Nota

Comissão de Bioética da CNBB expressa solidariedade ao povo Yanomami

Nota expressa indignação e tristeza diante da realidade de indígenas em situação de fome e denutrição em aldeias Yanomami

Da Redação, com CNBB

A Comissão Especial de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota de solidariedade ao povo Yanomami neste domingo, 22. O texto expressa indignação e tristeza diante dos indígenas em situação de fome e desnutrição em aldeias Yanomami.

O garimpo ilegal de ouro na região é a principal causa da crise de saúde que afeta a tribo. No sábado, 21, o presidente Lula e sua equipe visitaram o local e o Governo decretou estado de emergência em saúde, em virtude da desnutrição dos índios.

Médicos e especialistas em áreas como medicina e teologia, por exemplo, compõe a comissão de bioética da CNBB. No texto, eles recordam que “miséria, exploração, pobreza, fome e esquecimento atentam tanto à vida humana quanto os flagelos do aborto e da eutanásia”.

A Comissão espera que as causas “desse escândalo sejam apuradas e sanadas” e manifesta solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), às famílias indígenas e a “todos aqueles que promovem, defendem e cuidam dos nossos povos da Amazônia e de outros lugares do Brasil”.

Confira o texto na íntegra:

«O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos» (1 Jo 1, 3): o Evangelho da vida. Tendo em vista a nossa inegociável defesa, promoção e cuidado pela vida, desde a concepção até o seu fim natural, a Comissão Especial de Bioética da CNBB quer expressar nossa INDIGNAÇÃO e um profundo sentimento de tristeza, diante da situação dos indígenas em situação de fome e desnutrição em aldeias Yanomami. A Bioética em seus primórdios surgiu como o grande imperativo moral do cuidado com a vida em todas as etapas de sua manifestação, bem como do meio ambiente que nos cerca. Miséria, exploração, pobreza, fome e esquecimento atentam tanto à vida humana quanto os flagelos do aborto e da eutanásia.

Queremos nos unir a todos aqueles que, impactados com a situação de vulnerabilidade e fome que se faz presente especialmente dos povos originários, se unem, sem medir esforços, para recuperar a dignidade dos nossos irmãos e irmãs indígenas. Jamais podemos aceitar negociar qualquer atentado contra a dignidade da vida, desde o nascer até o morrer, sem nenhum tipo de ideologia, partidarização ou interesses que não sejam o do respeito absoluto ao outro, irmão e irmã.

A vida é dom e compromisso. Dom de Deus e compromisso de solidariedade, de fraternidade, de amor, pois, como diz o Papa Francisco, na sua Encíclica Fratelli tutti: “Deus criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos” (n.5).

Esperamos que todas as causas desse escândalo sejam apuradas e sanadas. Nos solidarizamos ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário), precioso instrumento da Igreja no Brasil, incansável na luta pelos direitos dos povos originários, às famílias indígenas e todos aqueles que promovem, defendem e cuidam dos nossos povos da Amazônia e de outros lugares do Brasil.

Comissão Especial de Bioética CNBB.

Brasília, 22 de janeiro de 2023.

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