguardar a solução do problema. O porteiro me disse que conhecia uma pessoa que poderia me ajudar. Levou-me até um advogado, que estava naquele momento coordenando um grupo de devotos de Padre Pio, numa grande sala. Ele me atendeu, pediu para eu assinar uma procuração; tudo se resolveu e eu pude voltar ao Brasil rapidamente. Padre Pio me ajudou a resolver através do advogado”, afirma.

Padre Giovanni enfatiza que, em inúmeros casos, sentiu a ajuda do santo. “Posso dizer que ele continua a me ajudar (…) Na época da Covid, eu não fiquei doente, mas peguei dengue hemorrágica. Fiquei mal física e espiritualmente, e tive medo de morrer, de encontrar Jesus bravo. Foi então que uma pessoa muito devota de Nossa Senhora me ligou e disse: ‘Padre, eu não sei por quê, sonhei com Padre Pio, e ele me disse para ligar para o senhor’. Eu perguntei: ‘E o que ele te disse?’. Ela respondeu: ‘Ele me disse para dizer ao senhor que não tenha medo de morrer. Porque, quando for morrer, encontrará Padre Pio e Jesus de braços abertos’. Naquele momento, eu fiquei bom de saúde, tanto do corpo como da alma”.

Santidade que é resposta para os tempos atuais

O sacerdote acredita que a vida do Padre Pio também é uma resposta para os dias atuais. “Ele foi um católico firme na fé. Amava muito os papas, e não se deixava levar pelas modas. Ao contrário, ele era bastante exigente na moda, na maneira de vestir das mulheres, e também na política, ele era contrário a todos os movimentos de ideologia, como modernismo que fossem contrários à verdadeira doutrina da Igreja”, recorda.

Padre Giovanni acredita que essa firmeza de Padre Pio, que era verdadeiramente realizado na Doutrina tradicional da Igreja Católica, possa ser uma luz para todos os sacerdotes e teólogos, que, às vezes, se deixam “levar por uma certa moda”.

“Padre Pio foi um católico firme, e era contrário a todos os movimentos de ideologia, que fossem contrários à verdadeira doutrina da Igreja”

“Em vez de entrar no mundo para converter o mundo, muitos sacerdotes e teólogos entram no mundo com boas intenções, mas o mundo os transforma, não eles ao mundo. Isso é, o mundo entra na Igreja, entra na vida do clero, levando a uma certa maneira de viver que não está de acordo com o Evangelho. Isso, em alguns casos, não todos. Por isso que a ‘ortodoxia’ firme de São Padre Pio me parece ser uma resposta a tantas dúvidas e incertezas que há na Igreja”.

Ele destaca ainda que Padre Pio foi acolhido com muito amor, porque o povo percebeu que ele queria levar as pessoas até Jesus.

“Sem contaminação com as coisas erradas do mundo, ele acolhe tudo aquilo que é moderno, e um exemplo foi o hospital que ele construiu com as ofertas que recebia. Um hospital dos mais modernos, usando toda a tecnologia, toda a ciência possível, porque queria que os doentes fossem tratados com os meios mais modernos. Ele é favorável ao progresso, mas não à contaminação que o progresso traz na maneira de viver de hoje, muitas vezes, na beira do paganismo”, destacou.

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