Em documento, bispos expressam satisfação pelo início da validação do Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares
Vatican News
“A pior de todas as armas de destruição em massa há muito tempo tem sido considerada imoral. Agora também é finalmente ilegal.” Com estas palavras, os bispos católicos de todo o mundo, da Europa ao Japão, das Filipinas à Terra Santa e à África do Sul, junto com leigos, religiosos e religiosas de cerca de 20 países, acolhem com alegria a entrada em vigor, nesta sexta-feira, 22, do Tratado aprovado em 2017, que torna ilegal o uso, a ameaça, a posse e o armazenamento de armas atômicas.
Esperanças e medos
“É encorajador”, escrevem os bispos, que “a maioria dos Estados membros das Nações Unidas apoiem ativamente o novo tratado através da adoção, assinaturas e ratificações” e que as pesquisas mostram que a opinião pública está convencida de que as armas nucleares devem ser abolidas. Mas a preocupação expressa pelos prelados diz respeito aos riscos que permanecem de um possível uso, cujas consequências são catastróficas para a humanidade e o meio ambiente, como o Papa também lembrou na Audiência Geral da última quarta-feira, 20.
“Dois exemplos que falam a todas as pessoas são os impactos desproporcionais das radiações nas mulheres e meninas e os graves efeitos nas comunidades indígenas cujas terras foram usadas para testes nucleares”, escrevem os bispos.
Com o Papa na condenação da energia nuclear como arma de guerra
Os bispos reiteram seu apoio ao papel de liderança desempenhado pelo Papa neste âmbito, com suas contínuas intervenções pelo desarmamento, e recordam a histórica visita de 2019 às cidades bombardeadas de Hiroshima e Nagasaki com a condenação feita pelo Pontífice “à posse de armas nucleares por qualquer Estado”. “A paz não pode ser alcançada através da ameaça de aniquilação total”, recordam os prelados, citando Francisco. É necessário apoiar “os principais instrumentos jurídicos internacionais de desarmamento nuclear e não proliferação, incluindo o Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares”.
A voz dos bispos é única ao encorajar a cooperação internacional, “essencial”, para enfrentar não apenas a ameaça da pandemia, as mudanças climáticas e o abismo entre ricos e pobres, mas também a “ameaça universal das armas nucleares”. Todos juntos, de qualquer proveniência, mesmo de países que possuem arsenais nucleares ou que fazem fronteira com eles, exortam “os governos a assinar e ratificar o Tratado”, agradecendo aos que já o fizeram.
O esforço da Igreja: verificar e desinvestir
Os bispos convidam os colegas líderes da Igreja para “discutirem e deliberar sobre o papel significativo que a Igreja pode desempenhar no apoio a esta nova norma internacional contra as armas nucleares”. “É particularmente importante para as Conferências episcopais nacionais e regionais, assim como para as instituições e fundações católicas, verificar se os fundos relativos à Igreja estão sendo investidos em empresas e bancos envolvidos na produção de armas nucleares. Em tal caso, tomar medidas corretivas, pondo fim às relações de financiamento existentes e buscar maneiras de desinvestir”, escrevem os bispos católicos.
“Acreditamos que o dom da paz de Deus está em ação para deter a guerra e superar a violência. Portanto, neste dia histórico, parabenizamos os membros da Igreja católica que, durante décadas, estiveram na vanguarda dos movimentos de base que se opõem às armas nucleares e aos movimentos católicos pela paz que fazem parte da Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican), vencedora do Prêmio Nobel”, concluem os prelados.