Igreja no Chile exorta católicos a agirem a partir das convicções da fé, ou seja, do constante ensinamento da Igreja sobre a “imoralidade do aborto”
Da redação, com Vatican News
Em 28 de setembro, a Câmara de Deputados do Chile aprovou o plano de descriminalização do aborto até a 14ª semana de gestação, com 75 votos a favor, 68 contra e duas abstenções.
A normativa proposta terá agora que ser examinada pela Comissão para Mulheres e Igualdade de Gênero e depois ir ao Senado para aprovação. Enquanto isso, o Comitê Permanente da Conferência Episcopal do Chile (Cech) emitiu uma longa nota na qual reafirma claramente que “o valor da vida e a dignidade da pessoa humana são um fundamento essencial e inalienável da vida na sociedade”, acrescentando que “a defesa da vida em gestação está intimamente ligada à defesa de todo direito humano”.
Leia também
.: Papa Francisco: o aborto nunca é a resposta ideal para as famílias
A vida começa com a concepção
Recordando que “o primeiro dos direitos humanos é o direito à vida, que deve ser respeitado desde a concepção até a morte natural”, os prelados sublinham que “não matar deliberadamente e diretamente um inocente é um absoluto moral cujo reconhecimento e proteção é indispensável para a vida de uma comunidade”.
Ao mesmo tempo, a Conferência Episcopal Chilena relata dados científicos, destacando como a biologia confirma que a vida humana “começa desde o momento da concepção”: o nascituro é “dependente da mãe, mas não faz parte de seu corpo. É outro ser vivo e, por isso, a sua individualidade deve ser respeitada”, reiteram os bispos.
eia também
.: Papa em defesa da vida: “Onde há vida, há esperança!”
.: CNBB lança Observatório de Bioética para pesquisas em defesa da vida
Os prelados fazem um apelo ao “respeito incondicional pela vida humana”, que “deve nortear qualquer consideração ética, legislativa, humana e sanitária diante da realidade de uma gravidez indesejada”.
O cuidado com os mais frágeis
Naturalmente, a Igreja católica chilena reconhece a existência de “situações humanas complexas e às vezes dramáticas que podem resultar da gravidez”. No entanto, reitera-se que “nada disto se resolve com a eliminação deliberada de um ser humano indefeso e inocente”, pois “uma sociedade se mede pela sua capacidade de cuidar dos mais frágeis e da sua dignidade, e não tentando resolver os problemas com a violência”.
Os bispos também estão preocupados com as possíveis ramificações da proposta normativa: muitas vezes, “a legislação pró-aborto começa como uma exceção”, mas depois “a experiência ensina que acaba afirmando um ‘direito ao aborto’ da parte da mulher que ignora a existência e o direito de outro ser humano, ou seja, do nascituro”.
Leia mais
.: “Vamos defender a vida”, convoca Dom Ricardo Hoepers sobre aborto
Desse modo, escreve a Conferência Episcopal, “cria-se uma mentalidade contra a vida da criança, como se ela fosse um objeto ou um inimigo e não um ser humano, um dom maravilhoso de Deus”. À luz de tudo isso, os bispos afirmam, citando o Papa Francisco, que “se a dignidade das pessoas não for protegida e se algumas delas forem consideradas menos preciosas e sacrificável, então não há futuro nem para a fraternidade nem para a sobrevivência da humanidade”.
Por fim, os bispos exortam os católicos a “agirem na vida pública” a partir das convicções da fé, ou seja, do constante ensinamento da Igreja sobre a “imoralidade do aborto”, pois representa “a eliminação deliberada de um ser humano inocente”. A mensagem episcopal se conclui com uma oração ao Senhor para que “ilumine as consciências e os corações de quem deve tomar decisões a favor do bem comum e da defesa dos vulneráveis”.