Coletiva de Imprensa foi realizada nesta terça-feira, 22, no Vaticano
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Na manhã desta terça-feira, 22, foi realizada uma coletiva de imprensa de apresentação do primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e da mensagem do Papa para a data. O Dia será celebrado no quarto domingo de julho – este ano, dia 25 – com o tema: “Estou convosco todos os dias” (cf. Mt 28,20).
A coletiva aconteceu na Sala de Imprensa da Santa Sé, com a presença do Prefeito do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Cardeal Kevin Farrell; do responsável pela pastoral dos idosos do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Dr. Vittorio Scelzo; da Presidente da Vie Montante Internationale, em conexão de Estrasburgo, Sra. Monique Bodhuin; da “Viva os idosos” da Comunidade de Sant’Egidio, Sra. Maria Sofia Soli; e da “Jovens pela Paz” da Comunidade de Sant’Egidio, Sra. Elena Liotta.
Cardeal Farrel afirmou que a data é uma celebração necessária, especialmente após um período tão difícil com a pandemia.
“Uma nova página se abre após dramáticos meses de dificuldade. O Papa nos convida a dar um passo adiante, fala-nos de ternura. A ternura para com os idosos é necessária porque, como recorda o Santo Padre na mensagem que hoje vos apresentamos, o vírus ‘foi muito mais severo com eles’. Por isso, o Papa espera que um anjo os visite e desça para consolá-los na sua solidão, e imagina esse anjo como um jovem que visita um idoso.”
O cardeal lembrou que a ternura, própria dos idosos e dos avós, tem um valor social. Em uma sociedade desgastada e endurecida, é necessário reaprender a arte das relações.
“Nisto, avós e idosos podem ser nossos professores. É também por isso que são tão importantes.”
O religioso falou sobre a sabedoria dos idosos, e afirmou que na Igreja, avós e idosos têm lugar de honra, e a data a ser celebrada pretende reafirmar isso. Cada comunidade deve receber os idosos como protagonistas, e sua espiritualidade deve ser valorizada.
“Colocar avós e idosos no centro, apreender o valor de sua presença é também a única alternativa verdadeira para uma cultura do descartável. O oposto do desperdício não são apenas as obras de caridade (ainda que necessárias), mas a atenção pastoral, na consciência do valor que representam para as famílias, a Igreja e a sociedade.”
Pastoral dos Idosos
O responsável pela pastoral dos idosos do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, Dr. Vittorio Scelzo, deu algumas informações sobre o andamento do primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.
A mensagem do Papa estará no site oficial amorislaetitia. Haverá também a oração escrita para a ocasião, e sugestões pastorais de como o dia pode ser celebrado. Também um material com uma coleção de palavras do Papa sobre os idosos estará disponível.
“Este ano, sabemos que muitos ainda não poderão comparecer a qualquer tipo de assembleia pública devido às restrições provocadas pela pandemia. Além disso, mesmo em lugares, como a Itália, onde a situação de saúde está melhorando e permite que as pessoas vão à igreja, muitos idosos ainda estão com medo ou não podem ir. Por isso, o Dia será uma oportunidade para experimentar uma Igreja que se expande.”
Ele lembrou que os idosos poderão ser visitados pela juventude, que poderá expressar seu carinho com a mensagem do Papa.
“Além da Missa presidida pelo Papa no dia 25, cada diocese e cada paróquia podem dedicar uma das missas dominicais à celebração do Dia. Sugerimos envolver pessoalmente o maior número possível de avós e idosos, para que a sua presença seja um sinal manifesto da importância que têm na comunidade.”
Riqueza dos anos
A Presidente da Vie Montante Internationale, Sra. Monique Bodhuin, falou em nome do movimento e lembrou o Congresso realizado em janeiro de 2020 sob o título “A riqueza dos anos”.
“Este Congresso foi sustentado por algumas ideias poderosas: reconhecer os carismas da velhice, dar aos idosos um lugar pleno na comunidade eclesial junto com as gerações mais jovens. Têm direito a isso em virtude da sua experiência humana que lhes trouxe tanto alegrias como sofrimentos sofridos e vencidos, bem como a sua vida de fé.”
Bodhuin lembrou que o Ano da Família convida a concretizar esta dimensão, já que os avós fazem parte da família.
“Os avós desempenham um papel crucial na família, em qualquer família, como testemunhas de vida para as gerações mais novas. Baseia-se na sua herança, nas memórias que carregam, na sua experiência de vida, tudo o que os ajuda a compreender o essencial, no seu “saber ser” e na sua relação com Cristo que dá sentido à sua vida.”
A voz do idoso
Maria Sofia Soli agradeceu pela oportunidade de dar seu testemunho como pessoa idosa.
“O meu agradecimento especial ao Papa Francisco, porque decidiu dedicar este Dia Mundial especial a todos os idosos e aos avós. É uma época de pandemia à qual muitos de nós sucumbimos, muitas vezes na solidão e sem o conforto de um abraço. Não houve um último adeus ou o consolo de uma bênção em uma cerimônia fúnebre.”
E afirmou que os idosos não olham apenas para o passado.
“Nem o cansaço nem a fragilidade podem impedir-nos de sonhar pelos nossos netos e pelas gerações vindouras. Em nenhum momento podemos voltar a roda ou pensar apenas em nós mesmos. Cada faixa etária tem necessidade de expressar uma visão para os outros. Cada faixa etária tem sua vocação.”
Soli afirmou que sua geração pode ser homenageada plantando, com toda a energia que nos resta, os três pilares dos quais o Papa Francisco fala em sua mensagem: sonhos, memória e oração.
“Olivier Clément, teólogo que conheci por meio da Comunidade de Sant’Egidio, escreveu: ‘Uma civilização onde as pessoas não rezam mais é uma civilização onde a velhice não tem sentido. A oração de nós, mais velhos e avós, expressa um sentimento maternal por outras pessoas que levam uma vida mais ativa do que a nossa. É como dizer: ‘Meus pensamentos estão com você. Acompanho-vos com a minha recordação e orações’.”
Juventude sensível aos idosos
Elena Liotta falou sobre sua experiência de visita à idosas, desde o ensino médio, em Roma.
“Na minha amizade com eles encontrei um tesouro: a necessidade e a alegria de parar e escutar; a beleza de um encontro real, não mediado pelo distanciamento imposto pelas redes sociais. Aprendi a caminhar junto com os mais frágeis, a ajustar o meu ritmo sem pressa em perseguir compromissos e oportunidades que no final te deixam insatisfeito e com uma sensação de vazio interior.”
Elena falou sobre este período de pandemia, que foi muito difícil para os idosos, especialmente os que estão nas instituições. E lembrou a importância da convivência entre as gerações mais novas com as mais velhas:
“A aliança entre jovens e velhos é uma graça não só para quem a vivencia, mas também para toda uma sociedade contaminada pelo presentismo, incapaz de visões de futuro porque não tem memória, como sementes que caem no solo pedregoso e improdutivo. A aliança entre jovens e velhos é um grande recurso para enfrentar tempestades e sonhar com um futuro diferente, um futuro melhor para todos.”