Cúria Romana

Cardeal dedica segunda pregação da Quaresma à evangelização

Segunda pregação da Quaresma foi realizada nesta sexta-feira, 10, para a Cúria Romana na Sala Paulo VI

Da Redação, com Vatican News

O Cardeal Raniero Cantalamessa / Foto: Reprodução Youtube Vatican News

“O Evangelho é poder de Deus para todo aquele que crê” (Rm 1,16). Este foi o tema da segunda pregação da Quaresma para a Cúria Romana nesta sexta-feira, 10. A reflexão, dedicada à evangelização, foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, OFM.

O Portal Vatican News disponibilizou o texto completo da reflexão, traduzido pelo Fr. Ricardo Farias, ofmcap. Clique aqui e leia na íntegra. As próximas pregações serão nos dias 17, 24 e 31 de março. 

Segundo o Cardeal Cantalamessa, o tema da evangelização tem estado no centro das atenções do magistério papal. Isso desde a exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI, até a Evangelii gaudium, do Papa Francisco.

Para falar sobre a palavra “Evangelho” e sobre o significado da evangelização, o cardeal recorreu ao apóstolo Paulo. “Para o sucesso de todo novo esforço de evangelização, é vital ter claro o núcleo essencial do anúncio cristão, e isto ninguém trouxe à luz melhor do que o apóstolo nos primeiros três capítulos da Carta aos Romanos.”

Cardeal Cantalamessa explicou que a mensagem do apóstolo nesta Carta pode ser resumida em dois pontos: “primeiro, qual é a situação da humanidade diante de Deus em seguida ao pecado; segundo, como se sai dela, isto é, como nos salvamos pela fé e nos tornamos nova criatura.”

O cardeal se aprofundou, então, na mensagem desse trecho bíblico e a trouxe para os dias atuais. Frisou que a evangelização não começa com a moral, mas com o querigma. Recordou que, aos pagãos, Paulo mostrou que o remédio para a idolatria estava em acolher a “redenção em Cristo Jesus”.

“Paulo, para dizer a verdade, não diz algo totalmente novo. Se fosse ele o autor desta mensagem inaudita, teriam razão aqueles que dizem que o verdadeiro fundador do cristianismo é Saulo de Tarso, não Jesus de Nazaré. Mas estão errados! Paulo não faz outra coisa senão retomar, adaptando-o à situação do momento, o anúncio inaugural da pregação de Jesus: “Cumpriu-se o tempo, e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).”

O centro em Cristo

Cardeal Cantalamessa destacou o ensinamento positivo do Apóstolo Paulo. Lembrou o que diz a palavra de Deus à Igreja que, mesmo ferida em si mesma e comprometida aos olhos do mundo, tem um suspiro de esperança e quer retomar sua missão evangelizadora: recomeçar a partir da pessoa de Cristo.

“Jesus não deve estar no pano de fundo, mas no coração de todo anúncio. O mundo secular faz de tudo (e infelizmente consegue!) para manter o nome de Jesus longe, ou silenciado, em todo discurso sobre a Igreja. Nós devemos fazer de tudo para mantê-lo sempre presente. Não para nos refugiarmos por detrás dele, mas porque é ele a força e a vida da Igreja.”

Encontro pessoal com Cristo

Cardeal Cantalamessa citou ainda um trecho inicial da Evangelii gaudium, quando o Papa Francisco convida todo cristão a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele.

“Que eu saiba, esta é a primeira vez que, em um documento oficial do Magistério, aparece a expressão “encontro pessoal com Cristo”. Apesar da sua aparente simplicidade, esta expressão contém uma novidade que devemos procurar entender.”

O cardeal explicou, então, usando uma comparação, o que seria o encontro pessoal com Jesus. “Eu digo que é como encontrar uma pessoa ao vivo, depois de tê-la conhecido por anos apenas por fotografia. Pode-se conhecer livros sobre Jesus, doutrinas, heresias sobre Jesus, conceitos sobre Jesus, mas não o conhecer vivo e presente (insisto sobretudo sobre estes dois adjetivos: um Jesus ressuscitado e vivo e um Jesus presente!). Para muitos, mesmo batizados e crentes, Jesus é um personagem do passado, não uma pessoa viva no presente.”

Encorajamento aos evangelizadores

Já na parte final de sua pregação, o cardeal disse aos que trabalham institucionalmente no campo da evangelização que nem tudo depende deles. “Deles, depende criar as condições para que se acenda aquela fagulha e se difunda. Mas ela acende nas maneiras e nos momentos mais impensáveis.”

E nessa tarefa da evangelização, destacou a importância da missão dos leigos, tanto por estarem mais inseridos nas tramas da vida quanto pela escassez de número do clero. “Muitos deles descobriram o que significa conhecer Jesus vivo e estão ansiosos para compartilhar com outros a sua descoberta.”

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