No dia em que a Ucrânia comemora Dia da Independência, Dom Skomarovskyj recorda conquista em 1991 e fala sobre realidade atual do país
Da Redação, com Vatican News
A Ucrânia comemora no dia 24 de agosto o Dia da Independência. Contudo, este é o terceiro ano consecutivo em que a data acontece em meio à guerra com a Rússia, marcando exatos dois anos e seis meses desde o início do conflito em fevereiro de 2022.
A independência da União Soviética ocorreu pacificamente há 33 anos, em 24 de agosto de 1991. Hoje, “a independência nos custa muito”, tem “um preço muito alto para nós”, explicou o bispo de Lutsk e presidente da Conferência dos Bispos de Rito Latino na Ucrânia, Dom Vitalij Skomarovskyj, em entrevista à mídia vaticana.
O bispo recordou que a independência da Ucrânia aconteceu de forma pacífica, diferentemente de outros países. Na região do Mar Báltico, cita, houve tumultos, envio de tropas e várias vítimas. Contudo, agora “o agressor” volta a querer privar os ucranianos de sua independência, soberania e existência do próprio povo.
“Antes, estávamos comemorando, mas não entendíamos completamente o que realmente estávamos comemorando e não valorizávamos o que tínhamos. Agora estamos lutando por essa independência, que tem um preço muito alto para nós. E para nós, fiéis, esses são sempre dias de oração, de profunda oração, para que Deus preserve nossa independência, nos dê paz e nos abençoe”, expressa Dom Skomarovskyj.
Oração e ajuda concreta
Dirigindo-se às famílias que perderam entes queridos durante esta guerra, o religioso expressou sua compaixão, seu afeto e suas orações. “A primeira oração é por nossos soldados mortos”, salientou, acrescentando que também reza por aqueles que estão de luto, para que Deus os conforte, lhes dê forças para continuar e paz em seus corações.
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Além disso, o bispo frisou que o apoio concreto também ajuda. “É muito importante que as igrejas também procurem e encontrem oportunidades para ajudar. Muitas iniciativas estão sendo realizadas, incluindo assistência psicológica, ajuda financeira e ajuda para a reabilitação psicológica das crianças. Há pessoas de todo o mundo envolvidas na implementação desses projetos”, reconheceu.
Luta por liberdade e dignidade
Ao ser questionado sobre a importância da liberdade, Dom Skomarovskyj alertou que “as pessoas estão se esquecendo lentamente de como era a vida sem independência, sob o socialismo, e estão perdendo a memória da atmosfera daquela época”. Ele lembrou da perseguição religiosa durante a União Soviética e como, aos poucos, começou a se permitir a abertura de algumas novas paróquias e a construção de novas igrejas durante a década de 1980.
Depois, com a independência, houve uma forte crise financeira, e algumas pessoas ficaram decepcionadas. Por outro lado, o bispo citou que “os fiéis ficaram muito felizes porque agora podiam professar livremente sua fé, falar sobre ela sem medo, sem receio de levar seus filhos à igreja e ensinar-lhes a fé”. Tudo isso possibilitou a superação das dificuldades que o país enfrentava na época, descreveu, e com o tempo a situação econômica também melhorou.
Outra grande mudança em comparação com o período soviético, prosseguiu o religioso, foi a mudança de atitude em relação às pessoas. “As pessoas agora têm um senso de sua própria dignidade. Esse é um motivo importante pelo qual queremos fazer parte da família das nações europeias”, manifestou.
Voltando aos dias atuais, Dom Skomarovskyj reforçou que o povo ucraniano quer viver em uma família “onde as pessoas são vistas como tal e não como uma engrenagem na máquina ou uma ferramenta”. “Gostaríamos de viver nessa família de nações, mas eles querem nos impedir de fazer isso”, concluiu.