Tomás Insua, cofundador do Movimento Católico Global pelo Clima, fala ainda sobre a saída dos Estados Unidos do Acordo Climático de Paris em 2016
Da redação, com Vatican News
Não importa quem vencerá as eleições presidenciais estadunidenses, o país oficialmente deixou o Acordo Climático de Paris há exatos quatro anos, em 4 de novembro de 2016.
O acordo, que se tornou um marco na história, foi adotado por 197 países e visa limitar o aquecimento global a menos de 2° Celsius e mantê-lo em 1,5°, arregimentando compromissos cada vez mais ambiciosos dos governantes.
Mas em junho de 2017, o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos se retirariam do acordo e, desde então, colocou em prática um processo para remover o país, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, atrás apenas da China, do acordo, dizendo que se tratava de algo muito caro.
A mudança climática tem sido um dos campos de batalha da recém-encerrada campanha presidencial com o candidato democrata Joe Biden, prometendo não apenas voltar a se comprometer com o Acordo de Paris, mas também tornar os EUA um líder global em ação climática.
A mudança climática tem sido um dos campos de batalha da recém-encerrada campanha presidencial com o candidato democrata Joe Biden, que prometeu não apenas voltar a se comprometer com o Acordo de Paris, mas também tornar os Estados Unidos um líder global em ação climática.
Papa Francisco
O Papa Francisco pediu repetidamente às nações que cuidem da criação e lutem contra o aquecimento global. O Santo Padre expressou apoio ao Acordo de Paris e disse que a sociedade contemporânea “empurrou o planeta além de seus limites e o tempo para reparar as emergências climáticas está se esgotando”.
Em sua encíclica Laudato sì exorta a humanidade a agir pela justiça climática e no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação deste ano, celebrado em setembro, o Sucessor de Pedro disse que “as florestas são lixiviadas, a camada superficial do solo erode, campos queimam, desertos avançam, mares se acidificam e tempestades se intensificam. A criação está gemendo!”
Movimento Católico Global pelo Clima
Tomás Insua, cofundador e diretor-executivo do Movimento Católico Global pelo Clima, um movimento independente que visa ajudar a Igreja Católica a colocar em ação o apelo firmado pela Laudato sì, fala sobre o impacto da retirada dos Estados Unidos do Acordo do Climático de Paris.
Insua explicou que o prazo de hoje é realmente uma formalidade “bastante irrelevante, uma vez que os Estados Unidos já deixaram o Acordo há quatro anos, no primeiro dia da administração Trump”.
“Trump tem consistentemente desmantelado todas as regulamentações ambientais, aumentando a poluição nos Estados Unidos, o que significa que de fato eles já partiram há muito tempo”, lamentou.
“Então, se Trump vencer, é ‘Game Over’ para a crise climática. O clima não aguenta mais quatro anos de destruição. Se Biden vencer, veremos o que acontece, mas ele precisa trazer rapidamente os Estados Unidos de volta ao Acordo de Paris ”, disse.
Em qualquer caso, continuou Insua, a emergência não poderia ser maior. O cofundador do Movimento Católico Global pelo Clima disse que o Acordo de Paris requer uma implementação urgente em todos os níveis, em todos os países, “especialmente nos Estados Unidos, dado que é o maior emissor de carbono em termos históricos” e, portanto, tem a maior responsabilidade de enfrentar esta crise.
Mas é claro, concluiu, não cabe apenas aos Estados Unidos: toda a humanidade precisa agir de forma conjunta e “responder ao clamor da Terra e ao clamor dos pobres tão intensos como sempre”.