No primeiro dia de encontro do Conselho Episcopal Pastoral, bispos refletem sobre evangelização no país e abordam vivência e detalhes de eventos
Da Redação, com CNBB
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Bispos participam do primeiro dia de reunião do Consep em fevereiro de 2025/ Foto: Paulo Augusto Cruz
O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) deu início a mais uma reunião ordinária nesta terça-feira, 18. Este é o oitavo encontro do atual quadriênio e reúne a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e os presidentes das comissões episcopais.
No início do encontro, o presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre (RS), Cardeal Jaime Spengler, motivou os participantes a meditarem o primeiro parágrafo da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, enfatizando a missão da Igreja de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.
O arcebispo destacou o trecho no qual o Papa reforça que “a Igreja cumpre o seu mandato, sobretudo quando testemunha, por palavras e por obras, a misericórdia que ela própria gratuitamente recebeu” (Praedicate Evangelium, n.1). “Isso que pudemos compartilhar com os Dicastérios [na visita à Cúria Romana] e é sempre uma alegria poder compartilhar isso que a Igreja, as nossas comunidades, testemunham por palavras e obras”, afirmou.
O Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambatistta Diquattro, também abordou a missão de evangelizar em sua saudação aos presentes. Ele projetou a 62ª Assembleia Geral dos Bispos, que será realizada neste ano, como uma oportunidade para refletir sobre os desafios para a Igreja, “num contexto em que há algumas práticas que já não correspondem mais à realidade, exigindo, por isso, um novo olhar e uma reformulação”.
Tal esforço, observou, “deve ser realizado junto, com paciência, sabedoria, coragem e com a inteligência do Espírito”. Além disso, Dom Giambatistta Diquattro também apresentou a saudação do Papa Francisco aos bispos reunidos e pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida pela pronta recuperação da saúde do Pontífice, internado desde o dia 14 de fevereiro.
Justiça e Moradia
Seguindo a pauta do encontro, os bispos acompanharam a apresentação da análise de conjuntura social. Neste mês, o tema foi “Justiça e Moradia”. O bispo de Carolina (MA) e coordenador do Grupo de Análise de Conjuntura Padre Thierry Linard, Dom Francisco Lima Soares, apresentou como motivações para o aprofundamento do tema a recorrência e a frequência que o assunto é posto em estudo pelo episcopado e a temática escolhida para a Campanha da Fraternidade 2026: “Fraternidade e Moradia”, com o lema “E venho morar entre nós”.
Essa reflexão, sublinhou Dom Francisco, “considera a realidade gritante do quadro habitacional brasileiro e uma grande oportunidade para refletir sobre esse tema tão essencial para a vida do povo brasileiro e também fortalecer ainda mais a luta pelo direito à moradia digna e pela reforma urbana”, como consideram os agentes de pastoral que atuam nesse contexto.
A análise de conjuntura recordou marcos históricos relacionados à reflexão sobre o tema, como a Campanha da Fraternidade de 1993, com o tema “Onde Moras?”, e reuniu detalhes sobre as políticas públicas das últimas décadas para assegurar o acesso à moradia, revelando a ausência de efetividade dessas ações.
Nas reações, os bispos apontaram suas preocupações com as famílias que deixam o campo, o desenraizamento das famílias por conta de megaprojetos, a violência, a dificuldade de abordar o tema com o povo de Deus, a presença da Igreja nas realidades de favelas e o heroísmo de padres, religiosos e religiosas nas periferias.
Reflexões da tarde
No período da tarde, os presentes se dedicaram à reflexão sobre a conjuntura eclesial a partir do caminho proposto pelo Jubileu 2025. A análise de conjuntura eclesial foi conduzida pelo bispo de Petrópolis (RJ), presidente da Comissão para a Doutrina da Fé e membro do Instituto Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (Inapaz) da CNBB, Dom Joel Portella.
Na sequência, o arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, Dom Leomar Brustolin, apresentou a estrutura de como o texto das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora será apresentado aos bispos para aprovação na 62ª Assembleia Geral da CNBB.
Segundo Dom Leomar, o texto não é apenas resultado do trabalho de uma comissão, mas de um processo de sinodalidade que envolveu ampla escuta à Igreja no Brasil. “As diretrizes serão o caminho de recepção na Igreja no Brasil dos encaminhamentos do Sínodo sobre a Sinodalidade”, ressaltou.
O arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente da CNBB, Dom João Justino de Medeiros e Silva, apresentou uma análise sobre a vivência do Jubileu 2025 na Igreja universal e no Brasil.
O assessor de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, falou sobre a realização da Campanha da Fraternidade 2025 nas Igrejas particulares, abordou a Campanha para a Evangelização e apresentou os temas e sugestões para a Campanha da Fraternidade 2027. Por fim, o assessor de Comunicação da CNBB, padre Arnaldo Rodrigues, apresentou aos bispos o Plano de Comunicação da Campanha da Fraternidade 2025, com ações, produtos e estratégias para diferentes públicos e agentes mobilizadores da Campanha nos regionais e dioceses.