Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais pede a intercessão de São Maron pelo Líbano, atingido por uma grave crise
Da redação, com Vatican News
A Igreja Maronita celebrou nesta terça-feira, 9, a festa de seu padroeiro, São Maron. O prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, participou da Divina Liturgia na Igreja do Pontifício Colégio Maronita de Roma.
Ao final da Liturgia, presidida pelo Procurador do Patriarcado Maronita junto à Santa Sé, Dom Rafic El Warcha, o prelado argentino dirigiu-se aos participantes com um discurso de saudação, no qual concentrou-se na dramática situação no Líbano após o duas terríveis explosões que devastaram Beirute em 4 de agosto.
Solidariedade após a explosão
Em seu discurso, o Cardeal Sandri lembrou a crise econômica, social e política que o país já enfrentava antes do desastre. Mas destacou que, apesar disso, o povo libanês mostrou grande solidariedade, trabalhando muito para atender às necessidades dos mais afetados. Buscou libertar as ruas dos escombros, dar abrigo aos que ficaram sem casa, entregar alimentos e roupas e reparar infraestruturas.
Ele também recordou a solidariedade da comunidade internacional, especialmente da Igreja em todo o mundo e da Santa Sé. “Com palavras e caridade, o próprio Papa Francisco e a Santa Sé estiveram na linha de frente”, disse.
O cardeal recordou inúmeros apelos do Pontífice ao Líbano. Isso inclui o recente discurso ao Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé, e também as muitas iniciativas organizadas pela Igreja para ajudar o Líbano a se reerguer.
Os sinais de uma Igreja viva
O cardeal observou que todos esses gestos são sinais de uma Igreja viva. Lembrou ainda o exemplo do Bom Samaritano que o Santo Padre apontou em sua encíclica Fratelli Tutti. Assinalou que a capacidade de convivência dos libaneses de diferentes religiões torna o país uma testemunha desta mensagem de fraternidade.
Igreja, Líbano e a diáspora libanesa confiada a São Maron
A Igreja maronita teve que enfrentar muitas adversidades para manter viva a fé. Recordando esse histórico, Cardeal Sandri confiou a Igreja, o Líbano e a diáspora libanesa a São Maron. Pediu a sua intercessão para “acabar com o sofrimento agravado pela pandemia”. Do mesmo modo, para esclarecer os líderes libaneses para que deixem de lado os seus interesses pessoais e se comprometam a perseguir o bem do País, a pedido do Papa Francisco.
Crise política e econômica agravada pela pandemia
O Líbano atravessa uma de suas piores crises políticas e econômicas desde o fim oficial da guerra civil em 1990. A população sofre com o aumento da pobreza, que aumentou dramaticamente com a eclosão da pandemia causada pelo Covid-19, enquanto o país abrigava cerca de 1,5 milhão de refugiados da guerra.
Devido a interesses partidários, os líderes políticos ainda não chegaram a um acordo final sobre um novo governo, seis meses após a explosão no porto de Beirute que levou à renúncia de Hassane Diab.
Na segunda-feira, 8, o patriarca maronita Cardeal Beshara Raï apelou a uma “conferência internacional” sob os auspícios das Nações Unidas para acabar com a paralisia, proteger a soberania do país e garantir alguma forma de estabilidade.