Após a publicação de Fratelli Tutti, os bispos enalteceram os apelos humanos e pela solidariedade contidos no documento
Da redação, com Vatican News
Papa Francisco publicou sua terceira carta encíclica, Fratelli Tutti. Saudando a encíclica, o arcebispo Mark Coleridge, presidente da Conferência Episcopal da Austrália, disse em uma declaração no domingo, 4, que um mundo que olha além de uma pandemia sem nenhum roteiro pode encontrar um novo rumo na encíclica que “não é apenas para os fiéis, mas para toda a família humana”.
Acrescentou que é “uma visão da dignidade de cada ser humano, da qual brota o apelo à construção de uma nova cultura de fraternidade e diálogo”.
Irmãos e irmãs
O arcebispo Coleridge observou ainda que a nova encíclica é diferente da última, Laudato Si, publicada em 2015, na qual o Santo Padre versa sobre o cuidado com a casa comum. Em Fratelli Tutti, Francisco fala do cuidado mútuo e da família que mora unida em nossa casa comum.
O presidente da Conferência Episcopal da Austrália observou que o Papa expressa seu desejo de que, reconhecendo a dignidade de cada pessoa, possamos contribuir para o renascimento de uma aspiração universal à fraternidade. O Santo Padre também recomenda a todos que sonhem “como uma única família humana, cada um de nós trazendo a riqueza de suas crenças e convicções, cada um de nós com sua própria voz, irmãos e irmãs”.
Necessidade de solidariedade
O arcebispo disse que o Papa começou a trabalhar na encíclica antes da pandemia de Covid-19, o que destacou ainda mais a importante necessidade de solidariedade, pois criou em muitos um “senso de interdependência das comunidades e fragilidade dos seres humanos deixados sozinhos”.
Reiterando as palavras do Sucessor de Pedro, o religioso apontou que nossa pior resposta depois que a crise de saúde passar seria mergulhar no “consumismo febril e em novas formas de autopreservação egoísta”.
Acrescentou ainda que as “divisões e conflitos atuais são um caminho para lugar nenhum”, e ordenou que depois disso não pensemos mais em termos como “eles” e “aqueles”, mas apenas “nós”.
Unidade, não divisão
O arcebispo Mark Coleridge em particular destacou aqueles que o Papa descreveu como subvalorizados ou tratados de forma desigual — mulheres, idosos, crianças em gestação, povos indígenas e migrantes. O arcebispo disse que são pessoas que também ficaram à margem da Austrália. Adverte, portanto, contra pensar que a mensagem do Papa diz respeito apenas a outras partes do mundo.
Concluindo, o arcebispo Coleridge disse que na encíclica, o Papa Francisco dá uma “visão grandiosa, porém simples da interconexão humana”, já que estamos todos conectados de maneiras que mal podemos imaginar. “Nossa tarefa agora é descobrir o que isso significa na prática, enquanto olhamos além da pandemia”, disse.
Os bispos estadunidenses
Da mesma maneira, o arcebispo José H. Gomez, presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, publicou um comunicado oficial no domingo, 4, dando as boas-vindas à nova encíclica.
“Em nome da Igreja Católica nos Estados Unidos, saúdo a nova encíclica do Santo Padre acerca da fraternidade humana. Como a Laudato si, a nova encíclica Fratelli Tutti é uma importante contribuição à rica tradição de doutrina social da Igreja”.
O arcebispo estadunidense disse ainda que o ensino do Papa na encíclica é “profundo e bonito”; destacando que Deus criou todo ser humano com “igual santidade e dignidade, iguais direitos e deveres” e que Deus nos chama a “formar uma única família humana na qual possamos viver como irmãos e irmãs”.
Implicações à Igreja e sociedade
O arcebispo Gomez destacou que a mensagem do Papa nos lembra do plano de Deus à humanidade, que tem implicações em todos os aspectos de nossas vidas, incluindo nossas relações pessoais e como organizamos nossas sociedades e economias.
Assim, ao analisar as condições do mundo contemporâneo, o Papa dá uma “visão poderosa e urgente para a renovação moral da política e das instituições políticas e econômicas”, que nos chama a construir um futuro comum que sirva ao bem da pessoa humana.
Também destacou que, à Igreja, o Santo Padre nos desafia a superar “o individualismo em nossa cultura e a servir ao próximo no amor, vendo Jesus Cristo em cada pessoa e buscando uma sociedade de justiça e misericórdia, compaixão e interesse mútuo”.
Concluindo, ele rezou para que os católicos e todas as pessoas de boa vontade possam refletir sobre as palavras do Papa e “entrar em um novo compromisso para buscar a unidade da família humana”.