Aniversário

Biógrafo de Irmã Lúcia destaca perseverança da vidente de Fátima

No aniversário do nascimento da venerável Irmã Lúcia de Jesus, Santuário de Fátima destaca perfil da vidente que assumiu como missão difundir a mensagem das aparições

Da redação, com Santuário de Fátima

Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado / Foto: Santuário de Fátima

No 118º aniversário do nascimento de Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, celebrado nesta sexta-feira, 28, o Santuário de Fátima entrevistou o teólogo e escritor José Rui Teixeira, que escreveu uma biografia sobre a vidente. Ele foi o investigador que colaborou na elaboração da Positio sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Irmã Lúcia, apresentada no Vaticano em 13 de outubro de 2022, no processo que levou ao reconhecimento da vidente como Venerável, no dia 22 de junho do ano seguinte.

“Lúcia é uma mulher profundamente marcada pelo sentido de providência e isso faz com que ela resista a vicissitudes que, humanamente, muita gente não seria capaz de ultrapassar, sempre marcada por um compasso de espera em função daquilo que Deus queria para a sua vida”, destacou Teixeira.

O escritor levou cerca de dois anos para escrever a biografia de quase 500 páginas, com mais de 3500 citações. A metodologia que José Rui Teixeira assumiu para a redação da biografia teve de ser rigorosa, face às dezenas de resmas de documentos que se viu obrigado a ler. Uma imersão que acabou por ser fundamental para que, progressivamente, Lúcia se tornasse “uma nova personagem do mais íntimo interesse pessoal”.

“Se não me apaixonasse por ela do ponto de vista histórico, seria penoso passar dois anos neste trabalho, mas Lúcia tem uma sensibilidade poética tremenda e uma personalidade extremamente forte e inabalável”, afirmou.

A mãe, o bispo e os primos

A convicção de que Lúcia “faz com que toda a sua experiência e memória se entranhem na sua existência” e que “nunca ninguém lhe arrancaria aquilo que levou” é clara para José Rui Teixeira. Talvez por isso aponte a perseverança e a autenticidade como os traços mais marcantes da personalidade da Irmã Lúcia, que não vacilou, mesmo sob pressão, desde logo da sua mãe.

“A mãe de Lúcia era uma mulher inquebrantável, com uma moralidade rígida, e foi Lúcia que se impôs para seguir a sua vocação”, constata, ao caracterizar a relação entre ambas como “profunda, de parte a parte”.

No bispo de Leiria, Lúcia encontrou uma figura paternal, aponta José Rui Teixeira. “D. José Alves Correia da Silva era um homem muito compreensivo, meigo e preocupado com Lúcia, que tinha por ele uma verdadeira relação filial de confiança. Só ele teria arrancado de Lúcia as Memórias, que são uma espécie de grande carta escrita ao bispo de Leiria, a contar a sua história, a pedido”, revela.

Já a amizade com os primos, Francisco e Jacinta, é descrita como enternecedora. “Que paixão tão grande! E nota-se esse carinho nas Memórias, onde Lúcia nos revela passagens absolutamente preciosas. Se a relação com a mãe é mais intensificada em termos dramáticos, quase literários, com a Jacinta e com o Francisco a relação é de profunda empatia”, salienta o teólogo.

A guardiã da Mensagem de Fátima

Irmã Lúcia é conhecida como “guardiã da mensagem de Fátima”, porque após a morte dos primos, Francisco e Jacinta Marto, permaneceu como única testemunha dos segredos que Nossa Senhora revelou em suas aparições de Fátima.

Teixeira afirma que apesar da clausura, foi Lúcia que, na retaguarda, lutou incansavelmente pela “dimensão devocional de Fátima”, e orientou as principais representações de Nossa Senhora e de todo o contexto relacionado às aparições.

“Quando as coisas surgem em Fátima, nós não imaginamos que Lúcia está por detrás. Ela insistia até à exaustão, de modo a fazer vingar uma realidade que ela crê ser determinante, nesta história. Portanto, ela é uma lutadora incansável”.

O escritor, que estudou exaustivamente a vida longa e rica da Irmã Lúcia, destaca uma característica da vidente: “Se há algo a salientar da vida de Lúcia é a consciência simultânea de que só Deus sabe quem ela é e o permanente desejo de santidade. Ela é uma mulher de sacrifício, no sentido de não encontrar limites, cedências particulares em função de algo que considera maior”.

Sobre a Positio

A Positio sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Irmã Lúcia, na qual consta a biografia da religiosa, foi entregue no Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma, em 13 de outubro de 2022, pelo postulador geral da causa de canonização, padre Marco Chiesa, e pela vice-postuladora, irmã Ângela de Fátima Coelho.

Depois de ter sido analisada por um conjunto de nove teólogos, que emitiram o seu parecer favorável sobre a prática das virtudes em grau heroico, o parecer positivo do Dicastério para as Causas dos Santos foi apresentado ao Papa, que aprovou a publicação do respectivo decreto a 22 de junho de 2023, passando a Irmã Lúcia a ser considerada Venerável.

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