Em sua homilia na Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, decano do Colégio Cardinalício destacou características da missão do Sucessor de Pedro
Da Redação, com Vatican News

Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Re, presidiu a Missa de abertura do Conclave / Foto: Reprodução Reuters
Na Basílica de São Pedro, o início de um dia histórico. Cardeais, outros membros do clero e milhares de fiéis estiveram reunidos nesta quarta-feira, 7, para a Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, a celebração que antecede o início do Conclave para eleger o novo Papa.
O decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, presidiu a celebração. Em sua homilia, destacou que, após a ascensão de Jesus, enquanto os apóstolos aguardavam pela vinda do Espírito Santos, todos perseveravam, junto à Virgem Maria. Da mesma forma, todo o Povo de Deus faz o mesmo momentos antes do Conclave, vivendo uma espera confiante.
“Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar sua luz e sua força, a fim de que seja eleito o Papa de que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história”, expressou o cardeal.
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Neste contexto, o Cardeal Re destacou que a oração é a única atitude justa e necessária enquanto os cardeais eleitores se preparam para um ato de máxima responsabilidade humana e eclesial e para uma escolha de excepcional importância. “Um ato humano pelo qual se deve deixar de lado qualquer consideração pessoal, tendo na mente e no coração apenas o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade”, acrescentou.
Construir a “civilização do amor”
Refletindo sobre o Evangelho, o Cardeal Re sublinhou que as palavras de Jesus na noite da Última Ceia são um testamento deixado a todos: “que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,13). “O amor que Jesus revela não conhece limites e deve caracterizar os pensamentos e ações de todos os seus discípulos, que devem sempre demonstrar amor autêntico em seu comportamento e empenhar-se na construção de uma nova civilização — aquela que Paulo VI chamou de ‘civilização do amor’. O amor é a única força capaz de mudar o mundo”, observou.
Diante disso, o decano afirmou que os textos litúrgicos desta celebração eucarística são um convite ao amor fraterno, à ajuda recíproca e ao empenho em favor da comunhão eclesial e da fraternidade humana universal.
“Entre as tarefas de cada Sucessor de Pedro está a de promover a comunhão: comunhão de todos os cristãos com Cristo, dos bispos com o Papa, e entre os próprios bispos. Não uma comunhão autorreferencial, mas totalmente orientada para a união entre as pessoas, os povos e as culturas — sempre com o objetivo de que a Igreja seja ‘casa e escola de comunhão’”, descreveu.
“Eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas”
Além disso, é forte o apelo à manutenção da unidade da Igreja segundo o caminho indicado por Cristo aos apóstolos. “A unidade da Igreja, desejada por Cristo”, indicou o cardeal, “não significa uniformidade, mas uma comunhão sólida e profunda na diversidade, desde que se mantenha a plena fidelidade ao Evangelho”.
Segundo o Cardeal Re, cada Papa continua a encarnar Pedro e sua missão, representando a Cristo na terra. “Ele é a rocha sobre a qual a Igreja é edificada”, manifestou, apontando ainda que “a eleição do novo Papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o Apóstolo Pedro que retorna”.
Por fim, o decano expressou que, nos últimos cem anos, o Espírito Santo deu uma série de pontífices verdadeiramente santos e notáveis. “Oremos para que Deus conceda à Igreja o Papa que melhor saiba despertar a consciência de todos e as energias morais e espirituais da sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus”, exortou.
“O mundo hoje espera muito da Igreja para a salvaguarda dos valores fundamentais, humanos e espirituais, sem os quais a convivência humana não será melhor, nem beneficiará as gerações futuras”, concluiu o cardeal.
Início do Conclave
Ao final da Missa, os cardeais retornaram à Casa Santa Marta. No período da tarde em Roma, eles serão convocados e caminharão, em procissão, até a Capela Sistina. Lá, farão o juramento e, em seguida, se dará a primeira votação do Conclave a fim de eleger o Papa.
Caso seja eleito o novo Pontífice, uma fumaça branca sairá da chaminé instalada na Capela Sistina e visível da Praça São Pedro. Caso contrário, uma fumaça preta aparecerá, e os escrutínios serão retomados no dia seguinte.