Visita, que chegará ao fim no dia 27, é organizada a cada cinco anos e revigora a união com o Santo Padre
Da redação, com CNBB
Durante os dias 17 a 27 de fevereiro de 2020, os bispos do Regional Sul 2 da CNBB estarão em Roma, na Itália, para realizar a tradicional visita Ad Limina Apostolorum. O nome, em latim, Ad Limina Apostolorum significa, literalmente, “no limiar dos apóstolos”. Ou seja, os bispos de hoje, que são os sucessores dos apóstolos, vão estar no limiar, na soleira, às portas das basílicas dos apóstolos (Pedro e Paulo), na diocese de Roma, que é presidida pelo sucessor primeiro de Pedro, o Papa.
Trata-se de uma atividade, prevista pelo Código de Direito Canônico (399-400), que os bispos, organizados por regionais ou países, realizam a cada cinco anos, a fim de manifestar a comunhão com o Papa e revigorar a fé e a própria responsabilidade de sucessores dos Apóstolos. A última visita Ad Limina dos bispos do Paraná, no entanto, aconteceu há quase 10 anos, de 3 a 13 de novembro de 2010. Colaborou para que esse intervalo de tempo entre as visitas fosse maior, a troca dos pontífices, em 2013, e tantos outros compromissos e situações da vida eclesial.
Nesse período, a Igreja do Paraná também passou por diversas mudanças no pastoreio de suas dioceses, por isso, para 10 dos 22 bispos que realizarão a visita, será a primeira vez. Entre eles, o arcebispo de Londrina (PR) e presidente do Regional Sul 2, Dom Geremias Steinmetz, que foi ordenado bispo em maio de 2011, e diz ser um momento que se reveste de grande expectativa. “Primeiro pelo encontro com o Papa. Depois, por voltar às raízes da fé, aos locais onde os apóstolos entregaram a vida por causa da fé, sendo martirizados. Foi nesses lugares que a fé floresceu nos primeiros tempos da Igreja e a partir dali que nós tivemos a possiblidade de receber a fé”, disse Dom Geremias.
Também para Dom Amilton Manoel da Silva, bispo auxiliar de Curitiba e secretário do Regional Sul 2 da CNBB será a primeira visita Ad Limina. Ele afirma ser um momento para fortalecer e encorajar cada bispo em sua missão, frente aos desafios das dioceses e da Igreja. “A expectativa maior é o encontro com o Papa Francisco, por ouvir aquilo que o pastor maior tem a dizer aos pastores da Igreja do Paraná. Depois, a visita aos vários dicastérios, que são departamentos de ajuda ao Papa. Por fim, será um momento bonito em que todos os bispos e os eparcas estaremos juntos, por dez dias, rezando, trocando experiências e esse encontro solidifica também a Igreja do Paraná”, afirmou Dom Amilton.
A preparação
Os dez dias de visita Ad Limina são precedidos por um longo período de preparação. Ao longo do ano de 2019, cada bispo se dedicou à tarefa de preparar um relatório sobre a caminhada de sua diocese, desde a última visita. Tal relatório já foi enviado, seis meses antes da visita, para a Congregação dos Bispos, que o apresentará ao Santo Padre para que possa tomar conhecimento sobre a realidade de cada Igreja particular.
O relatório não é uma prestação de contas do bispo ao Papa sobre a diocese, mas sim um instrumento precioso para que o Papa, junto aos seus assistentes mais próximos, conheça a realidade da Igreja em todo o mundo e assim possa continuar a presidi-la na caridade. Além disso, preparar tal relatório serve até mesmo para o próprio bispo avaliar a caminhada de sua Igreja particular e auxiliar em sua programação pastoral. Claro que, para este trabalho de elaboração de um relatório de vários anos, o bispo conta com a ajuda de colaboradores competentes e de confiança.
