ENFIM LIVRE

Após dois anos em cativeiro, Padre Pier Luigi Maccalli é libertado

Grupo jihadista o sequestrou em fevereiro de 2018, na Diocese de Niamey, no Níger

Da redação, com AIS

O padre italiano Pier Luigi Maccalli foi raptado há dois anos e libertado nesta quinta-feira, 8 / Foto: Reprodução AIS

O padre italiano Pier Luigi Maccalli, da Sociedade de Missões Africanas, foi libertado nesta quinta-feira, 8, no Mali, após dois anos em cativeiro quando fora raptado na Diocese de Niamey, no Níger, em 17 de fevereiro de 2018.

Além de Pier Luigi foi libertado ainda o italiano Nicola Chiacchio, que se encontrava também em cativeiro. Ambos surgiram recentemente num breve vídeo de apenas 23 segundos, tido como prova de vida para um eventual processo para que ambos fossem libertos. Outros dois reféns também foram liberados, a trabalhadora humanitária francesa Sophie Pétronin, e um político maliano, Soumaila Cisse.

Walter Maccalli, irmão do Padre Pier Luigi, e também sacerdote, está em Foya, na Libéria. Segundo testemunhou Alexandra Almeida, uma jovem missionária portuguesa que se encontra igualmente em Foya, o Padre Walter “ficou feliz e sem palavras”, quando soube que o cativeiro do irmão tinha chegado ao fim. “Só dá Graças a Deus…”, acrescentou ainda a jovem, oriunda da paróquia de Famões, no Patriarcado de Lisboa.

Para a Fundação AIS, a libertação do missionário italiano é uma notícia feliz. Como sublinha o presidente executivo da AIS, Thomas Heine-Geldern, ao longo de todo o tempo de cativeiro, “milhares de benfeitores rezaram em todo o mundo pela libertação do Padre Pier Luigi Maccalli”. O secretariado italiano, por exemplo, destacou-nos pelas iniciativas que foram sendo realizadas de mobilização da sociedade em favor da sua libertação, e “para que este grande missionário não fosse esquecido no seu país natal”, disse ainda Heine-Geldern.

A notícia da libertação do Padre Pier Luigi foi uma completa surpresa. Os únicos dados disponíveis se referiam a uma eventual libertação, sim, mas apenas da trabalhadora humanitária francesa, Sophie Petronin.

Aliás, o simples rumor de que Petronin poderia estar a caminho de casa ao fim de quase quatro anos de cativeiro, criou de imediato a expectativa sobre um possível desenlace positivo também para o caso da irmã Franciscana Gloria Narvaez Argoti, sequestrada igualmente por grupos jihadistas no Mali há três anos e oito meses.

De fato, Sophie Petronin e a Irmã Gloria Narvaez Argoti partilharam juntas a experiência de cativeiro às mãos de um dos grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda, um grupo que tenta transformar esta região de África num autêntico campo de batalha.

Os sequestros da irmã colombiana, que dedicou os últimos 12 anos da sua vida à missão em África — além do Mali, ela já esteve também no Benim —, assim como do padre italiano Pier Luigi Maccalli, foram apresentados entre as várias histórias da Campanha da Quaresma deste ano da Fundação AIS. Ambos foram retratados como exemplo de mártires e heróis por amor que a Igreja tem oferecido ao mundo nestes últimos anos.

No último Relatório sobre a Liberdade Religiosa, publicado pela Fundação AIS e avaliando o período compreendido entre junho de 2016 e Junho de 2018, refere-se que a situação de segurança no Mali “permaneceu muito instável” e que “vários grupos terroristas islâmicos, como por exemplo o autoproclamado Estado Islâmico ou a Al-Qaeda no Magrebe (AQIM), fizeram valer a sua influência neste país”.

O documento ressalta que “a frágil situação de segurança” que se vive neste país “causa problemas às minorias religiosas, que, devido aos seus reduzidos números, estão nalguns aspectos entre os grupos mais vulneráveis na sociedade”.

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