Santa Sé anunciou que novo Motu Proprio com a decisão de Francisco será publicado na próxima terça-feira, 11
Da redação, com CNBB
A Santa Sé anunciou que na próxima terça-feira, 11, será apresentado o Motu proprio “Antiquum ministerium”. O documento, do Papa Francisco, estabelecerá formalmente o ministério de catequista.
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O Motu próprio contribuirá para o desenvolvimento da dimensão evangelizadora dos leigos desejada pelo Concílio Vaticano II. Um papel ao qual, disse o Papa Francisco em vídeo-mensagem, cabe a responsabilidade do “primeiro anúncio”.
Coletiva
O documento será apresentado em uma coletiva de imprensa no Vaticano. A presença do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, arcebispo Rino Fisichella foi confirmada.
Também participará do momento de apresentação do documento, o delegado para a catequese do dicastério, Dom Franz-Peter Tebartz-van Elst.
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Importância da ação
Diante da iminência do documento, o arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom José Antônio Peruzzo comentou com a CNBB sobre a importância da ação do Papa e o seu significado. Confira:
Motu Proprio
CNBB: Dom Peruzzo, o que é um Motu Proprio?
Dom Peruzzo: A expressão Motu Proprio, expressão latina, significa movido dele mesmo, digamos assim de própria iniciativa. É algo querido pelo próprio Papa.
O romano pontífice, ele não é apenas o executivo, vitalício, a exercer uma função, ele é o pastor da Igreja universal, sucessor dos apóstolos, com uma responsabilidade de pastorear a igreja e movido por sua própria iniciativa e percepção pastoral originada de suas próprias motivações, claro que assessorado sempre, mas motivado por suas próprias determinações.
E, como pastor da igreja universal, decidiu publicar um determinado escrito cuja característica é da própria moção pessoal, isto quer dizer Motu Proprio.
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Importância do documento
CNBB: Qual é a importância e o que esse documento significa para o serviço catequético?
Dom Peruzzo: São várias centenas de milhares de catequistas no Brasil. Ministério é a palavra “munus” e também especialmente ministro, originalmente significa aquele que age em nome de.
Reconhecer o serviço catequético como um ministério é algo que procede já daquela mais genuína teologia e eclesiologia do Vaticano II. O Papa Francisco é enfático nos seus pronunciamentos explícitos ou de maneira nem sempre explícita, mas ele é sempre muito afeiçoado ao que o Concílio Vaticano deixa a entrever.
Não é uma novidade, mas uma valorização
CNBB: O que se vislumbra com esse Motu Proprio?
Dom Peruzzo: De certo modo não é uma novidade. Já estava de maneira latente e presente no que a Igreja queria projetar de si mesma. Para o serviço da catequese sem nenhuma dúvida é um serviço solene.
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É uma nova experiência que aqui no Brasil já se discutia e em algumas dioceses já se praticava. Valoriza a catequese, os catequistas e a atuação da catequese como um todo.
O Papa é muito sensível especialmente ao ministério da ministerialidade feminina, digamos assim. Na catequese é imensa a maioria feminina nesse serviço.
Pastoral
CNBB: E o que o Documento significa em termos pastorais?
Dom Peruzzo: O catequista se sente como leigo ministerialmente instituído. Não é apenas um serviço que presta a uma comunidade. Diz o Papa: é vocação, sim!
Servir em nome da igreja à comunidade, à educação da fé, e fazê-lo por causa do batismo que recebeu e a verdade que professa; assumir isso e a Igreja reconhecer este papel não como papel, mas como missão, não como um atributo, mas como algo próprio da identidade do batizado. Assumir isso como ministério responsabiliza a própria hierarquia.
Não é um título que se dá, mas uma missão que se reconhece. É dom de Deus. Não é uma distribuição efetiva e prática e/ou pragmática de tarefas é pronunciar a verdade de si mesmo, o catequista, na condição de ministro e não apenas de colaborador funcional. E isto educa a Igreja e os hierarcas bispos, presbíteros e também diáconos. Educa-nos para tomar no devido apreço e reconhecer na devida grandeza o que significa educar a fé de um povo.
Haverá um ritual para instituí-los ou reconhecê-los ministros e ministras. Será uma liturgia específica, tem a solenidade própria. Não será apenas uma titulação, mas formular pública e liturgicamente uma missão que há séculos a igreja exerce, mas precisava educar-se para reconhecer que não apenas no serviço oficial da liturgia, mas no serviço ministerial da educação da fé, os leigos e aqui – de maneira mais destacada as mulheres – podem conferir um novo rosto ao discipulado. São discípulas.
No Brasil centenas de milhares que podem dizer à Igreja o quanto de maternidade a própria Igreja precisa se deixar matizar pela presença do ministério dessas mulheres.
Catequese: uma vocação
CNBB: Há uma fala do Papa que diz que “o catequista é uma vocação”. E que “Ser catequista, esta é a vocação, não trabalhar como catequista”. Para o senhor, a catequese é uma vocação?
Dom Peruzzo: O Papa diz sim que a catequese é uma vocação. A diferença e o que significa vocação? A palavra vocação vem de vox, procede de dentro. Não é uma palavra que alguém de fora pronuncia e determina, mas é uma voz interior que ressoa e ecoa e espera daquele ou daquela escolhida para a missão uma resposta.
A resposta se dá em expressão de serviço catequética. O ministro catequista não presta um mero serviço, ele não dá aulinhas sobre a fé, ele partilha a experiência de ter encontrado Jesus Cristo, isso começa deste dentro, por isso é voz interior, por isso é vocação.