Além disso, a primeira e melhor preparação para a Visita Ad Limina é a espiritual. O “Diretório da Visita Ad Limina” a define como “um ato que todo bispo cumpre para o bem de sua própria diocese e de toda a Igreja, para favorecer a unidade, a caridade, a solidariedade na fé e no apostolado”. Diante disso, é necessário envolver toda a comunidade na reflexão e na oração por esse evento.
“A visita Ad Limina tem como base a unidade, a comunhão e a sinodalidade, que significa caminhar juntos. Somos uma Igreja que fazemos um caminho juntos, não só os pastores com o pastor maior, o Papa, mas como povo de Deus a caminho. Com certeza levaremos todo o povo de Deus conosco, nas orações, nas partilhas, na exposição para o Papa Francisco sobre a caminhada das dioceses e contamos que todo o povo de Deus também nos acompanhará com a com a oração. Essa é a beleza da Igreja: estamos juntos e juntos vamos nos fortalecendo na fé, na esperança e na caridade”, explicou Dom Amilton.
Três momentos da Visita Ad Limina
A programação nos dez dias de visita será extensa, seguindo os três momentos fundamentais, prescritos em diretório: a peregrinação ao túmulo dos Príncipes dos Apóstolos (Pedro e Paulo), o encontro com o Santo Padre e os contatos com os Dicastérios da Cúria Romana.
A peregrinação e veneração ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo é uma devoção praticada desde os inícios do cristianismo. Tal prática foi assumida pelos bispos para expressar a unidade e a comunhão eclesial, dado que são, na Igreja hoje, os sucessores dos Apóstolos. “Em Roma, o apóstolo Paulo trabalhou na evangelização dos pagãos e Pedro que, foi para Roma ser um evangelizador, ali entregou a sua vida, morrendo crucificado. Esses dois baluartes da nossa fé precisam ser reverenciados ainda hoje por aqueles que os sucedem na condução da Igreja. Essa peregrinação nos leva à origem da fé”, afirma Dom Geremias.
O ponto alto da visita Ad Limina será o encontro com o Santo Padre, que os receberá, em audiência na manhã do dia 24 de fevereiro. Na ocasião, antes de ouvirem o Santo Padre, o presidente do Regional Sul 2, Dom Geremias Steinmetz, irá dirigi-lhe a palavra em nome de todos os bispos. “Num momento como este, para se dizer várias coisas é preciso que não se perca nenhuma palavra, nenhum gesto e, acima de tudo, nenhuma das boas intenções que temos aqui no Paraná para continuarmos servindo o Reino de Deus. É uma grande honra, nunca sonhei poder dirigir a palavra ao Santo Padre, ainda mais em nome dos bispos do Paraná”, diz Dom Geremias.
Por fim, os bispos irão celebrar nas Basílicas de Roma e visitar os vários dicastérios da Cúria Romama. Uma oportunidade de fortalecer a comunhão com a Santa Sé, conhecendo os direcionamentos da Igreja em seus diversos âmbitos de atuação.
A comunhão da Igreja do Paraná
A preparação e mesmo a própria visita é um evento que deve proporcionar a comunhão não só dos bispos com o Papa, mas também de toda a Igreja, todo o povo de Deus. Dessa forma, o Regional Sul 2 da CNBB quer envolver todos os fiéis de cada diocese na oração por seus pastores, pelo com êxito da Visita, a fim de que produza frutos de santidade para a Igreja.
Neste período, os meios de comunicação, especialmente, as redes sociais digitais do Regional Sul 2, estarão concentradas em comunicar esse importante evento, a fim de fortalecer comunhão e a unidade de toda a Igreja. Como primeiro ato, os bispos escreveram uma oração para que os fiéis rezem nas missas, encontros, reuniões e também individualmente por eles no tempo que antecede e que acontece a Visita.
A seguir, confira um vídeo de Dom Mário Spaki, bispo de Paranavaí (PR), sobre o significado da cidade de Roma para a fé cristã e sobre as atividades do quarto dia da Visita Ad Limina dos Bispos do Paraná.