Secretário para Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Santa Sé fala sobre conflitos entre israelitas e palestinos na cidade e sugere soluções
Da Redação, com Vatican News
“A Santa Sé está firmemente convencida de que a paz entre israelenses e palestinos, e de forma mais geral na região, é um benefício para toda a comunidade internacional”. A situação de Jerusalém foi o tema da fala do secretário para Relações com os Estados e Organizações Internacionais, Dom Paul Richard Gallagher, que falou durante a Semana de Alto Nível da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece entre os dias 18 e 26 deste mês.
O religioso assegurou que a Santa Sé “vê Jerusalém não como um lugar de conflito e divisão, mas como um lugar de encontro, onde cristãos, judeus e muçulmanos podem viver juntos com respeito e boa vontade recíproca”. Referindo-se à riqueza cultural, patrimonial, religiosa e histórica da região, ele assinalou que “qualquer iniciativa de paz é bem-vinda, (…) desde que não prejudique as populações locais ou as legítimas demandas de israelenses e palestinos”.
Os conflitos hoje
Dom Gallagher constatou, inclusive, que os palestinos “encontram-se, hoje, numa posição muito fraca, quer devido a problemas de governança interna como pela atitude cada vez mais pesada e militarmente invasiva do Estado de Israel”. Diante dos conflitos atuais, ele recordou a assinatura dos acordos de Oslo há 30 anos, ocasião em que a Santa Sé pôde estabelecer relações diplomáticas com o Estado de Israel (1993), com o Reino da Jordânia (1994) e um novo diálogo com a Organização para a Libertação da Palestina, culminando no pleno reconhecimento do Estado da Palestina alguns anos depois.
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Assim, o arcebispo manifestou sua tristeza em “ver atos de intolerância em Jerusalém, como aqueles recentemente perpetrados por alguns extremistas judeus contra os cristãos”. Para ele, a disputa atual tem como ponto central a administração da cidade de Jerusalém: é ela que deve ser abordada para alcançar “uma paz estável e duradoura”.
Um estatuto especial
Diante disso, Dom Gallagher fez alguns apelos. Primeiro, a todos governos, que condenem qualquer tipo de ação violenta, para prevenir outros ataques no futuro por meio da “educação para a fraternidade”. Depois, aos participantes da Assembleia da ONU, pediu que seja incluída nos grupos de trabalho uma reflexão específica sobre a cidade de Jerusalém “pensando-a como uma cidade de encontro, isto é, um lugar preservado por um ‘estatuto especial ‘garantido internacionalmente”.
Em relação a esse estatuto, o religioso acrescentou que a Santa Sé promove essa ideia há anos, para que se garanta “a igualdade de direitos e deveres dos fiéis das três religiões monoteístas, a garantia absoluta da liberdade de religião e de acesso e culto nos Lugares Santos, o respeito pelo Status Quo”. E, em sua visão, este objetivo passa pela preservação “do caráter multirreligioso específico, da dimensão espiritual, da identidade única e da herança cultural de Jerusalém”.
Concluindo seu discurso, o arcebispo recordou as palavras do Papa Francisco quando convidou “israelenses e palestinos a um diálogo direto”. Ele também lembrou os gestos do Pontífice, especialmente a reunião nos Jardins Vaticanos, em 2014, do então presidente israelense, Shimon Peres, e do presidente palestino Mahmoud Abbas, para rezarem juntos pela paz e plantar uma oliveira.
“Continuemos a regar aquela oliveira – foi o convite do arcebispo – enquanto esperamos que os presidentes dos dois Estados, acompanhados dos seus governos, voltem para colher os frutos da paz”, finalizou.