O cardeal de Mianmar marcou o Dia Mundial dos Enfermos reflentindo sobre o valor da consolação que os cristãos são chamados a oferecer no sofrimento
Da redação, com Vatican News
O proeminente líder da Igreja Católica de Mianmar exorta os cristãos a imitar a mãe misericordiosa. “A ferida purulenta do ódio precisa ser curada neste país”, afirmou. “A misericórdia é a mensagem de Cristo e de Mãe Maria”, disse o cardeal Charles Bo, de Yangon, nesta sexta-feira, 11. O religioso fez este apelo em sua homilia na missa no santuário nacional mariano de Nyaunglebin, na festa de Nossa Senhora de Lourdes, neste 11 de fevereiro, quando a Igreja Católica mundial celebra o Dia Mundial dos Enfermos.
“Sede misericordiosos, assim como vosso Pai é misericordioso” é o tema que o Papa Francisco estabeleceu para o 30º Dia Mundial dos Enfermos, exortando os cristãos a ficarem “ao lado daqueles que sofrem no caminho da caridade”.
O santuário de Nossa Senhora de Lourdes em Nyaunglebin, a cerca de 155 kms a norte de Yangon, tem um ar festivo todos os anos, com missas, devoções marianas especiais e uma novena que culmina com a festa de Nossa Senhora de Lourdes.
O cardeal Bo observou que o santuário mariano atrai milhares de pessoas de todas as culturas e religiões de todo Mianmar durante os dias comuns, unindo-os “como nação, como povo, como filhos e filhas neste solo sagrado”. “Nossa Senhora torna-se a mãe de todas as pessoas, de todas as raças e de todas as religiões”.
Preces para Mianmar
O povo de Mianmar está enfrentando uma crise política, de direitos humanos e humanitária sem precedentes, com necessidades aumentando dramaticamente desde o golpe militar de 1º de fevereiro de 2021 em meio à pandemia de covid-19. A crise se alargou com os militares revivendo antigos conflitos com rebeldes armados e grupos de resistência civil. As Nações Unidas estimam que da população de 54,8 milhões do país, 14,4 milhões precisam de assistência, dos quais 320 mil estão deslocados internamente.
“Ensinemos esta nação a curar, não a ferir: a jogar fora as armas de destruição mútua e armar-se com as ferramentas da cura.”
“Mas este ano viemos aqui como uma nação ferida, um povo ferido”, disse o cardeal Bo, presidente da Conferência Episcopal Católica de Mianmar (CBCM). “Hoje, mais uma vez, viemos à sua proteção”, diante dos desafios, das lágrimas, da pandemia e do povo que se desloca por todo o país.
Mãe das Dores
O cardeal espera que a Mãe das Dores, que sofreu com seu Filho debaixo da Cruz e depois segurou Seu corpo morto no colo, possa também segurar “esta nação em seus braços e curar a todos nós”. “Que sua misericórdia que trouxe o Salvador ao mundo, traga mais uma vez a paz nesta terra”.
O cardeal de 73 anos recordou que o Papa Francisco rezou mais de dez vezes pelo povo de Mianmar, “dizendo que ele também se ajoelhou nas ruas de Mianmar para curar esta nação ferida”.
Recordando o tema do Dia Mundial dos Enfermos, o arcebispo de Yangon disse: “Mais do que nunca, precisamos hoje de nossa Mãe de Misericórdia em Mianmar”. “Nossa dor é a dor dela. Nossa Senhora conhece nosso sofrimento, nosso quebrantamento, nossos medos e ansiedades”. A Mãe das Dores conhece a dor de milhares de “nossas mães que perderam seus filhos e filhas para a violência”, daqueles que vivem sob medo e ansiedade e dos deslocados, pois também ela foi forçada a se mudar durante o parto e depois teve que fugir para o Egito como refugiado.
Seja misericordioso
Recordando o episódio evangélico das bodas de Caná, o cardeal, que também é presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC), disse: “Somos cuidadores da boa saúde uns dos outros”. “Façamos como Maria aconselhou: sejamos misericordiosos”.
“Existem centenas de madre Teresas neste país alcançando pessoas em lugares perigosos, tocando e curando pessoas.”
Falando de cura holística, que inclui espiritual, psicológica e física, ele disse: “Precisamos incluir todos, mesmo aqueles que consideramos inimigos e maus, precisamos incluí-los em nossa misericórdia. A ferida do ódio precisa ser curada neste país. A misericórdia é a mensagem de Cristo e da Mãe Maria”.